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IMAGENS EM DOENÇAS INFECCIOSAS: Apresentação oral de histoplasmose em paciente não imunocomprometido pelo HIV após transplante cardíaco: Primeiro relato de caso brasileiro

A histoplasmose é adquirida principalmente pela inalação de fungos e ocorre tanto em indivíduos imunocomprometidos como em imunocompetentes. A transmissão de humano para humano é rara e é relatada apenas em casos que envolvem transplante de órgãos

09/01/2023

Estruturas fúngicas do isolado foram obtidas a partir de microcultura em ágar fubá à temperatura ambiente. Micromorfologia mostra muitos macroconídios (seta preta). Observação por microscopia óptica com ampliação de 400x usando coloração cotton blue

Araújo MRB et al. – Histoplasmose disseminada em paciente transplantado cardíaco

Max Roberto Batista de Araújo[1], Louisy Sanches dos Santos[2] e Lincoln de Oliveira Sant’Anna[2]

[1]. Instituto Hermes Pardini, Núcleo Técnico Operacional, Microbiologia, Vespasiano, MG, Brasil.

[2]. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Autor correspondente: Max Roberto Batista de Araújo.

E-mail: max_barau@hotmail.com

Contribuição dos autores

LOS: Conceituação, Curadoria de dados, Análise formal, Redação original e Redação-revisão e edição; LSS: Conceituação, Curadoria de dados, Análise formal e Redação original; MRBA: Conceituação, Curadoria de dados, Análise formal, Investigação, Metodologia, Administração de projetos e redação-revisão e edição.

Conformidade com padrões éticos

Conflito de interesses

Os autores declaram que não têm conflito de interesses.

Aprovação ética

Como o estudo foi uma análise retrospectiva dos dados laboratoriais coletados e nenhuma investigação adicional foi realizada com a amostra apresentada, nenhuma aprovação ética foi aplicada.

Apoio Financeiro

As informações de financiamento não são aplicáveis. Nenhum financiamento foi recebido.

ORCID

Max Roberto Batista de Araújo: https://orcid.org/0000-0002-3293-8496

Louisy Sanches dos Santos: https://orcid.org/0000-0002-5303-6395

Lincoln Oliveira Sant’Anna: https://orcid.org/0000-0002-6933-8961

Recebido em 29 de setembro de 2022 – Aceito em 22 de novembro de 2022

Paciente brasileiro de 56 anos, portador de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2 acometido por cardiopatia isquêmica que levou ao transplante cardíaco. Ele foi submetido a uma angioplastia com colocação de stent e estava em uso de imunossupressores. Quatro meses depois, foi readmitido na unidade de terapia intensiva com úlcera oral, febre e cefaleia holocraniana. As biópsias das lesões orais (Figura 1) e transbrônquicas apresentaram inflamação granulomatosa (Figura 2).

Os exames laboratoriais tiveram resultado negativo para HIV, hepatite, tuberculose, toxoplasmose, citomegalovírus, Cryptococcus spp. e Paracoccidioides spp. Amostras de sangue e fragmentos orais foram coletadas simultaneamente com a aplicação do complexo lipídico anfotericina B para culturas fúngicas e apresentaram crescimento após aproximadamente 27 dias. A microcultura das colônias brancas sugeriu Histoplasma spp. (Figura 3), e o diagnóstico foi confirmado por testes de imunodifusão e espectrometria de massa por MALDI-TOF. O tratamento foi então modificado para itraconazol. O paciente apresentou melhora clínica e recebeu alta após 37 dias de internação.

A histoplasmose é adquirida principalmente pela inalação de fungos e ocorre tanto em indivíduos imunocomprometidos como em imunocompetentes. A transmissão de humano para humano é rara e é relatada apenas em casos que envolvem transplante de órgãos. Uma vez que o fungo tenha invadido o hospedeiro, ele escapa das defesas imunológicas, encontra um nicho para seu crescimento e reprodução e pode se espalhar ou desenvolver um estado latente dentro dos granulomas1. As manifestações orais na forma disseminada estão especialmente associadas à infecção pelo HIV2,3. Em conclusão, o envolvimento oral é extremamente raro em pacientes imunocompetentes ou não infectados pelo HIV, confirmando que o caso aqui relatado é raro.

Referências

  1. Mittal J, Ponce MG, Gendlina I, Nosanchuk JD. Histoplasma Capsulatum: Mechanisms for Pathogenesis. Curr Top Microbiol Immunol. 2019;422:157-91. Available from: https://doi.org/10.1007/82_2018_114
  2. Ferrisse TM, Rocha AFL, Miotto LN, Lança MLA, Massucato EMS, Bufalino A. Disseminated Histoplasmosis Infection in HIV-Negative Patients: Series Case and Literature Review. Curr Fungal Infect Rep. 2021;15:17-22. Available from: https://doi.org/10.1007/s12281-021-00414-w
  3. Kamboj M, Rathee R, Narwal A, Devi A, Gupta A, Sivakumar N. Primary Oral Histoplasmosis in Immunocompetent Host: Case Series with Review of Literature. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2021. Available from: https://doi.org/10.1007/s12070-021-02974-2

FIGURA 1: Biópsias de lesões orais e transbronquiais mostrando inflamação granulomatosa por infecção fúngica. (a) Imagem panorâmica da mucosa ulcerada infiltrada por um exsudato inflamatório misto (ampliação original scanner-1x: Aperio®). (b) Imagem panorâmica com foco na ulceração (ampliação original scanner-4x: Aperio®). (c) Detalhe da úlcera permeada por infiltrados inflamatórios mistos (ampliação original scanner-10x: Aperio®). (d) Células citoplasmáticas claras (seta preta) com pequenas estruturas fúngicas, principalmente na área subepitelial (ampliação scanner 10x Aperio®).

FIGURA 2: Coloração especial de Gomori-Grocott. (a) Estruturas fúngicas (seta preta) no citoplasma de células citoplasmáticas claras (scanner de ampliação 20x: Aperio®). (b) Estruturas fúngicas (seta preta) dentro do citoplasma de células citoplasmáticas claras (ampliação original scanner 40x: Aperio®)

FIGURA 3: Estruturas fúngicas do isolado foram obtidas a partir de microcultura em ágar fubá à temperatura ambiente. Micromorfologia mostra muitos macroconídios (seta preta). Observação por microscopia óptica com ampliação de 400x usando coloração cotton blue

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**