
Dia Mundial da Luta contra a Malária: ciência, vigilância e compromisso político
No Brasil, o cenário é marcado pela predominância da malária vivax, forma responsável por cerca de 85% dos casos no País.
24/04/2025O Dia Mundial da Luta contra a Malária, celebrado em 25 de abril, é um chamado global para enfrentar uma das doenças infecciosas mais persistentes da humanidade. Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou cerca de 249 milhões de casos e mais de 600 mil mortes, sendo a maioria crianças na África Subsaariana.
No Brasil, o cenário é marcado pela predominância da malária vivax, forma responsável por cerca de 85% dos casos no País. Embora menos letal que a falciparum, a vivax provoca recaídas e afeta principalmente populações da Amazônia. Nos últimos anos, o avanço do garimpo ilegal em terras indígenas e áreas de floresta tem ampliado a transmissão e elevado os casos.
Um dos marcos recentes no enfrentamento à malária vivax é a introdução da Tafenoquina, o primeiro medicamento contra recaídas aprovado em mais de 60 anos. A droga reduz o tratamento de 14 para apenas 3 dias, atacando o parasita dormente no fígado e evitando novas infecções. Pesquisadores brasileiros tiveram papel central em seu desenvolvimento, e o Ministério da Saúde do Brasil foi o primeiro do mundo a incorporá-la no sistema público de saúde.
Enquanto isso, as vacinas recentemente aprovadas – RTS,S/AS01 (Mosquirix) e R21/Matrix-M – são voltadas exclusivamente à malária falciparum e destinadas, por enquanto, ao uso em crianças na África. Seu impacto no cenário brasileiro ainda é limitado.
Eliminar a malária como problema de saúde pública até 2030 é uma meta ambiciosa e possível — mas exige ciência, vigilância, compromisso político e equidade em saúde. A luta contra a malária continua — e o Brasil tem mostrado seu protagonismo nesse caminho.
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**