Médico Luiz José de Souza lança livro sobre dengue, zika e chikungunya no 52º MedTrop
Obra é a primeira publicação no País abordando as três doenças. É o terceiro sobre dengue e o primeiro falando sobre zika e chikungunya
08/09/2016Somente em 2016, 1.345.000 milhão de pessoas foram atingidas pela dengue no Brasil, 165,9 mil por zika e 137 mil por chikungunya. E a previsão é que, no próximo ano, esse número seja ainda maior. Essas três graves patologias de grande relevância social vinculadas à saúde pública são temas do livro Dengue, Zika e Chikungunya – Diagnóstico, Tratamento e Prevenção, lançado durante o 52º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), de autoria do médico Luiz José de Souza. A obra é a primeira publicação no Brasil abordando as três doenças.
De acordo com o especialista, o principal diferencial do livro é elucidar de forma simples e didática as principais características epidemiológicas, clínicas e de manejo dessas três importantes arboviroses em grande ascensão, além de conter o que há de mais atual na literatura sobre as mesmas. “O livro contempla diversos casos clínicos vividos pelo serviço do Centro de Referência de Doenças imuno-infecciosas (CRDI), em Campos dos Goytacazes (RJ), escarecendo nossas investigações, condutas e casos mais interessantes, aproximando o leitor da realidade vivida pelo serviço e experiência que adquirimos durante anos”, detalha. O médico destaca ainda o empenho da equipe do CRDI, a qual tem desenvolvido parâmetros que levam a dados e tratamentos mais precisos, comprovando ser possível reduzir as complicações e a mortalidade por doenças tropicais.
Dr. Luiz José acredita que a publicação possa ajudar na discussão das três doenças por trazer os protocolos mais atualizados dessas epidemias, além da vasta experiência do serviço no CRDI discutidos nos capítulos e também representados pelos casos clínicos manejados com sucesso. Para ele, a obra, mais do que uma troca de experiências, servirá para que médicos brasileiros e até do exterior conheçam tratamentos, sintomas diferenciais e os desafios na prática diária do atendimento a pacientes. “O livro abrange as quatro epidemias de dengue enfrentadas na cidade, com toda experiência de atendimento e tratamento CRDI, primeiro local especializado no atendimento e tratamento de pacientes com dengue no Brasil e já serviu de base para publicação de artigos internacionais”, complementa.
O autor conta que a recepção, ainda que muito recente, ao livro está excelente. “As vendas estão superando as expectativas e os elogios são muitos. A comunidade científica ansiava por uma publicação destinada a essas três arboviroses e finalmente ela é uma realidade”, comemora ao assegurar que ainda há muito a ser estudado, porém essa obra reuniu o que há de mais novo na literatura até o momento. No livro, o terceiro sobre dengue, e primeiro falando sobre zika e chikungunya, também há capítulos com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A publicação traz ainda aspectos históricos, clínicos e epidemiológicos, diagnósticos, vacinas e controle de vetores, além da experiência em nível ambulatorial e laboratorial das três doenças, abordadas em 16 capítulos.
A previsão é de que no próximo ano, a partir do verão, o número de casos de zika e de chikunghya deve aumentar. Uma das principais críticas sobre essas doenças é a falta de diagnóstico preciso. Questionado sobre a demora até que a maioria dos profissionais de saúde estejam capacitados a fazer essa diferenciação, Dr. Luiz José enfatiza que o diagnóstico preciso dessas três viroses não é fácil. “Centros treinados para receber esses doentes conseguem executar essa tarefa com maior facilidade, e é justamente essa a intenção do livro: tornar mais fácil o manejo clínico e o diagnóstico dessas doenças”, reitera ao acrescentar que, além disso, o avanço nas pesquisas para seu diagnóstico laboratorial é cada vez maior. Diante disso, os profissionais da saúde certamente não devem demorar a estar capacitados para essa diferenciação.
O sistema de saúde brasileiro está em constante preparação para lidar com essas epidemias, porém ainda faltam muitos passos para conseguirmos chegar a um patamar ideal. Na opinião do médico, o que falta é uma disseminação maior do conhecimento sobre essas doenças aos profissionais de saúde de todas as especialidades, bem como um diagnóstico o mais precoce possível, combinados com uma integração com os centros de referência para o encaminhamento de pacientes com gravidade ou potencial risco de complicações. “Todas essas medidas com o intuito de otimizar o diagnóstico e o manejo clínico do paciente, evitando ou abordando precocemente as complicações e tentando reduzir ao máximo o número de óbitos, são o nosso principal objetivo”, aponta.
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**