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Cientistas britânicos estudam evolução do zika vírus na América Latina

Artigo publicado pela Revista Science aponta que há mais perguntas do que respostas em relação à doença

15/08/2016
Evoluc?a?o

Equipe concluiu que o surto pode chegar ao fim sozinho dentro de dois a três anos, devido a um fenômeno chamado de imunidade de rebanho

Pesquisadores da Escola de Saúde Pública do Imperial College London apresentaram, recentemente, um estudo que avalia a velocidade de transmissão de Zika na América Latina. Para eles, a ligação do vírus com a microcefalia tem exigido uma resposta rápida das autoridades, que acabam tomando decisões em meio a várias incertezas. A pesquisa foi publicada recentemente pela Revista Science.

Ainda não se sabe o motivo da rápida propagação do vírus no continente. O clima, a população, as condições sanitárias, a diferença genética do inseto transmissor são algumas das hipóteses apontadas pelos pesquisadores. Por conta do aumento de casos de microcefalia e outras anomalias congênitas graves, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência mundial de saúde, em fevereiro deste ano.

Para entender o processo de contaminação, os britânicos criaram um modelo matemático com base em experiências anteriores de dengue e Zika na América Latina. Com ele, a equipe concluiu que o surto pode chegar ao fim sozinho dentro de dois a três anos, devido a um fenômeno chamado de imunidade de rebanho – que ocorre quando o vírus encontra uma barreira, já que não pode infectar a mesma pessoa duas vezes.

Afirmação semelhante foi feita pelo norte-americano Scott Halstead, em entrevista para a Science em março. Segundo a publicação, quando 80% da população contrai o vírus, cria imunidade e bloqueia a transmissão. A teoria do especialista se apóia na história de infecção por chikungunya na Tailândia durante os anos 60. Segundo ele, em 1975 não havia mais registros da doença no país.

Apoiado nessa teoria, o grupo acredita que os programas governamentais podem prolongar o tempo da epidemia ao invés de combater o vírus. Isso porque, ao retardar a transmissão, a população demorará mais para atingir o nível da chamada imunidade de rebanho necessária para interrompê-la. De acordo com o texto, os esforços para conter o Zika deveriam ter iniciado antes de seu avanço, por necessidade de estudos mais aprofundados.

Vacinas contra o vírus Zika já começaram a ser testadas em humanos. O anúncio foi feito pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos, no início de agosto. No entanto, os britânicos não acreditam que a epidemia atual possa ser controlada, apenas amenizada.

Ainda de acordo com o artigo, o surto de zika é um caso grave de saúde pública, assim como foi com o Ebola. Pesquisadores acreditam que há muitas lacunas a serem preenchidas e somente por meio de um esforço de pesquisa global coordenada será possível encontrar todas as respostas.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**