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Consórcio Nordeste articula-se para mitigar pandemia de COVID-19

Governador do Piauí se consolida como Líder do Nordeste na grave crise da pandemia no País resolvendo de vez os dramas da COVID-19

08/05/2021
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Trabalho desenvolvido à frente Consórcio Nordeste e como coordenador do tema vacinas do Fórum Nacional de Governadores, o destacam como grande articulador dos chefes do Executivo nordestinos

Embora a grande mídia brasileira dê pouca repercussão ao que ocorre fora do eixo Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o trabalho e o desempenho do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), tem repercutido em todo Brasil pelos resultados apresentados em favor do País, em especial no trato e na solução da pandemia ao resolver a aquisição de milhões de vacinas pelos estados. Após assumir o cargo de presidente do Consórcio Nordeste e coordenador do tema vacinas do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias, passou a exercer um papel de articulação ampliada envolvendo todos os governadores do País, com imensa repercussão pelos efeitos das ações que beneficiaram os diversos estados surpreendendo todo cenário nacional e não só dos estados nordestinos.

Para saber mais sobre o assunto, a Assessoria de Comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), entrevistou governador que destacou  a ação integrada dos governadores do Nordeste no enfrentamento à pandemia da COVID-19 na região e os resultados alcançados pela ação conjunta dos gestores nordestinos e das consequências da falta de um comando central para lidar com a mais grave crise sanitária enfrentada pelo mundo.

Confira a entrevista na íntegra.

SBMT: Recentemente, o senhor anunciou medidas para reforçar a rede de saúde no Piauí. Poderia nos falar sobre a situação atual?

Governador Wellington Dias: No Piauí, seguimos ampliando leitos, mas enfrentamos graves dificuldades pelo esgotamento na questão dos profissionais, especialmente de UTIs. Ampliamos mais 10 leitos de UTI esta semana em Parnaíba, numa parceria com o município, além de 20 leitos clínicos. Há ainda mais 10 leitos de UTIs que estamos providenciando para entrar em atividade em Teresina com o Grupo Prontomed, do setor privado.

As ações que adotamos com 21 dias de redução da circulação de pessoas com medidas restritivas para o isolamento social, e medidas com a rede de atenção básica, ampliando o programa Busca Ativa, em que profissionais vão de casa em casa, examinando as pessoas e dando a assistência para quarentena e tratamento, estão dando resultado na redução da transmissibilidade e nível de hospitalização, reduzindo a espera por um leito, o que encurtou de 6 dias na média a fila de espera para 2,5 dias. Mas ainda estamos com fila de espera em 5 das 8 regiões de saúde do Piauí.

SBMT: Em relação às restrições conjuntas de estados para conter a Covid-19, o que se tem de concreto?

Governador Wellington Dias: Foi a primeira vez, desde março de 2020, na ausência de uma coordenação nacional pelo governo federal, como ocorre com outros países, que conseguimos decretos com medidas preventivas e restritivas nas 27 unidades da federação ao mesmo tempo. Primeiro no Carnaval e depois na semana de 4 de março até o dia 4 de abril, Domingo de Páscoa. E não é fácil. São governadores de diferentes partidos, governistas e oposicionistas, mas deu resultado, com redução da transmissibilidade no Brasil, embora ainda com elevado número de casos confirmados por dia e várias regiões de saúde com fila de espera por um leito, mas já bem melhor que 14 dias atrás e repercutindo na redução de óbitos nos últimos sete dias. Fico imaginando se tivéssemos o governo federal nos apoiando, participando desse esforço. Quantas vidas teríamos salvado?

SBMT: O Consórcio Nordeste anunciou recentemente a compra de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. Os governadores da região também estão à procura de outros laboratórios para negociar?

Governador Wellington Dias: Sim. Primeiro concretizar com a entrega da vacina Sputnik V. Burocratizou demais e corremos o risco de perder o lote de abril, por não ter a licença de importação esta semana. Tivemos que ir ao STF, para o Brasil receber as primeiras de 37 milhões de doses da Sputnik, que já está em uso e com elevada segurança, quase sem efeitos colaterais e nenhum efeito grave e ainda com elevada eficácia. Tudo que o Brasil mais precisa em abril é o quê? Vacina.

Também estamos lutando e tivemos agendas com a própria Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS), para que possam garantir a entrega das 8 milhões de doses da vacina AstraZeneca, referentes à cota do Brasil no Consórcio de Vacinas. Fizemos agenda e dissemos que sabemos da escassez de vacinas para muitos países e os problemas da AstraZeneca e seus contratos. Ocorre que o agravamento da pandemia no Brasil é um risco para outros países, para o mundo, com a produção de variantes com cada vez mais risco. Ajuda humanitária agora com vacinas para o Brasil, para vacinação do grupo de maior risco, significa proteger o mundo. Também recorremos ao governo americano e do Reino Unido também para atuarem na liberação de vacinas da AstraZeneca e antecipar a da Pfizer. E tivemos promessas de ajuda. Com a China, deu certo para socorrer o Brasil da crise de segunda dose e ainda falta apoio na questão do chamado kit intubação e testes antígeno. Não desistimos e vamos seguir buscando soluções para amenizar a crise e conseguir salvar vidas.

SBMT: Poderia nos falar sobre os principais obstáculos e vitórias do Consórcio Nordeste?

Governador Wellington Dias: Obstáculos são muitos. Eu digo que um governador no Brasil, e, especialmente na conjuntura atual, precisa estar preparado para todo dia trabalhar muito, apanhar muito e ainda estar sempre animado para este dia e o dia seguinte! É como trocar pneu com o carro andando.

Mas seguir a ciência foi uma decisão acertada. Estudos apontam que se no Nordeste tivesse o nível de mortalidade do Brasil teríamos este ano 28.000 óbitos a mais. Quando imagino 28.000 vidas salvas! Então, o Pacto Pela Vida vale a pena. Os riscos, acusações, processos, fakes e críticas ficaram pequeno diante do resultado que alcançamos.

Mas o Consórcio Nordeste não é só para a pandemia é também para cuidar da Previdência Nordeste, Inteligência Integrada Nordeste na Segurança, Compras Conjuntas Nordeste e Comitê Científico Nordeste. Isso é uma realidade. E agora temos 18 câmaras técnicas para 18 projetos da região. Experiência de sucesso em um ou mais estados ou mesmo em outros países e que podemos replicar no Nordeste.

Agricultura Familiar Nordeste, Força de Segurança Integrada Nordeste, Educação Nordeste, Cultura Nordeste, Rede Integrada de Saúde Nordeste, Energias Limpas Nordeste, Turismo Nordeste, Pesquisa e Inovação Nordeste, Infraestrutura Nordeste e Política Exterior Nordeste. Esses projetos darão bons frutos para o desenvolvimento da região em todas as áreas.

SBMT: Além de atuar pela aquisição de vacinas contra a Covid-19, o consórcio também luta para garantir proteção social às populações mais vulneráveis à pandemia. De que forma prática isso está sendo realizado?

Governador Wellington Dias: A fome, o desemprego e o emprego precário estão batendo em nossas portas. Queremos ir além da transferência de renda ou solidariedade com distribuição de cestas de alimentos – e que maravilha de povo solidário é o povo nordestino! Mas pelos Estados queremos casar os programas sociais com oportunidade para alfabetizar quem é analfabeto ou parou de estudar por alguma razão e objetivando um ofício, uma profissão ou formação para o empreendedorismo e ainda com linha de crédito para colocar um negócio. Queremos olhar de modo especial para os agricultores familiares do Nordeste, que representam 50% dos agricultores familiares do Brasil e ampliando aqui produtividade e renda faz uma grande diferença. E com produção de alimentos saudáveis. Então, é uma opção para o Nordeste: Alimentação – educação – emprego/negócio. E ainda apoiando empreendedores para investir no Nordeste.

SBMT: Qual a sua opinião sobre o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar)?

Governador Wellington Dias: Toda iniciativa para trazer mais vacinas para o Brasil deve ser apoiada. Está faltando vacinas para a primeira dose e o mais crítico é falta de vacinas para segunda dose. A falta de planejamento, integração e iniciativa levou a isso. Avisamos em 17 de fevereiro que teria este buraco em abril. Ninguém ouviu no poder central e tomaram os governadores como inimigos. E o problema está aí.

SBMT: Poderia nos falar sobre a falta de uma organização nacional de combate à Covid-19?

Governador Wellington Dias: Nossa proposta desde o início de 2020 era um comitê integrado, vieram criar este ano e deixando os Estados e Municípios de fora. Em uma República Federativa quem faz a vacinação são os municípios. Ou seja, jogaram na lata do lixo o coração do SUS: que é funcionar em rede e de forma integrada.

SBMT: Lamentavelmente o Brasil se tornou o epicentro da pandemia. Como lidar com o dilema saúde X economia?

Governador Wellington Dias: Fico imaginando 21 dias de ação restritivas ou lockdown de forma integrada: governo federal, todos os Estados e todos os Municípios, tirando de circulação cerca de 70% das pessoas no Brasil e ainda usando as equipes da Estratégia Saúde da Família cuidando cada uma de 2 mil pessoas, com EPIs, exames, equipamentos necessários para ir de casa em casa examinar e cuidar de cada pessoa. Tem sintoma ou confirma com coronavírus? Quarentena. Triagem dos contatos e quarentena, apoio para o isolamento, tratamento e medicamento adequado para quem precisar, equipes médicas acompanhando equipes de campo. Provavelmente com três ou quatro momentos desses, como outros países fizeram, no Brasil teríamos cerca de 120 mil óbitos por Covid-19. Muito? Sim, mas 250 mil homens e mulheres que foram a óbito ainda estariam entre nós. E a economia? Sofreria menos, com menos prejuízos, menos desemprego.

Defendemos compensação aos empreendedores sim, vinculados a um seguro ou proteção para empregos. O auxílio financeiro que veio até dezembro de 2020 seguiria de forma contínua, por que parou? A calamidade parou? Não. Eu disse e repito: quando o país ficou de janeiro a março sem auxílio financeiro aos mais pobres, a fome não tirou férias.

O PIB brasileiro era previsto cair 10% em 2020 e caiu 4%. Imagine o efeito econômico e social com queda de 10%? Desemprego, quebra de empresas, queda de receitas públicas. A rede de proteção social e de apoio aos empreendedores salvou a economia e empregos atuais.

SBMT: O senhor acredita que se o Brasil tivesse seguido o exemplo da China, hoje o cenário seria outro?

Governador Wellington Dias: Eles tiveram muito menos óbitos, quase nada de desemprego e fizeram proteção social e ainda registraram elevado crescimento econômico em 2020 e início de 2021. Mas veja os Estados Unidos da América com o ano de 2020 com o negacionista presidente Trump e agora 2021 com os poucos meses do presidente Joe Biden. Este, seguindo a ciência e com investimentos na rede de proteção ao povo e empresas de U$ 2,3 trilhões, mudou tudo naquele país.

SBMT: Um total de 22 dos 27 governadores brasileiros decidiram enfrentar o presidente Jair Bolsonaro e assinaram recentemente um pacto pela vida para evitar o agravamento da crise de saúde causada pela Covid-19 e o colapso do sistema de saúde. Como coordenador do Fórum Nacional de Governadores, qual a sua opinião sobre o futuro do Brasil?

Governador Wellington Dias: Queremos seguir a ciência e o Nordeste é um bom exemplo que em meio a esta tragédia, a região com menos recursos materiais e humanos, teve melhor resultado, salvamos mais vidas.

O Pacto Pela Vida foi uma iniciativa do Fórum dos Governadores e é um chamamento do setor público e privado para eixos de prioridade. Primeiro: seguir a ciência. E seguindo a ciência, apoiar medidas preventivas, priorizar vacinas e pela regra do Plano Nacional de Imunização, gratuita e para toda demanda brasileira, manter a rede de proteção social e solidariedade, apoio para atendimentos aos doentes, credenciamento da rede hospitalar e garantia de medicamentos, oxigênio, insumos e para rede Covid-19 e não Covid, cuidar do pós-Covid, pessoas com sequelas, e por último apresentamos para a ONU a proposta de quebra de patentes para vacinas Covid-19, com transferência de tecnologia para ampliar produção de IFA e vacinas.

SBMT: A China teve dois pilares no combate à Covid-19. Medidas para impedir a transmissão, como uso de máscaras, distanciamento social rigoroso, quarentena e medidas de higiene. O outro pilar foi o rastreamento de contatos baseado em testagem por PCR. Na sua opinião, por que o Brasil sequer tentou implementar essa estratégia?

 

Governador Wellington Dias: Como eu disse antes, a falta de coordenação nacional e planejamento, a negação à ciência, isso tudo gerou este genocídio sim. A China, com essas medidas, seguiu a ciência. Não seguir a ciência tem um preço e o mais dramático: pago com vidas humanas, já cerca de 400.000. Parece só um número. Mas quando olhamos cada um a nossa volta e a dor de parentes, amigos, colegas de trabalho, artistas, atletas, empresários, pobres e ricos. Estamos longe de imaginar o tamanho do estrago.

SBMT: Gostaria de acrescentar algo?

Governador Wellington Dias: Se tivermos um cronograma sério de entregas de vacinas, é que poderemos pensar no Plano de Retomada Organizada da Economia do Brasil. O Piauí já preparou seu plano. Mas precisamos de mais vacinas. Em abril era para fechar o mês com toda a fase I vacinada, cerca de 53 milhões de pessoas com mais de 60 anos ou com menos de 60 anos com comorbidades e mais indígenas, pessoal da saúde etc, por aquele cronograma falso de 17/02, apresentado aos governadores. E com a desorganização e falta de iniciativa e compromisso, devemos chegar a menos de 35 milhões de vacinados. Uma pena!

Vacinando este grupo de maior risco que responde por 70% das hospitalizações e óbitos no Brasil, desde março do ano passado, resultaria simplesmente no fim das filas, do colapso da rede hospitalar e dos insumos e o insuportável esforço de milhares de profissionais de saúde. E ainda a redução de, no mínimo, 50% do número de óbitos médios diários a que o Brasil chegou em março e abril.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**