Dados comprovam que comprar medicamentos de laboratórios públicos é mais vantajoso em relação aos privados
Em 2023, 71% do orçamento destinado a medicamentos foi gasto em laboratórios privados, enquanto os públicos representaram apenas 19%. O tema foi um dos tópicos abordados durante o 59° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
30/09/2024A pandemia da Covid-19 destacou a necessidade de maiores investimentos em medicamentos no Brasil. De acordo com o balanço do governo federal de 2022, desde 2020 foram investidos R$ 540 bilhões no enfrentamento do vírus, incluindo assistência, vacinas e medicamentos.
O assunto foi debatido no 59° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2024), e uma dos destaque da palestra “Produção nacional de medicamentos” foi o custo elevado de aquisição de medicamentos de laboratórios privados em comparação aos públicos.
Segundo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em 2023, 24% dos medicamentos comprados nos laboratórios privados consumiram 71% do orçamento destinado à saúde, enquanto 58% dos medicamentos adquiridos por meio da DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) custaram apenas 19% do fundo. De acordo com a DARF, até o final do ano, ainda restam 19 bilhões para investimentos em medicamentos.
Comprar medicamentos é mais barato que manter pacientes em serviços hospitalares
Monica Felts, cientista e gestora pública de ciência, tecnologia e Inovação (CT&I), afirmou durante o encontro que comprar e fornecer medicamentos à população é mais barato do que manter um paciente com comorbidades internado. “Um paciente com doenças crônicas, ao ser medicado, evita visitas frequentes aos serviços de saúde pública e reduz os custos com internações diárias, que atualmente são bastante elevados”, afirma.
Somento no mês de julho de 2024, a cidade de São Paulo gastou 331 milhões em serviços hospitalares, conforme informado pelo DATASUS.
Investimentos na indústria da saúde chegam a R$ 57,4 bilhões
Em agosto deste ano, o governo anunciou o investimento de R$ 57,4 bilhões na indústria da saúde. A meta é elevar a produção de 45% para 70% nos próximos nove anos.
A indústria da saúde já conta com financiamento público de R$ 16,4 bilhões, segundo o governo. São R$ 8,9 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Saúde, R$ 4 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 3,5 bilhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência federal vinculada ao MCTI.
Além disso, somam-se R$ 39,5 bilhões em investimentos privados de empresas do setor, que incluem companhias das indústrias médica e farmacêutica.
Desse total, R$ 33,5 bilhões são aportes do Grupo FarmaBrasil, Interfarma e Sindusfarma, previstos para o período entre 2024 e 2026, que financiarão novas plantas industriais e ampliação da fabricação nacional de insumos.
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**