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Desvendando a toxoplasmose: animação promove entendimento sobre parasito mais bem-sucedido do mundo

Audiovisual inovador em parceria com a USP ajuda a informar e educar o público em geral sobre o Toxoplasma gondii

08/08/2023

Audiovisual informou os desafios e a importância do diagnóstico precoce e contou com a participação de profissionais da área de saúde

Em uma colaboração pioneira entre a Universidade de São Paulo (USP), o Moredun Research Institute (MRI), da Escócia, e talentosos animadores, foi lançada uma nova abordagem para disseminar conhecimentos científicos. A animação, intitulada “Desvendando a Toxoplasmose, na versão em português, ou “Tackling Toxoplasmosis, na versão em inglês, auxilia no entendimento aprofundado da toxoplasmose, uma doença parasitária que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O vídeo é uma animação curta, divertida e envolvente que descreve o ciclo de vida, as vias de transmissão e as opções de controle do minúsculo parasito de enorme importância veterinária e de saúde pública, descrito como o mais bem-sucedido do mundo.

Para a criação do audiovisual, a equipe responsável pelo projeto, composta por pesquisadores da USP, do MRI, e especialistas em animação, uniu esforços para transformar informações complexas em uma exibição de fácil compreensão. O vídeo combina rigor científico com elementos lúdicos, de forma a alcançar públicos de todas as idades e níveis de conhecimento. Com uma abordagem visualmente atraente, ele combina narrativa envolvente com gráficos detalhados e embasados em pesquisas científicas. Ao longo da animação, o espectador é levado em uma jornada educativa pelo ciclo de vida do parasito, desde sua entrada no organismo humano até sua reprodução e disseminação.

O vídeo percorre as etapas do ciclo de vida do parasito Toxoplasma gondii, explica como ele é transmitido aos humanos e quais os possíveis sintomas da infecção. O ciclo de vida e as rotas de transmissão podem ser bastante complicados, mas a animação facilita o acompanhamento e mostra todos os pontos-chave. Um dos destaques do audiovisual é a clareza com que aborda as diferentes formas de transmissão e os fatores de risco associados à doença. Além disso, são apresentadas as medidas preventivas que podem ser adotadas para evitar a contaminação e reduzir os riscos de disseminação da doença. A produção destaca a importância de boas práticas de higiene e cuidados com alimentos, bem como a necessidade de acompanhamento médico em casos de suspeita ou diagnóstico confirmado de toxoplasmose.

“Neste projeto colaborativo, aspectos epidemiológicos, imunológicos e moleculares inovadores sobre este protozoário estão sendo investigados, mas achamos que seria essencial também abrir um espaço de proximidade entre a ciência e a comunidade em geral, explorando o conceito de Saúde única, então ver este vídeo de divulgação e conscientização sobre a toxoplasmose nas mídias sociais e o retorno que estamos tendo, é muito gratificante”, destaca a professora Dra. Hilda Fátima de Jesus Pena, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, que participou do projeto.

Ainda segundo ela, o objetivo do projeto era criar uma ferramenta educacional que pudesse ser utilizada tanto em escolas como em contextos de saúde pública, de forma a simplificar os conceitos científicos da toxoplasmose, mantendo a precisão e o embasamento na pesquisa. A animação científica, que já está sendo reconhecida internacionalmente por sua abordagem inovadora e impacto positivo na conscientização sobre a doença, demonstra o poder da colaboração entre diferentes áreas do conhecimento para o benefício da sociedade. O audiovisual faz parte do projeto de pesquisa “Caracterizando a Virulência de Toxoplasma gondii: o papel do hospedeiro e do patógeno”, desenvolvido com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal (VPS), da FMVZ/USP, em parceria com o Moredun Research Institute (MRI), da Escócia. A equipe de pesquisadores brasileiros é formada pela Dra. Hilda Fátima de Jesus Pena, Dr. Marcos Amaku e Dra. Daniela Pontes Chiebao.

Além de estar disponível em plataformas online, a animação será distribuída em escolas, clínicas de saúde e outras instituições em parceria com o Ministério da Saúde, com o objetivo de alcançar o maior número possível de pessoas. Iniciativas como esta, que combinam a ciência com a criatividade, demonstram que é possível tornar conceitos complexos mais acessíveis e, assim, aumentar o conhecimento público sobre questões de saúde importantes. A colaboração entre a comunidade científica e artistas de animação demonstra o poder do trabalho conjunto para educar, prevenir e combater doenças, fortalecendo a saúde pública em nível global.

Sobre a doença

A toxoplasmose, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das mais importantes doenças transmitidas por alimentos em todo o mundo, pode levar a problemas reprodutivos, como abortamento. Em seres humanos, a doença pode causar também problemas oculares e neurológicos importantes ao feto. A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e pode ser transmitida a humanos por meio do contato com fezes de gatos infectados, ingestão de alimentos contaminados, como carne mal-cozida e água contaminada, ou, menos frequentemente, por transfusões de sangue e transmissão vertical, da mãe para o feto durante a gravidez. Embora a maioria dos casos seja assintomática ou apresente sintomas leves, indivíduos com sistema imunológico enfraquecido ou mulheres grávidas podem enfrentar complicações graves.

O parasito está disseminado e pode infectar todos os animais homeotérmicos, mas muitas pessoas nunca ouviram falar dele e não sabem como ele se espalha. Em algumas partes do mundo, como na América do Sul, cepas do parasito podem causar doenças graves, mesmo em pessoas saudáveis. Embora seja um parasito;de ocorrência generalizada, existem maneiras de controlar e prevenir a infecção em pessoas e animais. A educação e a divulgação do conhecimento científico de maneira acessível são fundamentais e podem contribuir significativamente para a prevenção e o tratamento eficaz.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**