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Capacitação e fiscalização são essenciais para reduzir acidentes com motociclistas nos TrópicosTraining and supervision ar

13/03/2013

Acidentes

A circulação das motos em corredores, entre dois veículos, aliada a imperícia e imprudência são a combinação perfeita para a ocorrência de acidentes

Em três anos, o custo para o Sistema Único de Saúde (SUS) de internações por acidentes com motos mais do que dobrou. A informação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) ressalta a importância de se tomar medidas preventivas e fazer valer antigas regras, entre elas, a qualificação para exercer a profissão de motoboy exigida pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que passou a valer, em todo o território nacional, desde o último dia 28 de fevereiro.

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em trânsito, Artur Carlos de Morais, a circulação das motos em corredores, entre dois veículos, aliada a imperícia e imprudência são a combinação perfeita para a ocorrência de acidentes. “Por ser um veículo ágil e de dimensões laterais reduzidas, se comparada a outros veículos motorizados, os condutores por vezes fazem manobras no trânsito – como ultrapassar pela direita – inesperadas pelos demais condutores na via”, observa.

O especialista acredita que a maneira como o condutor de moto é formado e avaliado para receber sua habilitação não o prepara para o trânsito. “Logo após habilitados, eles já estão em situação de circulação, e o comportamento de alguns motoristas de outros veículos acaba colocando em risco esses condutores principiantes”, avalia.

Morais ressalta ainda que em locais onde não há fiscalização – a exemplo de muitas cidades pequenas – até mesmo o uso do capacete é descartado. Ele admite que o trânsito é perigoso em todas as regiões do País, entretanto, reconhece que é pior onde a fiscalização com relação à obrigatoriedade do uso do capacete e da habilitação é amplamente negligenciada pelo poder público. “Este fato pode ser evidenciado em quase todo interior do Brasil”, lamenta.

Capacitar é fundamental
“Formação adequada do condutor é a primeira atitude a ser encarada pelas autoridades e pelos usuários da moto”, defende o especialista ao sugerir que o processo de formação e avaliação do condutor se dê em duas etapas: uma em simuladores virtuais e outra em situação real de trânsito. “O comportamento, tanto do condutor da moto quanto dos outros veículos, deve mudar. Para isso é necessário trabalhar com educação e fiscalização intensiva e extensiva”, ressalta ao afirmar que o motociclista tem que se conscientizar que ele é um elo fraco no trânsito.

Trânsito perigoso
“O trânsito no Brasil não é seguro, portanto a moto também não é segura”, pondera o especialista ao declarar que esse meio de transporte deixará de ser perigoso quando o trânsito no País melhorar. O especialista esclarece que o veículo é apenas um item que contribui para a segurança. “Precisamos ainda de infraestrutura viária decente, sinalização adequada, legislação coerente, educação, fiscalização, urbanidade, respeito, formação etc”, enumera ao refletir que nada disso é pleno no Brasil. Para ele a moto está inserida em um conjunto de erros, omissões e desconhecimentos técnicos – o que a torna ainda mais insegura.

De acordo com o professor da UnB, a situação piora quando a via está molhada. “A chuva potencializa os riscos no trânsito”, adverte ao salientar que em dias chuvosos só é prudente o uso de motocicleta por aqueles que possuem habilidade no tráfego e cumprem as normas de segurança. “É preciso reduzir a velocidade, não andar nos corredores, utilizar acessórios que o deixe visível e ficar longe de outros veículos”, enfatiza ao advertir: “caso contrário é melhor ir de ônibus”.

Pernambuco dá exemplo
O governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, instituiu o Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto, por meio do decreto n° 36.568, publicado no Diário Oficial do dia 28/05/2012. O objetivo é fazer uma nova frente de trabalho para combater os altos índices de acidentes com esse tipo de transporte, que ocasionam vítimas fatais, incapacidades, sequelas psicológicas e impacto econômico, principalmente no sistema de saúde pública. O Comitê tem a responsabilidade de traçar estratégias para minimizar o número de acidentes de moto no estado, tendo a Secretaria Estadual de Saúde (SES) como coordenadora.

Na opinião do especialista, a iniciativa pode ser um exemplo a ser seguido pelas outras Unidades da Federação. Para isso ele destaca a necessidade d se estruturar três pilares que julga essenciais: educação, fiscalização e engenharia.

Morais reafirma que para reduzir acidentes é preciso infraestrutura viária bem planejada, projetada, construída e conservada; sinalização adequada, bem como formação do cidadão para um trânsito seguro, observa. “Creio que desde as primeiras séries escolares a criança deveria ser informada e treinada a se comportar adequadamente no trânsito”, destaca.

Por fim, o especialista sugere a inclusão do tema no currículo escolar e argumenta que aquele cidadão que não se educou adequadamente para um trânsito seguro deve ter seu comportamento moldado pela punição.

Cidade do interior do Maranhão proíbe a fiscalização de motociclistas
Já a Câmara de Vereadores de uma cidade do interior do Maranhão aprovou uma lei que proíbe a polícia de fiscalizar os motociclistas. A justificativa do projeto é que muitos moradores dependem das motos para o sustento e que vivem em estado de extrema pobreza e de semianafalfabetismo.

Sem habilitação, sem capacete e com o filho atrás”, conta uma moradora.

O Ministério Público Federal quer que a lei seja a anulada porque considera que é inconstitucional.

Acidentes

The circulation of motorcycles in corridors (driving in the gap between two vehicles) coupled with inexperience and recklessness, is the perfect combination for accidents

In three years, the cost to the National Health System (SUS) of hospitalizations for motorcycle accidents has more than doubled. Information from the National Traffic Department (Denatran) highlights the importance of taking preventive measures and enforcing old rules, including the license to work as a motorcycle courier required by the National Traffic Council (Contran), which became effective nationwide last February 28.

Artur Carlos de Morais, Professor at the University of Brasilia (UNB) and an expert in transit, says the circulation of motorcycles in corridors (driving in the gap between two other vehicles) coupled with inexperience and recklessness is the perfect combination for accidents. “Because they are narrow and agile vehicles compared to other motorized vehicles, motorbike drivers maneuver unexpectedly in traffic, like overtaking on the right”, he observes.

He believes that the training and evaluation that motorcycle drivers go through to get their license does not prepare them for real traffic. “After they get their license, they are immediately on the road and the behavior of some other drivers endangers these novices”, he says.

Morais says that in places where there is no policing – as in many small towns – helmets are not even used. He says the traffic is dangerous in all regions of the country, but is worst when public authorities overlook the mandatory use of helmets and qualification. “This state of affairs can be witnessed in any part of the Brazilian countryside”, he laments.

Empowering is fundamental
“Proper training of drivers is the first attitude that authorities must tackle”, argues the expert. He suggests that this process be divided into two stages: the first stage in virtual simulators and the second in real traffic. “The behavior of drivers has to change. To achieve this requires intensive work with education and enforcement”, he says, while stating that drivers must be aware that they are the weakest link in traffic.

Dangerous traffic
“The traffic inBrazilis unsafe, so motorbikes are also unsafe”, he says. He says that this mode of transport will no longer be dangerous when traffic overall in the country improves. He says that the vehicle is just one element of safety. “We also need decent road infrastructure, proper signage, consistent law, manners, supervision, respect, training etc.” He thinks that none of these are currently to standard inBraziland that the motorbike is part of a series of errors, omissions and technical ignorance – which makes it even more unsafe.

According to the UnB professor, the situation deteriorates when the road is wet. “Rain increases the traffic hazard”, he warns. He says that on rainy days motorcycles should only be used by those who are skillful and who meet safety standards. “You need to slow down, not drive in corridors, use accessories that make you visible and stay away from other vehicles, otherwise it is better to take the bus”.

Pernambuco sets an example
The governor of the state of Pernambuco, Eduardo Campos, established the State Committee for Prevention of Motorcycle Accidents, through Decree No. 36,568, published in the Diário Oficial on 28/05/2012. The goal is to create a new project to tackle the high rates of motorbike accidents, which cause fatalities, disabilities, psychological side effects and has an economic impact, especially on the public health system. The Committee is responsible for devising strategies to minimize the number of motorcycle accidents in the State, with the State Department of Health (SES) as coordinator.

According to the expert, the initiative is an example for other States. He highlights the need to construct three pillars, which he deems essential: education, enforcement and engineering.

Morais says that in order to reduce accidents, there has to be well-planned, designed, constructed and maintained road infrastructure with adequate signage and training of citizens for safe traffic, he observes. “As soon as they start school, kids should be taught to behave properly in traffic”, he says.

Finally, he suggests including the topic in the school curriculum and that citizens who do not behave properly receive punishment.

Country town of Maranhão prohibits the enforcement of motorcyclists
The City Council of a small town in Maranhão State has just approved a law that prohibits the police from monitoring bikers. The justification is that many residents rely on motorbikes for a living and they live in extreme poverty and are semi-literate.

“No license, no helmet and with a child on the back”, says one resident.

The Federal Prosecutor wants the law to be annulled and considers it unconstitutional.