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Esquistossomose é preocupante no litoral de Pernambuco

Doença será um dos temas do Medtrop 2018, congresso que a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical realiza no Recife, de 2 a 5 de setembro, com especialistas de todo o País e convidados internacionais

28/08/2018

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A permanência da esquistossomose no litoral de Pernambuco, o Estado com mais óbitos do Brasil decorridos da doença, será debatida em mesa-redonda no congresso MedTrop 2018, a ser realizado de 2 a 5 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Contribuem para este quadro lamentável o ambiente insalubre e a ausência de saneamento, propícios à transmissão e infecção pelo parasita Schistosoma mansoni.

Em praias como as de Porto de Galinhas e Serrambi, em Ipojuca, e em Itamaracá permanece o risco de os turistas e moradores serem contaminados pelo parasita, que encontra ambientes insalubres por causa dos esgotos lançados nos rios.

Na palestra a ser proferida no Medtrop, será apresentado um mapeamento dos 44 municípios localizados na Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e no Agreste pernambucano em 2016. O presente estudo identificou 72 localidades problemáticas, em que foram encontrados 26 reservatórios, 32 criadouros dos moluscos vetores e 10 focos de transmissão da esquistossomose.

Ao lado de outros especialistas do Distrito Federal e de Belém,  a doutora em Saúde Pública, Constança Barbosa, pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco participa da mesa “Esquistossomose: Ambientes Vulneráveis, Saneamento e Carga Epidemiologica da Doença” no Congresso Medtrop. 

“Vamos focar no ambiente propício para a transmissão desta doença negligenciada, por causa da falta de saneamento. Afinal ele continua na pauta do dia como a única estratégia viável para barrar a contaminação fecal do meio ambiente eliminando, não só a esquistossomose, mas também outras doenças de veiculação hídrica”, disse Barbosa

 

DADOS – Existem 200 milhões de pessoas com o parasita Schistosoma mansoni no mundo. No Brasil, as estatísticas são de quase 20 mil por ano, e se concentra no Nordeste, com 18994 casos em 2016, segundo o Ministério da Saúde. Em Pernambuco, são 280 casos de óbitos por ano no Estado, segundo a doutora em Saúde Pública Constança Barbosa. “Outras regiões turísticas do Brasil são afetadas, como as regiões metropolitanas de Belo Horizonte (Minas Gerais) e de Aracaju (Sergipe). No Recife, os surtos acontecem na área rural e litorânea”, explica Constança, também embaixadora do Instituto Trata Brasil (ITB).

De acordo com o site do Instituto Trata Brasil, que também participa do Congresso MedTrop, a média das 100 maiores cidades brasileiras com tratamento dos esgotos foi de 50,26%. Sendo que mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades do País, despejam esgoto irregularmente, mesmo com as localidades possuindo redes coletoras. Em Pernambuco, com relação aos municípios com água (77,26), o índice de atendimento total de esgoto é de 27,03, e com tratamento de esgoto, 30,23, segundo dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.

 

ESQUISTOSSOMOSE – O início do ciclo da doença começa quando a larva penetra no homem e passa a circular por todo o corpo, indo se alojar no fígado. É lá que ela evolui para a fase adulta e inicia o despejo de ovos. Parte desses ovos, ao sair do corpo por meio das fezes, pode ser lançada nas águas doces (rios, lagoas, etc..), reiniciando o perigoso ciclo. “A larva que sai do ovo vai penetrar em um caramujo transmissor, para daí se desenvolver num segundo estágio larval, chamado cercari. Após 40 dias, os caramujos começam a eliminar estas cercarias nas águas contaminadas, que voltam a infectar as pessoas quando elas entram em contato com esta águas”, explica Constança.

A prevenção consiste em barrar a contaminação fecal dos ambientes aquáticos, através da implementação de obras de saneamento básico e ambiental e conscientização das populações,  para evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários infectados. Como ainda não há vacina contra a esquistossomose, o tratamento para os casos simples é domiciliar. Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e tratamento cirúrgico.

 

SERVIÇO:

 

Congresso MedTrop 2018. De 2 a 5 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Confira a programação completa, saiba mais informações e inscreva-se pelo www.medtrop2018.com.br

 

Informações para a imprensa:

Mia Comunicação

Janaína Lima / janaina@miacomunicacao.com.br / F.: 99147-9143

Daniela Almeida / dani.imprensa@gmail.com / F.: 98547-3439

 

Dia 3 de setembro

Esquistossomose: Ambientes Vulneráveis, Saneamento e Carga Epidemiologica da Doença 

Coordenação: Naftale Katz (Fiocruz)

Avaliação Econômica da Esquistossomose: Anos de Vida e Custo da Doença no Brasil –

Gilmara Nascimento (SES/DF)

Persistência da Esquistossomose em Localidades Turísticas de Pernambuco –

Constança Simões Barbosa (Fiocruz)

Mapeamento da Esquistossomose em áreas insalubres

Ricardo Guimaraes (IEC)

O Impacto da Ausência do Saneamento na Transmissão de Doenças de Veiculação Hídrica

Edison Carlos (ITB)

 

Dia 4 de setembro

Relações saneamento e saúde: direitos humanos e desafios científicos

Coordenação: Edison Carlos (Instituto Trata Brasil)

Aspectos interdisciplinares nas relações saneamento e saúde

Leandro Giatti (USP)

Falta de saneamento e os impactos ao ambiente – O Papel do Ministério Público de Meio Ambiente

Luiz Fernando Barreto (ABRAMPA)

Direitos humanos como marco teórico e analítico

Leo Heller (Fiocruz)

Impacto do Programa de Cisternas (P1MC) nas doenças diarreicas agudas no Nordeste Brasileiro

Ana Brito (Fiocruz)