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Combate a esquistossomose é nova meta da OMS

10/06/2012
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O Brasil sugeriu a elaboração de uma resolução
dedicada ao conjunto das doenças negligenciadas,
a ser submetida em 2013, durante a próxima
Assembleia Mundial da Saúde

Crédito da foto: Portal Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, recentemente, na Assembleia Mundial da Saúde, realizada em Genebra, na Suíça, a resolução que determina o desenvolvimento de ações para a eliminação da esquistossomose, doença que atinge 200 milhões de pessoas no mundo. O documento prevê a promoção do acesso às drogas essenciais para o tratamento do problema, além da mobilização de recursos para sustentar as atividades de controle, saneamento básico e educação em saúde.

Atualmente, no Brasil, cerca de 500 pessoas morrem por causa da esquistossomose e mil são internadas com a forma grave da doença. A coordenadora do Programa de Hanseníase e doenças em eliminação do Ministério da Saúde, Rosa Castalia Soares, garante que o país já pode comemorar os avanços obtidos. “Se a gente fizer uma análise de 2000 a 2009, por exemplo, nós tivemos uma redução da taxa de mortalidade da ordem de 34%, ou seja, nessa década 34% das mortes foram evitadas. E por outro lado tivemos uma taxa de internação reduzida assim de uma maneira muito mais drástica, que foi da ordem 75% nessa década, ou seja, 75% das pessoas poderiam ser internadas e essas internações foram evitadas. Por quê? Porque elas foram tratadas precocemente e não evoluíram para a forma grave da doença”, revela a coordenadora.

Segundo o Ministério da Saúde, no ano de 2011, a vigilância da esquistossomose recebeu reforço financeiro de R$ 3,2 milhões – repassados aos municípios brasileiros. Para o presidente da Confederação Nacional dos Municipios (CNM), Paulo Ziulkoski, se a ação já era importante, agora, se tornou prioritária. “Caberá ao governo federal auxiliar de forma mais precisa os municípios brasileiros para que os objetivos traçados pela OMS sejam alcançados”, pondera.

Na avaliação do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a resolução é de grande relevância. É essencial que as metas internacionais de saúde estejam alinhadas, sempre que possível, com os objetivos do Brasil. A esquistossomose está presente em 19 estados brasileiros, e é endêmica em nove. Essa é uma realidade que já estamos enfrentando, e a priorização pela OMS vem para fortalecer ainda mais nossos esforços, declara.

No Brasil, as estratégias de vigilância e controle da esquistossomose buscam reduzir a ocorrência de formas graves e óbitos e da prevalência da infecção, além de indicar medidas para reduzir o risco de expansão da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, são desenvolvidas várias ações preventivas, como o diagnóstico precoce e tratamento, vigilância e controle dos hospedeiros intermediários, ações de educação em saúde e intervenções em saneamento.

Em julho de 2012, o Ministério da Saúde promete lançar o “Plano Integrado de Eliminação da Hanseníase como Problema de Saúde Pública e enfrentamento das Doenças em Eliminação 2011-2015”, que vai promover ações voltadas também para o combate à esquistossomose e geohelmintíases no país, por meio do tratamento coletivo de comunidades em áreas de risco.

A esquistossomose
A esquistossomose é a forma mais grave de parasitose, levando várias pessoas à morte, anualmente. A contaminação ocorre por meio da água. Os ovos, eliminados pela urina e fezes das pessoas contaminadas, evoluem para larvas na água e estas se alojam e desenvolvem em caramujos. Posteriormente, esses liberam a larva adulta, que ao permanecer na água contamina o homem, iniciando um novo ciclo. A liberação de ovos pelo indivíduo pode permanecer por muitos anos.

Os ovos podem ser encontrados em exame de fezes. O hemograma também pode auxiliar na identificação da doença, pois se a pessoa estiver contaminada, poderá apresentar leucopenia, anemia e plaquetopenia.

Sintomas
Os principais sintomas são vermelhidão, reação de sensibilidade com urticária, mal estar, dores de cabeça, fraqueza, dor abdominal, diarreia sanguinolenta, falta de ar, tosse com sangue e hepatopatias.

Doenças negligenciadas
Durante o evento, o Brasil sugeriu a elaboração de uma resolução dedicada ao conjunto das doenças negligenciadas, a ser submetida em 2013, durante a próxima Assembleia Mundial da Saúde. A posição do Brasil é de que, integradas, as metas estabelecidas para as várias doenças serão atingidas com mais eficiência e efetividade.

O objetivo é dar destaque a essas doenças que recebem pouco financiamento e investimentos por parte da indústria de medicamentos e de outras tecnologias, devido à baixa rentabilidade de seus produtos. Cita-se como exemplo, a própria esquistossomose, doença de Chagas, dengue, malária, entre outras.