_destaque, Notícias

Áreas periféricas precisam de mais incentivo à ciência Peripheral areas need more incentives for science

Especialista alerta para a necessidade de mais investimentos em pesquisas nos estados da região NorteExpert alerts for the need of more investments in research in the northern states

14/07/2014

img-areas-perifericas

A Amazônia concentra 99,6% dos casos de malária do País. No entanto, a região Norte carece de aportes financeiros para o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema

As doenças tropicais, como a malária, estão entre as enfermidades que não despertam o interesse das grandes empresas farmacêuticas para a produção de medicamentos e vacinas. Mas a diferenciação de prioridades também afeta às comunidades científicas, inclusive dentro do Brasil. Segundo o Doutor em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília (UnB), Thor Dantas , os estados que mais precisam de investimentos em ciência são os que estão no epicentro do problema.

A Amazônia, por exemplo, concentra 99,6% dos casos de malária do País. No entanto, a região Norte carece de aportes financeiros para o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema. No Brasil, boa parte da produção científica é financiada pelas fundações de amparo às pesquisas nos estados. “Como essas instituições são mantidas pelos impostos estaduais, as que estão nas localidades ricas têm muito mais dinheiro para investir em ciência. As áreas periféricas acabam não tendo o mesmo privilégio por possuírem economias menores. Uma das formas de equilibrar esse cenário é por meio de incentivos do governo federal”, explica o Dr. Dantas.

Segundo o médico, especialista em Clínica Médica e infectologista, é preciso que sejam abertos mais editais nas regiões periféricas para fomentar a pesquisa nessas áreas (isso já é uma política existente. Ela tem que ser continuada e aprimorada, junto com o desenvolvimento de competência local para pesquisa). O doutor explica que, quando os editais como os do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são lançados em âmbito nacional, os vencedores geralmente estão nos grandes centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Dr. Thor é o presidente da comissão organizadora do 50º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) , que ocorre este ano entre os dias 26 e 30 de agosto no estado do Acre. Segundo ele, trazer o debate das doenças tropicais para a Amazônia é outro fator que deve estimular a comunidade científica regional. “Quem participa de um evento como esse entra em contato com a fronteira do conhecimento, o que sabemos e o que é preciso descobrir. Isso é uma forma de estímulo à pesquisa”, afirma.

Ainda de acordo com o especialista, outro tema que será tratado no Congresso é como aproximar mais os gestores da saúde pública aos cientistas. O objetivo é tornar mais eficientes os controles das doenças no País e trazer para o centro das discussões os profissionais da região Norte.

“Os que estudam as doenças tropicais se interessam muito pela Amazônia, mas é preciso potencializar a capacidade das pesquisas locais. Vêm muita gente de fora estudar malária e leishmaniose, por exemplo, mas fica pouca coisa aqui no Norte em termo de expertise. É necessário que os pesquisadores da região participem mais do debate científico produzindo conhecimento, não apenas apresentando os problemas”, finaliza.

img-areas-perifericas

The Amazon responds for 99.6% of the countrys malaria cases. However, the North needs financial support to conduct researches on the theme

Tropical diseases, as malaria, are among the diseases that do not spark the interest of the large pharmaceutical companies for drug and vaccine production. But the priority differentiation also affects the scientific communities, including those in Brazil. According to Dr. Thor Dantas, PhD in Tropical Medicine from the Brasilia University, the states that need more investments in science are those in the epicenter of the problem.

The Amazon, for example, responds for 99.6% of the countrys malaria cases. However, the Northern region demands financial support to conduct researches related to the theme. In Brazil, a great part of the scientific production is funded by research support foundations in the states. Since these institutions are maintained by state taxes, those in rich locations have much more money to invest in science. The peripheral areas do not have such privilege due to their smaller economies. One of the ways to balance this scenario is through incentives from the federal government, explains Dr. Dantas.

According to the physician, expert in General Medicine and Infectology, there is a need of more tenders in the peripheral regions in order to foster research in these areas (this is an existing policy. It must be continued and improved, along with the development of local competence for research.). The doctor explains that, when the announcements from the National Council of Scientific and Technological Development (CNPq) are made in a nationwide scope, the winners are usually in the large research centers from Sao Paulo, Rio de Janeiro and Minas Gerais.

Dr. Thor is the president of the organizing committee of the 50th Congress of the Brazilian Society of Tropical Medicine (BSTM) , that will take place this year, from August 26 to 30 in Acre state. According to him, the debate on tropical diseases for the Amazon is another factor that must stimulate the local scientific community. “Whomever participates of an event like this gets in touch with the frontiers of knowledge, what we know and what is still to be discovered. This is a way to stimulate research”.

Still according to the expert, another theme to be discussed at the Congress is how to bring public health managers closer to the scientists. The goal is to make disease control more efficient in the country and bring the North region professionals to the center of the debate.

Scientists who study tropical diseases have great interest on the Amazon, but the capacity of the local researches has to be boosted. Many outsiders come to study malaria and leishmaniasis, for example, but leave little expertise here in the North. It is necessary that local researchers join the scientific debate to produce knowledge, not only to expose the problems, finishes.