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9º Fórum Social: avanços e desafios no enfrentamento às DTN

Discussões focam em estratégias para combater enfermidades infecciosas e promover equidade na saúde

06/07/2024

Evento demonstra que, por meio da colaboração e da inovação, é possível avançar na luta contra essas doenças, protegendo as comunidades mais vulneráveis e promovendo o bem-estar de todos

O 9º Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas vai ser palco de intensos debates e colaboração entre especialistas em saúde pública, pesquisadores, profissionais de saúde e representantes de organizações governamentais e não governamentais. Realizado como um evento satélite do Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2024), ele vai acontecer nos dias 21 e 22 de setembro, em São Paulo. Reconhecido como um espaço para promover a conscientização e a ação contra doenças que historicamente não receberam a devida atenção, o Fórum tem como principal objetivo, promover e fortalecer o debate e as proposições de soluções para os desafios no combate às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN). O Dr. Alexandre Menezes, diretor Nacional, assinala que temas como Saúde Única; inclusão da pauta das DTN na Agenda de debates do G20; pesquisas, desenvolvimento e inovação em insumos; medicamentos e testes diagnósticos para DTN estão entre as prioridades da pauta.

Mesmo enfrentando desafios, o Fórum tem sido fundamental para a incidência política em questões-chave e no contexto atual do Sistema único de Saúde (SUS). Para o Dr. Menezes, o fato de estar se mantendo forte e aumentado sua capacidade de promover um debate de alto nível e uma forte incidência política para pautas relevantes na saúde pública é atribuído ao trabalho duro e contínuo de diferentes parceiros, com destaque às lideranças e representantes de organizações que atuam no enfrentamento à doenças infecciosas e negligenciadas, professores, pesquisadores, alunos de instituições de ensino e pesquisa ao redor do País; profissionais de saúde e organizações não governamentais que têm assumido o papel de manter o Fórum vivo e ativo. Ele reconhece ainda a parceria com a SBMT no MEDTROP, que tem favorecido a participação social no debate científico de alto nível em torno da Medicina Tropical no Brasil. Algo que, em sua opinião, é inovador, digno de nota, e um exemplo para outros eventos científicos.

Questionado sobre estratégias para promover acesso equitativo a tratamentos, o Dr. Menezes explica que a ideia é abordar pontos como: a participação das lideranças nos fóruns de decisão como CIEDDS e outros comitês estratégicos; a inclusão das DTN na pauta de prioridade do G20. “Também pretendemos discutir com diferentes setores do governo como estão sendo encaminhadas as pautas trazidas pelas diferentes cartas produzidas durante as oito edições do Fórum realizadas anteriormente. Além disso, queremos debater os caminhos para a manutenção do Fórum e fortalecimentos das lideranças, bem como a ampliação da participação destas nos debates científicos e técnicos durante o MEDTROP”, acrescenta.

Em Salvador, o Fórum mostrou novamente a sua importância na discussão de temas chave que afetam as pessoas acometidas por diferentes doenças negligenciadas. No atual contexto do SUS com a criação do Programa Brasil Saudável (CIEDDS) e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e de Inovação para o SUS, o Fórum se reafirma como espaço democrático e inclusivo capaz de influenciar políticas de saúde que geram impacto na redução do sofrimento de milhões de pessoas afetadas nas diferentes regiões do Brasil”, enfatiza.

Quanto à sensibilização da opinião pública e formuladores de políticas sobre a importância de priorizar o combate às doenças negligenciadas, O Dr. Menezes reforça que a realização do Fórum é de grande importância para fomentar o diálogo entre diferentes setores da sociedade e promover políticas públicas relevantes e com grande repercussão social. “Com foco em evidenciar as melhores práticas para a implementação de políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento para as DTN, as discussões realizadas sempre são abrangentes, inclusivas”, afirma ao lembrar que um dos pontos estratégicos sempre mencionados no Fórum é a necessidade de mais investimentos na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias para combater essas enfermidades.

Por fim, o Dr. Menezes observa que as DTN estão ligadas às desigualdades e que são necessárias ações integradas, não apenas medicamentos, mas também educação, saneamento básico e moradia adequada. “As doenças definidas como negligenciadas, na verdade podem ser consideradas como doenças de populações negligenciadas. Isto amplia os desafios para o controle ou eliminação. São doenças que estão associadas ao contexto das desigualdades e para que as ações de controle tragam resultados práticos e reais, são necessárias estratégias integradas entre diferentes setores dos poderes públicos. O desenvolvimento de novas abordagens de diagnósticos (exames), tratamentos (medicamentos) são essenciais. Mas é fundamental que outros fatores determinantes sejam tratados como prioridade, como o acesso à educação de qualidade, água potável e esgoto tratado, melhores condições de moradia”, conclui.

Neste momento crítico em que enfrentamos desafios globais de saúde, é fundamental reunir esforços para combater doenças que continuam a afetar populações vulneráveis. O Fórum oferece uma oportunidade para promover a equidade na saúde, a fim de buscar soluções sustentáveis, inclusivas e estabelecer parcerias estratégicas para fortalecer as ações de enfrentamento às doenças negligenciadas, de forma a impulsionar ações concretas e colaborativas que possam reduzir o impacto dessas enfermidades na sociedade brasileira.

Além do 9º Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, também estão programados o Workshop de Genética e Biologia Molecular de Insetos Vetores de Doenças Tropicais (Entomol10), XI Workshop Nacional da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose REDE-TB, a 39ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e a 27ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses (ChagasLeish 2024). O MEDTROP também conta com uma variedade de atividades, como cursos pré-congresso, mesas-redondas, mini-conferências, conferências, apresentações orais de temas livres e sessões de pôsteres.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**