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MEDTROP 2024 se prepara para desembarcar em São Paulo

A 59ª edição do evento traz como lema “Medicina Tropical sob olhar de Saúde Única”

04/09/2023

MEDTROP 2024 reconhece a importância de adotar abordagens inovadoras e integrativas para garantir a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente

O próximo Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP) já tem data e local definidos. O evento será realizado na metrópole cosmopolita de São Paulo, entre os dias 22 e 25 de setembro, no Centro de Convenções Rebouças, e promete ser um marco no campo da Medicina Tropical e doenças infecciosas. A 59ª edição traz como lema “Medicina Tropical sob olhar de Saúde Única”.

De acordo com a presidente do MEDTROP 2024, Dra. Hiro Goto, Saúde Única é uma abordagem multissetorial, transdisciplinar, integrada e unificadora que visa a equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde de pessoas, animais e ecossistemas, ao passo que reconhece que a saúde dos seres humanos, dos animais, das plantas e do meio ambiente está intimamente ligada e interdependente, necessitando de uma abordagem em conjunto, visando a um desenvolvimento sustentável. “A Saúde Única representa um chamado à ação para superar as barreiras tradicionais entre a medicina humana, a medicina veterinária e a saúde ambiental. O nosso destino está intrinsecamente ligado ao equilíbrio dos ecossistemas que compartilhamos com outras formas de vida. As doenças não reconhecem fronteiras; portanto, nossa abordagem à saúde também não deve ser restrita por elas”, ressalta.

Dentro dessa perspectiva, o MEDTROP 2024 pretende explorar uma temática abrangente ao contemplar as infecções por vírus, bactérias, fungos, parasitos e outras questões como saúde do viajante em áreas endêmicas, bem como acidentes por animais peçonhentos e etc, sob o olhar de Saúde Única, considerando as questões ambientais e a participação de outras espécies animais. Desta forma, a interface com a ciência veterinária virá à tona. Zoonoses com estreita relação com a saúde humana e a resistência a antimicrobianos por uso não controlado de antibióticos em outras espécies terão destaque. Pesquisas transacionais para sustentar novas intervenções terapêuticas serão debatidas. Estratégias de controle, vigilância a doenças emergentes, predição de futuras epidemias e pandemias, desenvolvimento de novas tecnologias, de novos insumos, eficácia vacinal também serão amplamente debatidos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Dr. Júlio Croda, enfatiza que ao adotar uma perspectiva de Saúde Única, abrem-se portas para uma compreensão mais profunda das interações complexas entre os seres humanos, os animais e o meio ambiente. “Imagine um cenário em que, ao lidar com um surto de doença em uma comunidade, não apenas abordamos os sintomas em seres humanos, mas também investigamos a possível fonte do surto nos animais e nos ambientes compartilhados. Ao abraçarmos a Saúde Única, ganhamos uma nova perspectiva para identificar ameaças emergentes à saúde e implementar medidas de prevenção mais eficazes”, atenta. Ele reconhece que a colaboração entre médicos, veterinários, cientistas ambientais e outros profissionais se torna fundamental nesse contexto. “O compartilhamento de conhecimentos e a troca de informações, nos permite antecipar riscos, detectar doenças precocemente e implementar estratégias de mitigação mais abrangentes”, assinala o presidente da SBMT.

Após 29 anos, MEDTROP volta à cidade de São Paulo

Em 1995, o MEDTROP foi realizado na cidade de São Paulo e, após viajar pelo Brasil, sempre com grande repercussão e sucesso, em 2024, após 29 anos, volta à capital paulistana, onde, além da participação técnico-científica, os congressistas terão a oportunidade de usufruir de toda experiência cultural e gastronômica que a cidade pode proporcionar. “Conhecida por sua vitalidade cultural, científica e médica, São Paulo serve como pano de fundo inspirador para este congresso. Temos o privilégio de estar no coração de uma metrópole que respira inovação e pesquisa de ponta. Que essa energia contagiante nos motive a avançar com paixão e dedicação em nossas discussões. E que, ao olharmos para o futuro, cada um de nós possa abraçar a visão da Saúde Única em sua prática e pesquisa. Juntos, podemos fortalecer a nossa capacidade de enfrentar desafios emergentes, construir resiliência em comunidades vulneráveis e contribuir para a saúde global de maneira significativa”, finaliza a Dra. Goto.

A realização do MEDTROP em São Paulo é uma oportunidade para resgatar a contribuição passada e presente deste estado e renovar seu compromisso de contribuição no ensino, pesquisa e nas ações na saúde individual e coletiva.

Em São Paulo, com suas veias de concreto e arredores amplos, as doenças encontraram novas formas de emergir na esteira do desenvolvimento. A aglomeração de vidas e o cruzamento de caminhos deram espaço às infecções, causando desalinhos. A tuberculose sussurrou em vielas estreitas, as águas poluídas propagaram males nas frestas. O sarampo, a difteria, o vírus da gripe, surtos de doenças infecciosas como cólera, febre tifoide, peste bubônica, febre amarela também encontraram, nos cantos da cidade, seu regaço além. Em São Paulo, as batalhas pela saúde foram marcadas pelo avanço, pelas derrotas e pelos confrontos. A urbanização trouxe riscos e desafios sem fim, mas também inspirou a busca por um futuro mais promissor.

No passado, a atuação dos tropicalistas paulistas como Adolfo Lutz, Emílio Ribas, Vital Brasil, atuando em diversas frentes para o controle dos surtos e epidemias, no campo e no estabelecimento de estruturas para produção de insumos como antissoros foi fundamental. Os primórdios do Instituto Adolfo Lutz, Instituto Butantan e Instituto de Infectologia Emílio Ribas se remetem a essa época. Seguiram-se atuações de pesquisadores em doenças parasitárias, com contribuições que impactaram a área, a exemplo, da única vacina contra a malária em uso, autorizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que teve como base as pesquisas iniciais da Profa. Ruth Nussensweig, na década de 60, na Universidade de São Paulo.

Ao longo de décadas, a Medicina Tropical desenvolvida no estado de São Paulo tem tido um impacto significativo na atenção à saúde individual e saúde pública, fornecendo avanços no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças tropicais.

Em São Paulo a história forma um mosaico imortal. Das doenças do passado às ameaças atuais, o desenvolvimento e a saúde, em harmonia, são a trilha a seguir para que progresso e o bem-estar sigam de forma plena e sadia.

Inscrições MedTrop 2024: https://medtrop2024.com.br/

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**