Ebola: número de mortes sobe para 2.097 e Brasil prepara-se para eventual entrada de pacientes infectadosEbola: number of deaths raises to 2097 and Brazil prepares for eventual infected patients entry
Países muito longe do foco da epidemia africana têm baixíssimo risco, afirma vice-presidente da FiocruzCountries distant from the outbreak focus have extremely low risk, says Fiocruz’s vice-president
07/09/2014A infecção pelo vírus Ebola já matou 2.097 pessoas na África Ocidental, de acordo com o balanço divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nessa sexta-feira (5). Ainda segundo a agência especializada, a doença pode afetar 20 mil pessoas até ser contida, nos próximos seis a nove meses. Autoridades brasileiras afirmam que o risco dela chegar ao Brasil é pequeno. O vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz Rio de Janeiro, Dr. Rodrigo Stabeli, explica que o Ebola causa pânico pela sua alta letalidade, mas que não é um vírus de rápida dispersão, de tal modo que países situados a grande distância e sem muito trânsito com o epicentro de epidemia têm baixo risco do vírus ser introduzido. “Sua dinâmica é bastante complexa. Não é um vírus transmitido por aerossol (que se propaga pelo ar), necessita contato direto com dejetos humanos ou de animais infectados”, diz. Dr. Stabeli lembra que, como o vírus não é muito infectante, a doença evolui rapidamente para a gravidade – o que a torna mais fácil de ser identificada – e como não há tráfego aéreo direto com os países afetados, o risco de entrada sem identificação no Brasil é remoto.
No final de agosto foi realizada uma simulação no Aeroporto Internacional do Galeão (RJ) seguindo até o Instituto Nacional de Infectologia (INI) Evandro Chagas, da Fiocruz, com um suposto paciente infectado com o vírus Ebola. A ação, sob a coordenação geral da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), envolveu mais de 60 pessoas e vários órgãos do estado do Rio de Janeiro e de Brasília, entre eles a Anvisa, a Polícia Federal, a Administração do Galeão, a Aeronáutica, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria Estadual e Municipal de Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz. “Não temos a rotina de trabalhar com infecção por vírus que requeira este nível de isolamento. Assim, quanto mais simularmos, mais vamos garantir o treinamento do pessoal envolvido. Na primeira simulação detectamos algumas falhas que foram imprescindíveis corrigir, tanto no protocolo escrito quanto no procedimento de operação das pessoas envolvidas. Estamos fazendo vários simulações rotineiramente na Fiocruz para garantir que o profissional de saúde tenha sua vida protegida durante o atendimento a uma pessoa suspeita da doença”, reforça Dr. Stabeli, reafirmando que o Brasil tem feito seu papel na vigilância ao vírus e que a equipe de saúde está preparada para lidar com a situação. “Estamos sempre de prontidão junto com a SVS/MS monitorando as fronteiras brasileiras”, destaca.
INI como referência nacional para os cuidados de paciente suspeito ou com Ebola confirmado
A partir do momento em que foi decretado alerta sanitário internacional do Ebola, a Fiocruz, que conta com 28 laboratórios de referência em diversas doenças credenciados pela SVS/MS, e também possui hospital de referência de infectologia, se colocou à disposição da Secretária de Vigilância em Saúde, que fez uma videoconferência nacional com todas as unidades hospitalares do País considerados referência em infectologia. “A Fiocruz foi escolhida por apresentar o melhor protocolo para o cuidado do paciente, inclusive com exames alternativos para a assistência primária. Além disso, a Fiocruz está com um pesquisador visitante do Centro de Referência de Infecções Virais da Inglaterra, Dr. David Brown, que manipulou o vírus na última epidemia, e que, portanto, possui larga experiência no treinamento e no preparo de unidades hospitalares e laboratoriais para lidar com o vírus”, enfatiza. Dr. Brown permanece no Brasil até janeiro de 2015.
O fluxo de atendimento ao Ebola instrui que se um caso suspeito entrar no País seja imediatamente transferido para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. No Rio de Janeiro, o transporte se dará por meio de uma ambulância do Corpo de Bombeiros que está preparada para a situação. Já em outros estados, será por via aérea. “Essa pessoa ficará isolada, em condições que, embora não tenha nível de segurança 3 (NB3), segue as normativas preconizadas pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Médicos Sem Fronteiras (MSF)”, observa Dr. Stabeli ao frisar que também foi aumentada a segurança para coleta e processamento de exames que poderiam ser realizados em condição de NB2 positiva – em que os equipamentos ficam isolados –, e que na Fiocruz a equipe trabalhará em condições laboratoriais NB3. “A Fiocruz possui dez unidades de biossegurança NB3, das quais sete são dela. Destas, quatro estão em operação: uma no instituto Ageu Magalhães, no Recife, outra, com uma caixa NB4, na Fiocruz do Paraná, e as demais estão no Rio de Janeiro. Além destas, há a do Instituto Gonçalo Moniz, na Bahia, que ainda não opera como NB3”, cita.
De acordo com o vice-presidente, a Fiocruz possui pessoas capacitadas para o treinamento e vestimenta de biossegurança, pessoal qualificado para certificar a qualidade da biossegurança, bem como todos os macacões de anteparo, de proteção residuais, botas de proteção residual para que o profissional em contato com o paciente suspeito possa se proteger. “As equipes médica e assistencial de enfermagem estão aptas. Além delas, temos treinada ainda a equipe de limpeza, que faz a assepsia da câmara de isolamento de pacientes, bem como o protocolo de descarte de material pela incineração”, garante.The Ebola infection has killed 2097 people in West Africa, according to a survey by the World Health Organization (WHO) released last Friday (5). Still according to the specialized agency, the disease may strike 20 thousand people until it is contained, in the next six to nine months. Brazilian authorities affirm the risk of the epidemic striking Brazil is very low. Fiocruz’s vice-president of Reference Research and Laboratories, Dr. Rodrigo Stabeli explains that the Ebola causes panic due to its high mortality, but it is not a fast dispersion virus, in a way that distant countries and with little passenger transit with the epidemic’s epicenter have a low risk of having the virus. “Its dynamic is very complex. It is not an aerosol transmitted virus (which propagates through the air), it needs direct contact with infected human or animal waste”, says. Dr. Stabeli stresses that as the virus is not very infective and the disease evolves rapidly towards severity – what makes it even more difficult to identify – and since there is no direct air traffic between the infected countries, the risk of the disease entering Brazil is remote.
At the end of August, a simulation was conducted from the Galeao International Airport (Rio de Janeiro) to the Evandro Chagas National Institute of Infectology (INI), with an alleged Ebola infected patient. The action was coordinated by the Health Ministry’s Health Surveillance Secretary (SVS/MS) and involved over 60 people and several state entities from Rio de Janeiro and Brasilia, among them, Anvisa (National Sanitary Surveillance Agency), Federal Police, Airport’s management, air force, fire department, State and City Health Secretaries and the Oswaldo Cruz Foundation. “We do not have a routine to work with virus infection that require this kind of isolation. This way, the more we simulate, the more we can assure the training of the involved personnel. During the first simulation we detected a few mistakes that were indispensable to correct, both in the written protocol as in the procedure itself. We are conducting several simulations in a routine basis at Fiocruz in order to assure the health professionals have their lives protected while attending suspicion cases”, stresses Dr. Stabeli, reaffirming that Brazil has accomplished its role in the virus surveillance and the health team is prepared to deal with the situation. “We are always in standby along with the SVS/MS monitoring the Brazilian borders”, highlights.
INI is a national reference for suspected or confirmed Ebola infected patient care
From the moment the international sanitary alert for Ebola was announced, Fiocruz, which has 28 reference laboratories in several diseases, accredited by the SVS/MS, and also a reference infectology hospital, has made itself available for the Health Surveillance Secretary, that conducted a national video conference with all the country’s health centers that may be considered as infectology reference centers. “Fiocruz was chosen because it has the best patient care protocol, with alternative tests for primary attention. Besides this, Fiocruz has a visiting researcher from the England Reference Center for Viral Infections, Dr. David Brown, who manipulated the virus during the last outbreak, thus, has wide experience in training and preparing hospitals and laboratories to deal with the virus”, emphasizes. Dr. Brown remains in Brazil until January 2015.
The Ebola care flow instructs that if an alleged case enters the country, the person must be immediately transferred to the Evandro Chagas National Infectology Institute. In Rio de Janeiro, the transport will be made in a special ambulance from the Fire Department. In other states, the transport will be made by air. “This person will remain isolated in conditions that, although not level 3 security (NB3), follows the norms from the Centers for Disease Control and Prevention (CDC), World Health Organization (WHO) and Doctors Without Borders (MSF)”, observes Dr. Stabeli while stressing that the security measures for exam collection and processing have been increased in order to conduct in a positive NB2 condition – where the equipment remains isolated -, and in Fiocruz a team will be able to work in NB3 laboratorial conditions. “Fiocruz has ten NB3 biosafety units, from which seven are self-owned. From these, four are currently in operation: one in the Aggeu Magalhaes Institute in Recife, one with NB4 box in Fiocruz Parana, and the others are in Rio de Janeiro. Besides these, there is one at the Gonçalo Moniz Institute in Bahia, which does not operate as NB3 yet”, says.
According to its vice-president, Fiocruz has qualified personnel for training and biosafety suits, qualified personnel to ensure the biosafety quality as well as all containment, residual protection suits and residual protection boots so the professional can be protected when handling patients suspected to be infected, as well as the disposal protocol though incineration”, assures.…
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**