Notícias

Casos de esquizofrenia poderiam ser evitados se fosse possível prevenir infecção por parasita, diz estudo Schizophrenia cases could be avoided if it were possible to avoid parasite infection, says

Proliferação do parasita, que também está relacionado a outros transtornos mentais, é mais comum em países tropicaisParasite proliferation, which is also linked to other mental disorders, is more common in the tropical countries

06/01/2015

Cerca

Cerca de um quinto dos casos de esquizofrenia entre os norte-americanos pode envolver o Toxoplasma gondii. Nos países mais pobres, esse índice tende a ser ainda maior

Cerca de 30% da população mundial está infectada com um dos parasitas que mais intriga a ciência, o Toxoplasma gondii. Apesar de inofensivo para a maioria das pessoas saudáveis, pesquisas científicas comprovaram que o protozoário é capaz de alterar o comportamento de seres humanos e animais, além de possível ligação com a esquizofrenia. Recentemente, um estudo produzido nos Estados Unidos foi além, sugerindo que cerca de um quinto dos casos de esquizofrenia entre os norte-americanos pode envolver o parasita. Nos países mais pobres, esse índice tende a ser ainda maior.

O estudo, publicado na revista Preventive Veterinary Medicine, foi conduzido pelo médico veterinário e professor Gary Smith, na Seção de Epidemiologia e Saúde Pública da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia. Smith elaborou um cálculo que mede o quão importante é o fator de risco à infecção, que aumenta com a idade.

“Há cada vez mais evidências por meio de estudos de que pessoas infectadas por Toxoplasma têm um risco aumentado para esquizofrenia”, explica o pesquisador. A partir desse pressuposto, o desafio foi descobrir qual a proporção de casos do transtorno mental poderia ser evitada se fosse possível para prevenir a infecção humana com o parasita.

Pelos cálculos feitos em um programa de computador, esse índice seria de 21,4% para países como os Estados Unidos e os da Europa Ocidental, em que a incidência de infecção pelo T. gondii não varia com a idade. “O resultado, no entanto, seria diferente para muitos países da América do Sul, porque a não incidência de infecção é claramente maior nos grupos etários mais jovens, especialmente entre os mais pobres”, disse.

Só no Brasil – País que tem o maior índice mundial de infectados (66,7%), cerca de 126 milhões de pessoas são hospedeiras do parasita. A proliferação deste, aliás, é mais comum nos países de clima tropical, principalmente nas nações mais pobres, onde há grandes concentrações urbanas e sem saneamento básico.

O mal é transmitido tanto pela ingestão de carne crua e terra contaminada quanto por meio do contato direto com secreções e fezes de gato. Também pode ser repassada ao feto durante a gravidez através da placenta – sendo recomendado, inclusive, que mulheres grávidas evitem contatos com gatos durante o período de gestação. Apesar de ser uma infecção comum tanto em pessoas quanto em animais, o Toxoplasma afeta especialmente os gatos – únicos seres onde o parasita consegue se reproduzir.

Suicídio

Pesquisas feitas em diversos países têm demonstrado como o T. gondii pode estar relacionado a problemas neurológicos, como a depressão, principalmente em pessoas do sexo feminino. Segundo reportagem da revista Scientific American, um desses estudos, desenvolvido no Instituto de Pesquisas Médicas Stanley, em Maryland (EUA), concluiu que mulheres infectadas com quantidades altas de Toxoplasma apresentavam maior tendência a ter filhos esquizofrênicos.

Outro trabalho, produzido por cientistas dinamarqueses obteve um resultado ainda mais alarmante. Segundo a pesquisa, as mulheres que tinham infecções do parasita apresentaram tendência 54% maior de tentarem o suicídio. Em geral, as tentativas eram violentas, utilizando armas brancas e de fogo. Entre aquelas sem histórico de doenças mentais, o índice também foi alto: 56% tinham mais chances de cometerem atentado contra a própria vida.

A preocupação quanto os efeitos do protozoário no organismo são também evidentes em ratos. De acordo com pesquisas, o parasita pode alterar o comportamento desses animais, fazendo-os, por exemplo, perder o medo do cheiro de gatos – alguns chegam até mesmo a sentir atração sexual com o odor. Além disso, pesquisadores descobriram que ratos infectados conseguem recuperar o comportamento normal tanto com remédios antiparasitários quanto com antipsicóticos.

Já se descobriu que a infecção aumenta os níveis do neurotransmissor conhecido como dopamina, que é um dos fatores da esquizofrenia quando em altas doses. Isso porque o Toxoplasma possui um gene que codifica uma enzima fundamental para a produção de dopamina, sendo este o método de influência sobre o cérebro de seres humanos e animais. Os cientistas, agora, tentam entender de forma clara como o parasita se comporta no cérebro.

src=https://sbmt.org.br/wp-content/uploads/2015/01/smit9013.jpg

Around 20% of the schizophrenia cases among North-Americans could involve Toxoplasma gondii. In the poorest countries, this rate tends to be even higher

About 30% of the world’s population is infected by one of the most intriguing parasites known to scientists, the Toxoplasma gondii. Despite harmless for most of the healthy people, scientific researches have proven the protozoa is capable of changing the behavior of human beings and animals, besides a possible link to schizophrenia. Recently, an American study suggested that 20% of the schizophrenia cases among North-Americans could involve the parasite. In the poorest countries, this rate tends to be even higher.

The study, published on the Preventive Veterinary Medicine journal, was conducted by the veterinary doctor and professor Gary Smith, under the Epidemiology and Public Health topic from the Veterinary Medicine School of the Pennsylvania University. Smith managed to compute how important is the risk factor for the infection, which raises along with age.

“There are each time more evidences from studies that people infected by the Toxoplasma have an increased risk for schizophrenia”, explains the researcher. From this assumption, the challenge was to find out the proportion of mental disorders that could be avoided if the human infection by the parasite could be prevented.

From the calculations made by a computer software, this index would be fo 21.4% for countries as the USA and western Europe, where the incidence of T. gondii infections do not change along with age. “The result, however, would be different in many South American countries, since the non-incidence of the infection is clearly higher in the younger groups, especially among the poorest”, he said.

Brazil alone – the country with the largest infection rate in the world (66.7%), around 126 million people are hosts to the parasite. Its proliferation, by the way, is more common in tropical weather countries, especially in the poorest nations, where are great urban concentrations and no sanitation.

The disease is transmitted both by the ingestion of raw meat and infected land as through direct contact with cat secretion and feces. It could also be transmitted from mother to child through the placenta – it is recommended that pregnant women avoid contact with cats during the whole pregnancy. Despite being a common infection for humans and for animals, the Toxoplasma affects especially cats, the only beings where the parasite can reproduce.

Suicide

Researches conducted in several countries have demonstrated how the T. gondii can be linked to neurological issues, as depression, especially among females. According to the article published on the Scientific American, one of these studies, conducted in the Stanley Medical Researches Institute, in Maryland, demonstrated that women infected with great amounts of Toxoplasma had a greater risk of having schizophrenic children.

Another paper, by Danish scientists had an even more alarming result. According to the research, women infected by the parasite were 54% more likely to attempt suicide. Generally, the attempts were violent, using cold and fire weapons. Among those with no history of mental illnesses, the index was also very high: 56% were more likely to attempt suicide.

The concern about the effects of this protozoa in the human body are also evident among mice. According to researches, the parasite can shift the behavior of these animals, making them for example, cease to be afraid of the smell of cats – some were even sexually attracted by the odor. Besides this, researchers found out that infected rats were able to recover the usual behavior using both anti-parasite and anti-psychotic drugs.

It has already been demonstrated that the infection increases the neurotransmitter known as dopamine levels, which is one of the factors for schizophrenia when found in high levels. This happens because the Toxoplasma has a gene that encodes a fundamental enzyme for the production of dopamine, and this is how they influence animal and human’s brains. Scientists, now, are trying to understand clearly how the parasite behaves in the brain.