Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas será realizado no primeiro dia do 53º MedTrop
Nesta nova edição em 2017, mais uma vez, contamos com a mobilização e participação de todos os que acreditam em um mundo cada vez melhor e menos desigual, sem doenças infecciosas e negligenciadas
11/07/2017Durante o 53º MedTrop (Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical), que será realizado em Cuiabá, Mato Grosso, dentro das atividades da XXXII REUNIÃO ANUAL DE PESQUISA APLICADA EM DOENÇA DE CHAGAS & XX REUNIÃO DE PESQUISA APLICADA EM LEISHMANIOSES, ocorrerá no dia 27 de agosto de 2017 o “Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas”, juntamente com o 2º Encontro Brasileiro de Movimentos Sociais de Luta Contra Doenças Negligenciadas. A temática definida para este ano foi: “Acesso à Saúde e Desenvolvimento Inclusivo”.
Em 2016, durante o 52º Medtrop, em Maceió, o Fórum produziu um documento referencial em um movimento em defesa do SUS e de fortalecimento do enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas: a Carta de Maceió. Este movimento foi constituído a partir da mobilização de pessoas afetadas, representantes de diferentes movimentos sociais, profissionais de saúde, pesquisadores de diferentes areas, organizações internacionais, dentre outros, o que possibilitou a organização do 1º Encontro Brasileiro de Movimentos Sociais de Luta Contra Doenças Negligenciadas, realizado durante o 52º Medtrop. No Encontro, foi criado um fórum para dar continuidade às discussões depois do Congresso e um manifesto expresso neste documento referencial em defesa do Sistema Único de Saúde.
Leia a carta na íntegra:
Carta de Maceió
“A defesa do SUS e o enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas”
Os Movimentos Sociais de pessoas afetadas pela doença de Chagas, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, as pessoas atingidas pela Leishmaniose, NHR Brasil (Netherlands Hanseniasis Relief – Brasil), DNDi (Drugs for Neglected Diseases initiative), UAEM Brasil (Universidades Aliadas para o Acesso a Medicamentos Essenciais – estudantes organizados), professores, pesquisadores, gestores e profissionais de saúde, reunidos na 31ª Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e 19ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses, inseridas no 52º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em Maceió manifestam:
Dentre os inúmeros desafios que existem na saúde pública Brasileira, as doenças negligenciadas assumem um papel prioritário e moral no avanço de uma sociedade. Doenças que já poderiam ter sido eliminadas, permanecem produzindo sofrimentos, sequelas e estigmas aos seus portadores e familiares, muito disso fruto de uma invisibilidade e preconceito institucional e político. Continua sendo um desafio a redução das vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas.
Essa realidade precisa ser encarada com muita determinação e talvez não fosse tão séria se o tripé promoção, proteção e recuperação da saúde fosse mais integrado. Além disso, nos municípios brasileiros existem problemas crônicos referentes aos determinantes sociais da saúde – em especial renda, educação, moradia e saneamento.
No intuito de aglutinar forças comprometidas com os avanços na política de saúde, os movimentos sociais de pessoas atingidas por essas doenças clamam a todos os comprometidos com a medicina tropical, e toda a sociedade, para não permitir que nenhum direito conquistado seja recuado e negado. Precisamos neste momento político defender as conquistas do SUS e lutar para que as demandas específicas sejam atendidas.
O compromisso com o Direito à Saúde se dá, principalmente, através de seu alinhamento ou não às medidas fiscais e econômicas que reduzem a capacidade da União, Estados e Municípios de garanti-lo, causando mortes, sofrimento e doenças. A valorização dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, combatendo a precarização e favorecendo a democratização das relações de trabalho, tendo como referência as condições do SUS para atendimento das necessidades da população, é um compromisso primordial, que deve ser assumido inclusive por candidatos e candidatas às eleições municipais de 2016.
É uma vergonha que em pleno século XXI pessoas com leishmanioses, doença de Chagas, hanseníase, tuberculose, filarioses, hepatites, verminoses entre tantas outras doenças infecciosas e negligenciadas ainda se percebam invisíveis na atenção básica e especializada do SUS, precisando de mais políticas concretas de busca ativa, acolhimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação.
Esses desafios nos levam a conclamar toda sociedade para:
- Defender o Sistema Único de Saúde (SUS) e o direito à saúde intensificando a mobilização em prol da Reforma Sanitária;
- Defender as políticas e os programas de vigilância e de controle das doenças negligenciadas;
- Lutar pela ampliação do orçamento para políticas públicas sociais, qualificando e ampliando a cobertura da rede de atenção primária e de média e alta complexidade;
- Comprometer recursos com pesquisas, especialmente para novos medicamentos sem patentes;
- Garantir o direito à atenção integral para melhoria da qualidade de vida das populações vulneráveis, bem como o acesso ao diagnóstico oportuno e tratamento das pessoas afetadas por doenças infecciosas;
- Promover educação, comunicação em saúde e empoderamento das pessoas atingidas pelas doenças infecciosas;
- Reconhecer o Fórum Social Brasileiro para enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, criado neste evento.
Maceió, 21 de agosto de 2016.…
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**