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Prêmio Jovem Pesquisador: Fator genético está associado à gravidade de complicação crônica cardíaca da doença de Chagas

Trabalho poderá colaborar no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas, caso os resultados posteriores sejam confirmados

13/11/2015
Prêmio-Jovem-Pesquisador

Pesquisa investigou se variações genéticas de MICA-129 estão associadas com a gravidade da DSVE observada em pacientes com CCC

A cardiopatia chagásica crônica (CCC) afeta pelo menos um terço dos pacientes com a doença de Chagas, sendo ainda a causa de mortalidade mais importante relacionada à enfermidade. Um dos motivos que talvez agrave o quadro entre as pessoas infectadas pode ser um fator genético denominado MICA-129. O tema foi abordado na pesquisa da doutoranda em Ciências da Saúde Christiane Maria Ayo e reconhecido com o quarto lugar no Prêmio Jovem Pesquisador 2015.

O trabalho investigou se variações genéticas de MICA-129 estão associadas com a gravidade da disfunção sistólica ventricular esquerda (DSVE) observada em pacientes com a doença cardiopatia chagásica crônica. “Esse é um estudo inédito. Não há na literatura trabalhos que investigaram a influência do polimorfismo MICA-129 com a gravidade da CCC”, afirmou a pesquisadora.

“A identificação de MICA como um gene candidato à suscetibilidade da gravidade da CCC traz implicações importantes para o prognóstico da doença”, acredita Christiane. De acordo com ela, se resultados posteriores forem confirmados, o trabalho poderá colaborar no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas. O intuito é utilizar esse polimorfismo como marcador imunogenético para a gravidade da disfunção sistólica em pacientes com a complicação crônica, especialmente nas áreas onde a doença de Chagas é endêmica – mais de 95% dos casos ocorrem nos estados do Pará e do Amapá.

Participaram da pesquisa 189 pacientes diagnosticados com CCC e atendidos pelo Ambulatório de Cardiomiopatia do Hospital de Base do município de São José do Rio Preto (SP). Levou-se em conta o volume de sangue bombeado pelo ventrículo esquerdo (fração de ejeção do ventrículo esquerdo ou FEVE) desses pacientes, obtido pelo exame de ecocardiograma. Além disso, foram coletadas amostras de sangue para extração do DNA genômico, sendo a verificação do polimorfismo MICA-129 feita por meio da técnica conhecida como PCR nested.

Os envolvidos no trabalho incluíram ainda duas alunas de doutorado – entre elas a autora, um médico cardiologista e três professores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. A seleção dos pacientes foi feita no período de 2011 a 2013, enquanto a técnica molecular e as análises dos resultados foram realizadas a partir do segundo semestre de 2014.