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Motocicletas: Educação, fiscalização intensa e uso de capacete podem tornar a circulação mais segura

Perigo para os motociclistas é visto especialmente no Nordeste, que concentra os três estados em que as motos têm o maior peso nas mortes: Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão

11/02/2017
Índices

Índices de crescimento no número de mortes em consequência de acidentes com motocicletas são alarmantes

A terceira edição do relatório “Retrato da Segurança Viária”, mostra que, nos 12 anos analisados pelo estudo, os acidentes com motos passaram a ser a principal causa de morte no trânsito. Os motociclistas são a maioria das vítimas, representando 37% das mortes e 59% dos feridos em acidentes, apesar de as motos constituírem apenas 27% da frota nacional de veículos automotores. O perigo é visto especialmente no Nordeste. A região concentra os três estados em que as motos têm o maior peso nas mortes: Piauí (67%), Rio Grande do Norte (60%) e Maranhão (59%). Os dados mais recentes são de 2014 porque se baseiam no DataSus, o banco de dados da Saúde.

Dados do Mapa da Violência do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos mostram que no Piauí o número de vítimas de acidentes com motos é maior que a média mundial. No Hospital de Urgências de Teresina (HUT) 90% das internações na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) são desta categoria. De acordo com o médico Neurocirurgião, Daniel França, que trabalha no local, são atendidos em média 40 pacientes por dia, aumentando até 60 nos finais de semana e feriados. Em sua opinião, a maioria dos acidentes com traumas decorridos de acidente de motos, poderia ser evitada. “Isso não é apenas uma ‘opinião’, ou uma suposição, já temos esse dado estatisticamente comprovado. No início de 2014, o Governo do Estado do Piauí determinou um esquema de fiscalização intensa sobre os motociclistas e em duas semanas de fiscalização intensa, apenas em Teresina, houve redução de 25% do número de atendimentos do HUT e percentual muito maior se considerarmos apenas os acidentados de moto”, diz.

Para o neurocirurgião, que durante três anos desenvolveu uma pesquisa com pacientes em que os dados mostraram que as vítimas de trauma de crânio que chegam ao HUT, 70% são de acidentes de moto, números 700% maiores que a média mundial, é possível reduzir o número de acidentes de motocicletas emergencial e imediatamente com fiscalização intensa e perpétua, além de dispositivos que condicionem o funcionamento da moto ao uso do capacete. “Isso já existe, chama-se ‘Anjo da Guarda’. A educação também tem importância, porém seus efeitos só se fazem notar anos depois”, salienta ao afirmar que o principal responsável pelo numero absurdo de acidentes é o motociclista imprudente, que não usa capacete, que usa álcool ao pilotar e que não respeita (e muitas vezes nem conhece) as regras de trânsito. “Temos que educar os motociclistas atuais e os vindouros. Havendo fiscalização (para os atuais) e educação (para os futuros motociclistas), eles estarão prontos para circular nas cidades sem grandes danos, como acontece no mundo civilizado”, defende.

A motocicleta que não vai cair

A Honda desenvolveu um sistema, que ainda está na fase de protótipo, que pode reduzir o número de acidentes de motocicleta em tráfego lento. De acordo com a montadora japonesa, o sistema é capaz de movimentar a roda dianteira de maneira a fazer com que a motocicleta não caia, funcionando inclusive quando se está pilotando e até permitindo que ela se locomova em velocidades mais baixas sem ninguém em cima. Segundo a montadora, o sistema “Riding Assist” foi baseado na tecnologia utilizada no Uni-Cub, que consiste em um assento capaz de transportar uma pessoa, utilizando os movimentos do corpo como condutor de direção. Além de ser desenvolvido para garantir a segurança do piloto e oferecer maior conforto e controle em motocicletas, o sistema também ganhou destaque por ser uma possibilidade de facilitar o controle para iniciantes. Segundo o engenheiro responsável, Makoto Arai, a tecnologia não tem data para chegar às ruas. O sistema precisa passar por muitos testes e o custo ainda é muito alto.