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Cientistas revelam método que pode controlar propagação da doença do sono

Uso de medicamento barato pode ser a chave para o controle da enfermidade em países africanos

02/02/2016
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Uso do medicamento em bovinos deverá ser introduzido no Quênia, onde 37 dos 48 condados locais, cerca de 11 milhões de pessoas, estão infestados com a mosca tsé-tsé

O agente etiológico da doença do sono, o Trypanosoma brucei, pode estar próximo de se tornar cada vez mais raro na África Subsaariana. Uma droga de baixo custo testada em cerca de 500 mil bovinos, em Uganda, conseguiu matar com sucesso o parasita e reduzir em cerca de 90% os casos da enfermidade em seres humanos.

As pessoas que vivem nas áreas rurais são as mais suscetíveis de contraírem a doença, já que os bovinos agem como um anfitrião para o Trypanosoma brucei. A infecção muitas vezes é transmitida do gado para os seres humanos através da mosca tsé-tsé.

Para tratar a doença do sono nos animais, cientistas da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, deram a cada bovino uma injeção única de tripanocida. Eles ainda realizaram pulverizações com inseticidas, nos locais de criação do gado, para evitar a reinfecção com o parasita.

O uso do medicamento em bovinos deverá ser introduzido no Quênia, onde 37 dos 48 condados locais – o que representa um contingente de 11 milhões de pessoas – estão infestados com a mosca tsé-tsé. De acordo com os cientistas, deverão ser tratados cerca de 2,7 milhões de cabeças de gado.

A descoberta é mais um importante passo para o controle da enfermidade na África. Desde 2009, o número de novos casos vem ficando abaixo dos 10 mil anuais, resultados inéditos nos últimos 50 anos. Até 2020, o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) é eliminar a doença como um problema de saúde pública.

De acordo com os cientistas envolvidos na pesquisa, o tratamento da infecção em bovinos representam uma ação com duplo impacto, garantindo tanto pessoas quanto animais mais saudáveis. O tratamento da doença em seres humanos é difícil e pode causar mortes torturantes, ao longo do período de seis meses a seis anos, dependendo do tipo de parasita – as subespécies T. brucei gambiense e T. brucei rhodesiense.

Quando a mosca pica uma pessoa, os parasitas entram no sangue e se multiplicam. Inicialmente, a vítima sente dores de cabeça, febre ou erupções cutâneas. No entanto, com o tempo, o parasita pode danificar o sistema nervoso central, causando distúrbios do sono, confusão e levar ao coma ou até mesmo à morte.

O trabalho desenvolvido com bovinos na África faz parte de uma campanha contra a doença do sono (SOS, na sigla em inglês) empreendida pela universidade desde 2006, em parceria com instituições como a Universidade de Makerere e o governo de Uganda. Segundo os representantes da campanha, cerca de US$ 400 milhões foram economizados nos custos de saúde humana desde o início das atividades, além da produtividade anual por cabeça de gado ter aumentado em US$ 25 nas comunidades pobres da nação africana.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**