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Estudo que busca vacina preventiva para leishmaniose em cães vence Prêmio Jovem Pesquisador 2015Study that seeks preventive vaccine against leishmaniasis in dogs is the winner of the 2015 Young Researcher Award

Trabalho estuda proteína LiHyp1, do parasito Leishmania, que pode servir para futura vacina comercial contra a leishmaniose visceral canina e na produção de testes rápidos para o sorodiagnóstico da doençaThe paper studies the LiHyp1 protein, from the Leishmania parasite, which may serve for a future comercial vaccine against canine visceral leishmaniasis and for rapid tests to diagnose the disease

14/08/2015

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Os resultados mostraram a eficácia protetiva da proteína contra a infecção pelo parasita nos testes em ratos e na capacidade em identificar e diferenciar soros de animais com leishmaniose visceral

Donos de cães podem estar próximos de uma importante vitória na luta contra a leishmaniose visceral canina. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estuda uma proteína que pode ser a base de uma futura vacina preventiva contra a doença. O trabalho, uma dissertação de mestrado conduzida pela agora doutoranda Vivian Tamietti Martins, foi o grande vencedor do Prêmio Jovem Pesquisador 2015.

“Queremos desenvolver uma vacina comercialmente disponível para ser administrada em cães, a fim de preveni-los contra a leishmaniose visceral canina. Também pretendemos disponibilizar um kit de sorodiagnóstico laboratorial para a detecção precoce e eficaz da doença, a fim de que medidas de controle sejam mais efetivas”, explicou Vivian.

A jovem cientista fez parte de um grupo que iniciou pesquisas em busca de proteínas inéditas do parasito Leishmania. O estudo teve como base a proteína LiHyp1, identificada pelo grupo de Vivian e ainda considerada como “hipotética” – ou seja, cuja sequência de aminoácidos é descrita no genoma de Leishmania, mas que ainda não apresenta função biológica conhecida.

A partir de técnicas de biologia molecular, a proteína foi clonada e avaliada por meio do teste de ELISA, que permite a detecção de anticorpos específicos presentes em soros de cães com leishmaniose visceral, diferenciando-os de outros grupos experimentais. “A proteína LiHyp1 recombinante foi também avaliada como vacina em camundongos, visando à verificação de seu efeito protetor contra a doença”, disse Vivian.

Os resultados mostraram a eficácia protetiva da proteína contra a infecção pelo parasita nos testes em camundongos BALB/c – conhecido como modelo murino, bem como sua capacidade em identificar e diferenciar animais com leishmaniose visceral por meio de análises sorológicas.

Se houver conclusões positivas nos estudos, esta pode ser uma mudança de paradigma do tratamento da doença em cães. A prevenção e a detecção precoce da enfermidade podem contribuir para reduzir drasticamente o número de casos de leishmaniose visceral canina e humana. A enfermidade é grave e afeta aproximadamente 400 mil pessoas em todo o mundo, podendo levar a 20 mil óbitos por ano.

Atualmente, além de métodos preventivos como coleiras, apenas medicamentos para uso humano são utilizados no combate à leishmaniose visceral canina. No Brasil, como o uso desses remédios é proibido em animais, grupos ligados à causa têm recorrido à justiça para garantir o tratamento, ao invés de sacrificar os cães infectados.

As linhas de pesquisa em busca de soluções preventivas vêm sendo desenvolvidas desde 2010, em laboratórios de pesquisa situados nos Departamentos de Patologia Clínica e de Bioquímica e Imunologia da UFMG, e junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina da mesma Universidade.

A equipe foi composta por doutores da instituição, com a coordenação dos professores Eduardo Antonio Ferraz Coelho e Carlos Alberto Pereira Tavares, bem como por alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado), de graduação (iniciação científica) e voluntários. O apoio financeiro foi garantido por órgãos como o INCT-NanioBiofar, CNPq, FAPEMIG e PRPq/UFMG.

A comunidade científica e milhões de brasileiros, donos de cães, esperam ansiosos pelo desdobramento desse trabalho, cujo prêmio foi entregue durante o 51º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop 2015), realizado entre os dias 14 e 17 de junho, em Fortaleza, no Ceará.

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The results showed the proteins protective effectiveness against the infection by the parasite in tests with mice and the ability to identify and differentiate serum from animals with visceral leishmaniasis

Dog owners may be close to an important victory against canine visceral leishmaniasis. A research developed at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) studies a protein that could be basis for a future preventive vaccine against the disease. The paper, a Masters thesis by the now doctoral candidate Vivian Tamietti Martins, was the great winner of the 2015 Young Researcher Award.

We expect to develop a commercially available vaccine to be administered in dogs, in order to prevent them against canine visceral leishmaniasis. We also intend to release a laboratory diagnostic kit for early and efficient detection of the disease, so control measures may be more effective, explained Vivian.

The young scientist is part of a group that begun their researches seeking unknown Leishmania proteins. The study was based on the LiHyp1 protein, identified by Vivians group and still considered hypothetic – i.e., whose amino acid sequence is described in the Leishmania genome, but has no known biological function.

Using molecular biology techniques, the protein was cloned and evaluated through ELISA test, which allows the detection of specific antibodies if present in the serum of leishmaniasis infected dogs, splitting them from other experimental groups. The recombinant LiHyp1 protein was also tested in mice as a vaccine, seeking to assess its protective effect against the disease, said Vivian.

The results showed the proteins protective effectiveness against the infection by the parasite in tests with BALB/c mice – known as a murine model, as well its ability to identify and distinguish animals with visceral leishmaniasis through serological analysis.

If the study returns positive conclusions, this could be a change in the paradigm of the treatment of the disease in dogs. The early prevention and treatment could drastically decrease the number of canine and human visceral leishmaniasis cases. The disease is severe and strikes approximately 400 thousand people worldwide, and may kill up to 20 thousand people per year.

Currently, besides preventive methods as collars, only human drugs are used to combat canine visceral leishmaniasis. In Brazil, since these medications are prohibited for animal use, groups engaged in the cause have turned to the justice in order to ensure the treatment, instead of sacrificing the infected dogs.

The lines of investigation seeking preventive solutions have been developed since 2010, in research laboratories in the Clinical Pathology, Biochemistry and Immunology Department at the UFMG, and along to the Post-graduation Program in Health Sciences: Infectology and Tropical Medicine, from the Medical School at the same university.

The team is formed by doctors from the institution, coordinated by professors Eduardo Antonio Ferraz Coelho and Carlos Alberto Pereira Tavares, as well as by post-graduate students (masters and doctorate), graduate (scientific initiation) and volunteers. The financial support was granted by organs as INCT-NanioBiofar, CNPq, FAPEMIG and PRQp/UFMG.

The scientific community and millions of Brazilian citizens, dog owners, await anxiously for the results of this work, awarded during the 51st Congress of the Brazilian Society of Tropical Medicine (MedTrop 2015), that took place from June 14 to 17, in Fortaleza, Ceara.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**