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Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas mantém protagonismo e liderança no Medtrop 2022

Durante dois dias, Fórum DTNs avançou em suas propostas para autoridades e toda a sociedade, assim como no planejamento futuro de sua atuação, reiterando a estreita parceria com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT)

18/11/2022
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Reprodução: Cuida Chagas

A solenidade de abertura do 57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop 2022), realizada no último dia 13, contou com a participação de lideranças de organizações e movimentos sociais voltados aos direitos de pessoas acometidas por doenças tropicais negligenciadas (DTNs). As representações trouxeram reivindicações unificadas que foram compartilhadas em cartazes e em uma Carta Aberta, produzida durante a 7ª edição do Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas – evento realizado entre 12 e 13 de novembro na Universidade do Estado do Pará (UEPA) e vinculado ao Medtrop 2022.

Com o tema “Em defesa da democracia e dos direitos para as populações negligenciadas”, a sétima edição do Fórum abriu espaço para reivindicações por mais atenção e investimentos voltados para as DTNs, com ampliação do acesso às ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e outros direitos para pessoas acometidas e afetadas. Além de lideranças de movimentos e organizações sociais, o espaço coletivo integrou profissionais, pesquisadores, professores e estudantes das áreas da saúde, ciências sociais e humanas. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do Medtrop 2022 no Youtube, e contou com o envolvimento de mais de 900 pessoas, tanto presencial quanto virtualmente.

Durante a cerimônia de abertura, a síntese dessas reivindicações foi transmitida por meio de um vídeo com lideranças representantes de DTNs como hanseníase, doença de Chagas, leishmanioses, malária e tuberculose. Dr. Júlio Croda, infectologista e presidente do Medtrop 2022 e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), reafirmou durante o pronunciamento na solenidade a importância do Fórum e a necessária inclusão das inquietações de pessoas acometidas para avanços concretos no enfrentamento às DTNs.

A mesa de abertura também contou com a presença de Alexandre Menezes, epidemiologista e diretor executivo da NHR Brasil – organização da sociedade civil integrante e apoiadora do Fórum e dedicada ao controle da hanseníase e ao desenvolvimento de ações para cuidado às pessoas acometidas pela doença. Um documento preliminar de apoio para os debates elaborado pelo coletivo do Fórum foi entregue à Dra. Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por representantes dos movimentos sociais, além da Dra. Eloan Pinheiro, ex-diretora executiva do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz, todas reunidas no Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas.

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Da esquerda para a direita: Eloan Pinheiro, Joanda de Araújo (APDCIM/PE e FindeChagas), Nisia Trindade (Fiocruz), Dircilene Mendonça (representação Filariose) e Marly Araújo (Gamah). Reprodução: NHR Brasil.

A Carta do Fórum reuniu 13 eixos principais de reivindicações elaboradas pelas lideranças, consideradas necessárias para superar a invisibilização das pessoas acometidas e afetadas por DTNs, envolvendo questões como acesso a ações de prevenção, diagnóstico oportuno e tratamento longitudinal de qualidade. A vigilância de novos casos, o investimento na elaboração de novos medicamentos e tecnologias para detecção/diagnóstico e a integração no ambiente da saúde humana e animal para estruturação de políticas públicas (Saúde Única) foram outros aspectos contemplados pelo documento.

Para o Dr. Júlio Croda, o Fórum simboliza esperança em um futuro melhor no enfrentamento das DTNs. “Eu vejo a importância de, cada vez mais, apoiar os movimentos sociais em DTNs. E é por isso que eu agradeço à organização do Fórum por batalhar a cada ano pela participação de todos os movimentos que representam as populações negligenciadas nas edições dos congressos de medicina tropical”, compartilha.

O sentimento é ecoado por Alexandre Menezes, que destaca a necessidade de escutar, apoiar e legitimar as reivindicações de lideranças acometidas ou afetadas por DTNs. “Em seus lugares fala, essas pessoas manifestam as demandas e reivindicações locais e mais amplas, que são de extrema relevância para a atenção à saúde, pesquisas, linhas de cuidado e programas de controle voltados para as doenças negligenciadas”, declara.

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Entre os movimentos sociais realizadores do evento, estão: Associação Brasileira de Portadores de Leishmaniose (Abrapleish); Associação Cearense de Pacientes Hepáticos e Transplantados (Acephet); Associação de Chagas da Bahia (Achaba); Associação dos Chagásicos da Grande São Paulo (Achagrasp); Associação dos Portadores de Doença de Chagas do Rio de Janeiro (RioChagas), Comitê de Acompanhamento de Pesquisa de Tuberculose no Brasil (CCAP – Brasil); Ambulatório e Associação dos Pacientes Portadores de Doença de Chagas, Insuficiência Cardíaca e Miocardiopatia de Pernambuco (APDCIM/PE); Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas (FindeChagas); Grupo de Apoio às Mulheres Atingidas pela Hanseníase (Gamah); Grupo de Amigos e Portadores de Hanseníase (GAPH); Movimento Brasileiro de Hepatites Virais (MBVH); e Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).

No apoio ao Fórum estiveram presentes organizações como Netherlands Hanseniasis Relief do Brasil (NHR Brasil), Médicos sem Fronteiras (MSF), Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), Universidades Aliadas por Medicamentos Essenciais (UAEM), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade do Estado do Pará (UEPA) e Ministério da Saúde. O evento também contou com a participação de representações das seguintes instituições: Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz), Instituto Evandro Chagas (IEC), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade de Pernambuco (UPE), Fiocruz Mato Grosso (Fiocruz MT), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).