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Doença de Chagas: um problema mundialChagas Disease: a global problem

27/03/2013

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que pelo menos 10 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pela doença de Chagas, que em 2008 matou mais de 10 mil pessoas. A grande maioria dos infectados ou em risco de desenvolver a doença vive em países latino-americanos, mas o problema já atinge outras regiões e tem chegado a países desenvolvidos.

No Japão, a doença de Chagas é uma realidade que começa a desafiar o setor de saúde, segundo Tsutomu Takeuchi, diretor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de Nagasaki, um dos pesquisadores convidados pelo Simpósio Japao- Brasil sobre Colaboração Científica, organizado pela FAPESP e pela Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência (JSPS) nos dias 15 e 16 de março, em Tóquio.

“Fatores como a estagnação econômica e a repressão política resultaram no significativo fluxo de pessoas de 17 países latino-americanos endêmicos para a doença de Chagas rumo a países desenvolvidos. Por causa dessa migração, a doença de Chagas tem se tornado uma ameaça à saúde em nível global”, disse.

Segundo Takeuchi, estima-se que 3,8% dos cerca de 150 mil imigrantes que chegaram à Austrália em 2006, provenientes de países endêmicos para o Tripanossoma cruzi (o parasita causador da doença), estavam infectados com o protozoário.

“Em 2008, a Espanha acomodou cerca de 1,68 milhão de imigrantes, legais e ilegais, de países latino-americanos endêmicos para a doença de Chagas. Entre esses imigrantes, estima-se que 5,2% estavam infectados com o T. cruzi e 17,4 mil desenvolveram sintomas da doença”, disse.

De acordo com Takeuchi, na Espanha a maioria desses imigrantes estava na cidade de Barcelona. “De 2007 a 2009, de 766 pacientes de um centro de saúde na cidade, 22 foram diagnosticados com infecção por T. cruzi, com uma taxa de prevalência de 2,87%. Entre os infectados, 21 eram da Bolívia, com taxa de prevalência para os imigrantes do país de 16,5%”, disse.

O problema também atinge os Estados Unidos, país que recebe grandes contingentes de latino-americanos a cada ano. “Nos Estados Unidos, em 2005 o número de imigrantes latino-americanos residentes era de 22,8 milhões, com estimados 300 mil infectados por T. cruzi. As maiores prevalências foram demonstradas em imigrantes da Bolívia, com 6,75%, seguida pela Argentina, com 4,13%”, disse Takeuchi.

“No Japão, em 2010 havia cerca de 300 mil imigrantes que vieram de países da América Latina, dos quais a grande maioria, 76,6%, era do Brasil. Infelizmente, no Japão testes em doações de sangue e verificação sorológica para infecção por T. cruzi não têm sido extensivamente adotados da mesma forma que em países ocidentais”, disse.

O pesquisador contou que o Departamento de Medicina Tropical e Parasitologia da Escola de Medicina da Universidade Keio tem sido o centro de diagnóstico sorológico e vigilância preliminar para a doença de Chagas.

“Os números ainda são pequenos, mas significativos. Esse departamento analisou 42 casos suspeitos e confirmou que 16 deles eram positivos para a doença. Cinco desenvolveram sintomas cardíacos associados ao Chagas”, disse.

Takeuchi destacou que, além do desconhecimento sobre a doença, outro problema importante da presença de Chagas no Japão é a pouca disponibilidade de medicamentos para o tratamento aos infectados, que não são produzidos no país.

“A doença de Chagas tem sido ignorada no Japão, assim como em outros países desenvolvidos, o que traz uma série de estigmas e mal-entendidos contra imigrantes latino-americanos. Por causa do grande número de pessoas nessa população sem seguro-saúde, da dificuldade de comunicação, bem como pela ausência de medidas preventivas contra a infecção por T. Cruzi, uma série de preconceitos surgiu em comunidades japonesas contra os portadores da doença, levando à possibilidade de discriminação social”, disse.

“Por conta disso, é essencial que sejam adotadas medidas urgentes para melhorar a compreensão e o tratamento médico da doença de Chagas e de outras doenças negligenciadas no Japão e em outros países desenvolvidos”, destacou Takeuchi.

Fonte: Agencia Fapesp

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que pelo menos 10 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pela doença de Chagas, que em 2008 matou mais de 10 mil pessoas. A grande maioria dos infectados ou em risco de desenvolver a doença vive em países latino-americanos, mas o problema já atinge outras regiões e tem chegado a países desenvolvidos.

No Japão, a doença de Chagas é uma realidade que começa a desafiar o setor de saúde, segundo Tsutomu Takeuchi, diretor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de Nagasaki, um dos pesquisadores convidados pelo Simpósio Japao- Brasil sobre Colaboração Científica, organizado pela FAPESP e pela Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência (JSPS) nos dias 15 e 16 de março, em Tóquio.

“Fatores como a estagnação econômica e a repressão política resultaram no significativo fluxo de pessoas de 17 países latino-americanos endêmicos para a doença de Chagas rumo a países desenvolvidos. Por causa dessa migração, a doença de Chagas tem se tornado uma ameaça à saúde em nível global”, disse.

Segundo Takeuchi, estima-se que 3,8% dos cerca de 150 mil imigrantes que chegaram à Austrália em 2006, provenientes de países endêmicos para o Tripanossoma cruzi (o parasita causador da doença), estavam infectados com o protozoário.

“Em 2008, a Espanha acomodou cerca de 1,68 milhão de imigrantes, legais e ilegais, de países latino-americanos endêmicos para a doença de Chagas. Entre esses imigrantes, estima-se que 5,2% estavam infectados com o T. cruzi e 17,4 mil desenvolveram sintomas da doença”, disse.

De acordo com Takeuchi, na Espanha a maioria desses imigrantes estava na cidade de Barcelona. “De 2007 a 2009, de 766 pacientes de um centro de saúde na cidade, 22 foram diagnosticados com infecção por T. cruzi, com uma taxa de prevalência de 2,87%. Entre os infectados, 21 eram da Bolívia, com taxa de prevalência para os imigrantes do país de 16,5%”, disse.

O problema também atinge os Estados Unidos, país que recebe grandes contingentes de latino-americanos a cada ano. “Nos Estados Unidos, em 2005 o número de imigrantes latino-americanos residentes era de 22,8 milhões, com estimados 300 mil infectados por T. cruzi. As maiores prevalências foram demonstradas em imigrantes da Bolívia, com 6,75%, seguida pela Argentina, com 4,13%”, disse Takeuchi.

“No Japão, em 2010 havia cerca de 300 mil imigrantes que vieram de países da América Latina, dos quais a grande maioria, 76,6%, era do Brasil. Infelizmente, no Japão testes em doações de sangue e verificação sorológica para infecção por T. cruzi não têm sido extensivamente adotados da mesma forma que em países ocidentais”, disse.

O pesquisador contou que o Departamento de Medicina Tropical e Parasitologia da Escola de Medicina da Universidade Keio tem sido o centro de diagnóstico sorológico e vigilância preliminar para a doença de Chagas.

“Os números ainda são pequenos, mas significativos. Esse departamento analisou 42 casos suspeitos e confirmou que 16 deles eram positivos para a doença. Cinco desenvolveram sintomas cardíacos associados ao Chagas”, disse.

Takeuchi destacou que, além do desconhecimento sobre a doença, outro problema importante da presença de Chagas no Japão é a pouca disponibilidade de medicamentos para o tratamento aos infectados, que não são produzidos no país.

“A doença de Chagas tem sido ignorada no Japão, assim como em outros países desenvolvidos, o que traz uma série de estigmas e mal-entendidos contra imigrantes latino-americanos. Por causa do grande número de pessoas nessa população sem seguro-saúde, da dificuldade de comunicação, bem como pela ausência de medidas preventivas contra a infecção por T. Cruzi, uma série de preconceitos surgiu em comunidades japonesas contra os portadores da doença, levando à possibilidade de discriminação social”, disse.

“Por conta disso, é essencial que sejam adotadas medidas urgentes para melhorar a compreensão e o tratamento médico da doença de Chagas e de outras doenças negligenciadas no Japão e em outros países desenvolvidos”, destacou Takeuchi.

Fonte: Agencia Fapesp

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**