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Eventos satélites MedTrop: Oportunidade para reunir pesquisadores do Brasil e do exterior

Participação nos eventos satélites que ocorreram simultaneamente ao congresso ampliou participação e possibilitou a integração dos grupos

09/10/2018
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Eventos satélites representaram oportunidade para os participantes trocarem suas expertises, debaterem possíveis parcerias em outras áreas e em projetos de colaboração

A 54ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop) teve a participação maciça de 1800 estudantes e residentes, que submeteram 4.032 trabalhos científicos, com aprovação de 3.800 para apresentações orais e no formato E-poster. A programação abrangente, composta por 42 mesas-redondas, 23 palestras, 11 conferências e 23 cursos, permitiu aos pesquisadores, médicos e estudantes discutir os temas mais importantes da Medicina Tropical, além de possibilitar discussões relacionadas a publicações, avaliação dos programas de pós-graduações, saneamento em saúde, com ênfase maior às arboviroses, sem deixar de contemplar as grandes endemias, como malária e tuberculose.

O presidente da XV Reunião Nacional de Pesquisa em Malária (RNPM), Dr. Wuelton Monteiro não escondeu seu entusiasmo ao dizer que toda a comissão organizadora ficou muito satisfeita com os resultados da Reunião, especialmente com os vários elogios recebidos dos palestrantes e participantes, com destaque aos temas escolhidos para as mesas redondas. Ele conta que muitos ressaltaram a qualidade da apresentação dos mais jovens, de estudantes de graduação até os de doutorado, que apresentaram seus resultados na forma de turbo talks, como parte da programação. Nas palavras do Dr. Cláudio Ribeiro, é um “enorme júbilo o ver se realizar uma pujante XV edição do Evento, 32 anos após a Primeira Reunião”.

Ainda de acordo com o Dr. Monteiro, o apoio e a confiança prestados para a realização da XV RNPM foram fundamentais para o seu sucesso. “Como expressei no encerramento, fiquei muito contente com o resultado do trabalho e espero que todos tenham apreciado cada palestra, minidebate e turbo talk apresentado. Cada participação confirmada e cada oferecimento de ajuda nos deu a confiança de que tudo daria certo”, comemora. Como resultado, ele ressalta a certeza de que, a partir desse encontro, todos os pesquisadores estão dando o máximo para a redução dos casos e as repercussões da malária, rumo à eliminação desse problema que ainda insiste em afetar a vida das pessoas, especialmente as mais pobres e as que vivem nas áreas mais remotas do País. “A população afetada pela doença cobra de todos nós que escolhemos a pesquisa na malariologia”, completa.

Já o VII Workshop da REDE-TB contou com a participação fundamental da sociedade civil e sediou a reunião do Comite? Comunita?rio de Acompanhamento das Pesquisas em Tuberculose no Brasil (CCAP-TB Brasil). Além disso, teve a participação de programas municipais e estaduais de controle da tuberculose e apresentou uma programação cientifica multidisciplinar e intersetorial com a participação de mais de 24 palestrantes internacionais. “Importante enfatizar a participação de diversos representantes dos países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o que favoreceu e impulsionou a recém criada Rede de Pesquisa dos BRICS (Novembro de 2017)”, destaca o presidente da Rede-TB, Dr. Julio Croda.

Essa edição do Workshop da REDE-TB ofereceu os cursos: Manejo Clínico da Tuberculose; Modelos Murinos em Estudo Pré-Clínico; Pesquisa com Dispositivos Móveis com Estudantes e Profissionais de Programas de TB e Aids (Como Preparar Formulários Eletrônicos Que Permitem A Coleta E Análise De Dados On-Line, Localmente) e Manejo Clínico da Tuberculose em Pediatria. Dr. Croda ressalta ainda as reuniões de negócios paralelas que ocorreram durante todo o evento, que segundo ele, fundamentais para estabelecer parcerias e planejar futuros projetos em conjunto com a REDE-TB. No período noturno foram realizados diversos eventos sociais, em um caráter informal, o que permitiu maior entrosamento entre os diversos participantes. “A manifestação das pessoas foi emocionante e nos contagiou com o sentimento de missão cumprida e vontade de quero mais”, comemora.

Os vetores também foram amplamente debatidos com a realização da 7ª edição do Entomol e a Reunião da Pesquisa Aplicada ChagasLeish. Nestes espaços, a comunidade científica debateu o desenvolvimento no tratamento para minimizar as dores das patologias e os desafios da transmissão por vetores, bem como os avanços no que tange a essas duas endemias no Brasil. De acordo com a Dra. Maria Helena Neves, integrante da Comissão organizadora do Workshop de Genética e Biologia Molecular de Insetos Vetores de Doenças Tropicais, o Entomol7_SOVE Brazil, a sétima edição deste importante evento foi considerada um sucesso pelo público que trabalha na área de insetos vetores. O evento reuniu profissionais que atuam nas esferas acadêmicas e dos serviços de saúde, além da importante presença de estudantes de graduação e pós-graduação.

“Os estudos com flebotomíneos e mosquitos foram os temas mais presentes na programação devido à recrusdescência de doenças cuja transmissão depende destes vetores e, em particular, as arboviroses que ocupam um papel de destaque na atual agenda de saúde do País”, destaca. Ainda na área de insetos vetores, o evento ofereceu o minicurso “Plataforma Vectobase” ministrado pela Dra. Gloria Calderon-Giraldo para acessar os recursos de bioinformática na plataforma ) que agrupa dados de genomas de espécies de vetores de grande relevância na saúde pública. De acordo com a Dra. Maria Helena, as sessões de temas livres com 21 apresentações selecionadas dentre os trabalhos inscritos no evento também foram um êxito com temas de relevância à comunidade presente e que refletiu a alta qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelos grupos de pesquisa no País. “O Workshop teve uma programação de 40 apresentações de alto nível científico e na fronteira do conhecimento em áreas como biologia, genética e controle de insetos vetores”, comemora.

Acompanhando o sucesso do MedTrop, o ChagasLeish 2018 também superou as expectativas em número de participantes, na abrangência de seus temas e no número de trabalhos submetidos – ao total foram 719 entre temas de doença de Chagas e Leishmanioses. Suas atividades iniciaram no dia 31 de agosto, com o Primeiro Módulo do Curso de Formação de Lideranças, dando sequência ao 3º Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas. “O evento foi marcado por grande procura, contando com 208 inscritos, permitindo a elaboração da carta de Recife, calorosamente aclamada na abertuda do MedTrop 2018”, destaca a coordenadora geral da XXXIII Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e XXI Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses (ChagasLeish 2018), Andréa Silvestre. No total, foram 17 mesas redondas, uma oficina e 6 mini-conferências com temas bastante diversificados. Ainda no pré-congresso, o evento ofereceu 6 cursos, contando com 38 professores, especialistas brasileiros nas áreas de vigilância e vetores, diagnóstico parasitológico e molecular, atenção básica à saúde e pesquisa translacional.

“Ao todo, 94 alunos, entre estudantes e profissionais de saúde se beneficiaram com esta formação. A programação foi distribuída em três salas simultâneas, invariavelmente lotadas, demonstrando a acolhida geral aos temas propostos”, assinala a Dra. Andrea ao acrescentar que, no total 120 palestrantes, 4 deles internacionais, abordaram temas relacionados à pesquisa aplicada em doença de Chagas e leishmanioses. Em uma das salas havia sempre a proposta de temas amplos, abordando problemáticas comuns, como “Saúde, Vulnerabilidades, Direitos e Democracia” que deu sequência à Oficina de Prioridades em Pesquisa em Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN)”. “Outras abordagens atuais como o desafio das migrações internacionais para o controle de DTN e as experiências locais exitosas, como o Programa Sanar, foram debatidos e divulgados, assim como a proposta pioneira brasileira do estado de Goiás com a notificação dos casos crônicos de doença de Chagas”, explica.

“O retorno dos participantes foi positivo, o que nos impulsiona a seguir adiante nesta proposta, nos aprimorando a cada dia para uma participação ainda mais calorosa”, comemora. A próxima Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e Leishmanioses (ChagasLeish 2019) acontece no 55º MedTrop, que será realizado em Belo Horizonte (MG), no primeiro semestre de 2019, simultaneamente com o XXVI Congresso Brasileiro de Parasitologia (Sociedade Brasileira de Parasitologia).

A participação nos eventos satélites ampliou a participação e possibilitou a integração dos grupos. Além disso, foi uma oportunidade para os participantes trocarem suas expertises, debaterem possíveis parcerias em outras áreas e em projetos de colaboração. Ou seja, o MedTrop conseguiu reunir muitos pesquisadores do Brasil e do exterior, não só pela sua grade, mas também em virtude desses quatro eventos satélites.