
MEDTROP 2025: ChagasLeish celebra 40 anos de tradição científica e debate doenças negligenciadas
Integração do MEDTROP e do ChagasLeish promove um amplo espaço de diálogo científico e fortalecimento de políticas públicas
04/09/2025
Evento vai reunir especialistas do Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa para debater desafios como mudanças climáticas, vigilância e assistência em doença de Chagas e leishmanioses
Entre os dias 2 e 5 de novembro de 2025, João Pessoa, capital da Paraíba, será palco de dois encontros de grande relevância para a saúde pública latino-americana: o 60º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2025) e o congresso satélite ChagasLeish 2025. Com o tema “Do Diagnóstico à Saúde Ambiental: o Papel Chave para Vigilância e Assistência”, o ChagasLeish celebra quatro décadas de história, consolidando-se como um dos principais fóruns de discussão científica e política sobre doenças negligenciadas do País.
Criado em 1985 por nomes históricos como Aluízio Prata, João Carlos Pinto Dias, Edson Reis Lopes e José Rodrigues Coura, o evento surgiu inicialmente como espaço exclusivo para debate da doença de Chagas, realizado pela primeira vez em Araxá (MG). Posteriormente, passou a incluir também as leishmanioses, ganhando da comunidade científica o apelido carinhoso de ChagasLeish. Ao longo dos anos, tornou-se no maior palco de discussão política e científica sobre essas doenças no Brasil e na América Latina, articulando de forma inédita academia e Sistema Único de Saúde (SUS).
Desde sua incorporação à programação do MEDTROP como evento satélite, o ChagasLeish fortaleceu a interlocução entre pesquisadores, gestores e profissionais de saúde, com ênfase na aplicação prática do conhecimento científico. Em 2025, o formato passou a ser hibrido com um webnário que aconteceu no dia 14 de junho, com a participação de delegados das Secretarias Estaduais e Municiais de Saúde das áreas de Chagas e Leishmanioses de todos os estados brasileiros. Estes delegados, juntamente com pesquisadores, estudantes e demais congressistas vão participar também, no dia 2 de novembro, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), de oficinas técnicas do Ministério da Saúde e cursos oferecidos por especialistas de diversas intituições do Brasil. As demais atividades centrais, como mesas redondas, conferências e apresentações de trabalhos serão realizadas de 3 a 5 de novembro no Centro de Convenções de João Pessoa.
A programação deste ano foi pensada para responder às demandas concretas do SUS, com oficinas direcionadas a profissionais de secretarias de saúde, Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs), Laboratórios de Fronteira (LAFRONs) e centros de referência, com foco no fortalecimento da vigilância, do diagnóstico e da assistência nos territórios endêmicos. Os resumos aprovados serão publicados nos anais da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), ampliando a visibilidade da produção científica.
O ChagasLeish 2025 destaca a necessidade de integrar ciência, vigilância epidemiológica e saúde ambiental diante de novos desafios como mudanças climáticas, desastres ambientais, insegurança alimentar e conflitos territoriais. “Queremos discutir como a pesquisa translacional e clínica pode apoiar o enfrentamento desses cenários complexos”, afirma o Dr. Alexandre Barbosa Reis, professor da Universidade Federal de Ouro (UFOP) e coordenador-geral do evento.
Com apoio do Ministério da Saúde, a edição deste ano também busca contribuir para a formulação de novas diretrizes em políticas públicas voltadas às doenças negligenciadas. Atualmente, estima-se que 1,2 a 4,6 milhões de brasileiros vivam com a doença de Chagas e que cerca de 20 mil novos casos anuais de leishmaniose (tegumentar e visceral) são registrados no País. A participação de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Butantan, LACENs, LAFRONs e universidades públicas e privadas, somada à presença de especialistas da Argentina, Bolívia, Colômbia e outros países da região, reforça a dimensão internacional do encontro. “A troca de experiências é fundamental para enfrentar a desafios comuns, como a expansão geográfica dos vetores e a resistência a medicamentos”, destaca o Dr. Reis.
Esta é a segunda vez que João Pessoa recebe o MEDTROP, após sediar o congresso em 1978. O Centro de Convenções da cidade oferece uma estrutura moderna, propícia à integração acadêmica e institucional. Além disso, os participantes poderão desfrutar das belezas naturais, da gastronomia e da cultura local da capital paraibana.
Para o Dr. Reis, a longevidade do ChagasLeish está diretamente ligada à sua capacidade de reunir tradição, inovação e compromisso social. “Eventos como o MEDTROP e suas reuniões satélites renovam o compromisso da ciência com a sociedade, oferecendo soluções e esperança às populações afetadas por essas doenças”, conclui
Confira a programação do MEDTROP 2025: https://medtrop2025.com.br/evento/medtrop2025/programacao/gradeatividades/todas.
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**