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Febre do Nilo: Brasil não tem indicação de vírus que causa epidemia nos EUANile Fever: Brazil has no indication of the vir

13/09/2012

Febre

Esse ano a ocorrência da febre do Nilo teve aspecto diferente e um arranjo de vários fatores favorece a transmissão: temperaturas altas e chuvas criam condições melhores para que os vetores se adaptem

Um total de 1.590 casos de vírus da febre do Nilo ocidental, incluindo 66 mortes, foi relatado ao longo deste ano nos Estados Unidos. O maior número de vítimas humanas divulgado desde 1999, ano em que a doença transmitida por mosquito foi detectada no país, segundo informação divulgada pela agência de notícias Reuters.

“Na verdade a febre do Nilo, desde 1999, primeira vez que foi identificada nos EUA, passou a ser uma doença de ocorrência esperada. Uma doença que todos os anos é registrada, não nessa forma epidêmica como está esse ano, mas um vírus que encontrou nos EUA um espaço viável para sua manifestação e manutenção”, comenta o responsável técnico de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde (MS), Alessandro Romano, ao esclarecer que o ciclo foi estabelecido – tem hospedeiros, reservatórios e vetores. Assim como a dengue no Brasil.

Mas o técnico do MS explica que esse ano a ocorrência da febre do Nilo teve aspecto diferente. Ele defende que o problema é um arranjo de vários fatores que favorece a transmissão: temperaturas altas e chuvas criam condições melhores para que os vetores se adaptem. “Então eles aumentam muito, o número de vetores é muito maior (favorecido pelos aspectos ambientais e temperatura), ampliando o potencial de transmissão”, avalia o especialista ao destacar que os mosquitos têm a capacidade de transmitir o vírus a sua prole.

A epidemia da infecção, que pode provocar encefalite e até matar, já chegou a 48 dos 50 estados americanos, com cerca de metade dos casos concentrados no Texas. O vírus a essa altura é endêmico em todos os Estados Unidos. Só o Alasca e o Havaí foram poupados. “No Brasil, não há nenhum caso de doença humana ou animal por febre do Nilo Ocidental registrado”, assegura Alessandro Romano.

Entre 99 e 2003, quando ocorreu o alastramento da doença, houve uma preocupação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que os países das Américas do Sul e Central se preparassem para uma possível epidemia, conforme nos conta o especialista em Arboviroses. “Para países que não têm registro de circulação do vírus, uma das estratégias de vigilância que são estabelecidas, na perspectiva de detectar brevemente o vírus em seus territórios, é o monitoramento da mortandade de aves e equídeos”, revela. Segundo ele, quando ocorre essa epizotíase há uma investigação e onde se pesquisa a possível causa pelo vírus da febre do Nilo ocidental.

“Há estratégias de vigilância também para casos humanos que apresentem sintomatologia neurológica, compatível com uma doença viral não conhecida no Brasil. Feito o registro é pesquisada a possível causa pelo vírus da febre do Nilo”, observa Romano. Com sintomas parecidos com a dengue, a diferença é que a febre do Nilo atinge o sistema nervoso central.

O técnico em Arboviroses do MS ressalta que os sintomas da doença transmitida por mosquitos do gênero Culex, pertencente à família dos flavivírus, variam bastante e podem nem mesmo se manifestar. Nesse verão, porém, 56% das infecções culminaram em doenças neuroinvasivas, como meningite e encefalite. “À medida que o vírus se adapta ao hospedeiro, a tendência é aumentar a gravidade. Ele pode, por exemplo, desenvolver mutações”, afirma.

Para Romano, esse processo é de muito tempo e realça que o ser humano ocupa espaços onde os mosquitos, os mamíferos e animais silvestres estavam estabelecidos harmoniosamente. “A medida que a invadimos essas áreas começamos a compartilhar lugar com esses microorganismos. Assim, os mosquitos sentem a necessidade de se adaptar ao nosso meio”, assinala ao garantir que umas espécies, como a dengue e a febre amarela, conseguem êxito enquanto outras acabam não se adaptando bem. Ao alertar que o mosquito transmissor da febre do Nilo tem uma atividade maior no fim da tarde e começo da noite, o especialista defende o uso de roupas que possam cobrir braços e pernas, além do repelente.

Histórico da febre do Nilo
Isolado pela primeira vez na África, em 1937, o vírus da febre do Nilo ocidental ficou restrito ali, e em alguns países da Europa e Ásia, durante muito tempo.

Foi em 1999, o primeiro caso registrado no continente americano, nos EUA. “De lá para cá, entre 99 e 2003, a febre do Nilo se alastrou bastante nos EUA, de leste a oeste”, lembra Romano ao dizer que foi daí que surgiu a preocupação mundial da extensão desse vírus para as Américas Central e do Sul.

O especialista realça que o trânsito de pessoas pode favorecer a transmissão de muitas arboviroses – quando o homem se configura como a fonte de infecção, por exemplo, dengue e febre amarela. “O homem uma vez infectado pode infectar novos mosquitos. Mas, no caso da febre do Nilo nem tanto, pois ela precisa de uma ave que se estabeleça como reservatório”, salienta o técnico do MS. Ou seja, uma ave que adquirir o vírus, vai multiplicá-lo no seu organismo e vai manter essa multiplicação a ponto de infectar novos mosquitos.

Febre

This year the occurrence of Nile fever has had a different aspect and the combination of several factors has promoted the transmission: high temperatures and rainfall create better conditions for vectors to adapt

A total of 1,590 cases of West Nile virus (WNV), including 66 deaths, have been reported this year in the United States. This is the largest number of human casualties reported since 1999, the year in which the mosquito-borne disease was detected in the country, according to information released by Reuters news agency.

“Actually, Nile virus, has since 1999 (the first year it was identified in the U.S.) become an expected disease occurrence. A disease that is recorded each year, not in an epidemic form like this year, but a virus that has found a viable space in the U.S for its manifestation and maintenance”, says technical manager of Surveillance of Arboviruses of the Ministry of Health (MoH), Alessandro Romano. He says the disease cycle has been established: it has hosts, vectors and reservoirs, like dengue in Brazil.

But he explains that this year the occurrence of WNV has had a different aspect. The problem is a combination of several factors that favor transmission: high temperatures and rainfall create ideal conditions for the vectors to adapt. “So they increase a lot, the number of vectors is much larger, increasing the potential for transmission”, says the expert, who notes that the mosquitoes can transmit the virus to their offspring.

The epidemic of the infection, which can cause encephalitis and even kill, has reached 48 of the 50 U.S. states, with about half of the cases in Texas. The virus at this point is endemic in the whole United States. Only Alaska and Hawaii have been spared. “In Brazil, there is no recorded case of human or animal WNV”, says Romano.

Between 1999 and 2003, when the disease spread, the Pan American Health Organization (PAHO) and the World Health Organization (WHO) were concerned that the countries of Central and South America might face a possible epidemic, according to Romano. “For countries with no record of virus circulation, one of the established surveillance strategies to quickly detect the virus is monitoring the mortality of birds and horses” he reveals. According to him, when this occurs there is an investigation into whether West Nile virus is the cause.

“There are also surveillance strategies for human cases where there are neurological symptoms consistent with a viral disease that is unknown in Brazil. Once registered, research is carried out to see whether the cause is WNV”, says Romano. Its symptoms are similar to dengue, but WNV affects the central nervous system.

Romano states that the symptoms of the disease transmitted by mosquitoes of the genus Culex, which belongs to the flaviviruses family, vary widely and may not even manifest. This summer, however, 56% of infections culminated in neuroinvasive diseases, such as meningitis and encephalitis. “As the virus adapts to the host, the tendency is for the severity to increase. “It can, for example, develop mutations”, he says.

Romano believes this process is a long one and stresses that human beings occupy spaces where mosquitoes, mammals and wild animals are harmoniously established. “As we invade areas we begin to share these places with these microorganisms. Thus, mosquitoes feel the need to adapt to our environment”. Some species, such as dengue and yellow fever, can succeed while others do not adapt well. Because the mosquito has greater activity in the late afternoon and early evening, he advocates the use of clothing to cover arms and legs, in addition to repellent.

History of Nile virus
First isolated in Africa in 1937, WNV was confined to the continent and to Europe and Asia, for a long time.

In 1999, the first American case was recorded, in the USA. “Since then, between 1999 and 2003, it has spread a lot in the U.S., from east to west”, says Romano, who says that this was the moment when the world became concerned about the spread of the virus to Central and South America.

The expert points out that the movement of people may encourage the transmission of many arboviruses, when man is the source of infection, as in dengue and yellow fever. “Once infected, a human can infect new mosquitoes. But this is not really the case for WNV, because it requires a bird to become a reservoir”, says Romano. That is, the virus will multiply in the body of a bird and this multiplication will reach a point where it infects new mosquitoes.