Obituário: Antonio Carlos Silveira (*1948 †2011) Obituário: Antonio Carlos Silveira (*1948 †2011)
12/01/2012UM GIGANTE QUE SE VAI.
A comunidade científica internacional dedicada à doença de Chagas acaba de perder um dos seus mais importantes membros de todos os tempos. As contribuições de Antonio Carlos no combate ao vetor triatomíneo têm sido essenciais e vitoriosas. A sua dedicação ao tema desde a década de 1970 até o início da sua doença, em outubro de 2010, foi contínua e coroada de sucessos.
Responsável pelo controle vetorial no Brasil, comandou um exército de mais de 10.000 homens na extinta SUCAM, desde o Ministério da Saúde, em trabalho exemplarmente planejado. Previamente, contribuiu no mapeamento dos vetores no Brasil, assim como no inquérito nacional de prevalência da infecção pelo Trypanosoma cruzi junto com Mario Camargo (1975-1980). De posse das informações da existência do vetor e dos infectados, delineou as tarefas de campo. Embora sabendo delegar competências, nada escapava da sua capacidade de detectar qualquer irregularidade nas atividades de borrifação. Inflexível no comando deste verdadeiro exército, conseguiu alcançar seus objetivos em mais de 10 anos de luta constante.
Dotado de inteligência ímpar, extremamente objetivo, foi capaz também de transmitir sua experiência e conhecimentos fora do Brasil. A sua participação desde o começo da iniciativa do Cone Sul (década de 1990) para o controle da transmissão vetorial (INCOSUR) foi fundamental, junto a OPAS, norteando as medidas de controle. Chamado em todas as reuniões a respeito, participou na certificação da eliminação do T. infestans em todos os países do Cone Sul. Elaborou guias de trabalho e publicou-os num estilo particular que denotava a sua autoria. Versátil em espanhol, do qual demonstrava certo orgulho, seus trabalhos foram e são utilizados na América Latina, para subsidiar a luta anti-vetorial. Posteriormente, participou ativamente das outras iniciativas, em particular a da América Central e da Região Amazônica. Consultor de várias entidades internacionais (OPAS, BID etc.), era continuamente requisitado para pareceres e visitas de campo. Foi essencial, junto com o também recentemente falecido prof. Prata, no delineamento e execução do inquérito nacional sorológico (INSIC, 2001-2008) que veio comprovar o sucesso da borrifação no Brasil, por ele dirigida.
Todos, projetos de longo alcance, coroados de sucesso. Tive o privilégio de acompanhá-lo em algumas dessas viagens pelo interior da América Latina, atestando a sua capacidade de trabalho, rigor científico, personalidade ímpar. As manifestações de apreço após a sua desaparição física, vieram não só do Brasil, como principalmente dos países onde deixou a sua marca. Exigente, metódico, foi um líder, um triunfador, exemplo de vida que deixa um rico legado de experiência e sucesso, além de muita saudade.
Alejandro Luquetti
UM GIGANTE QUE SE VAI.
A comunidade científica internacional dedicada à doença de Chagas acaba de perder um dos seus mais importantes membros de todos os tempos. As contribuições de Antonio Carlos no combate ao vetor triatomíneo têm sido essenciais e vitoriosas. A sua dedicação ao tema desde a década de 1970 até o início da sua doença, em outubro de 2010, foi contínua e coroada de sucessos.
Responsável pelo controle vetorial no Brasil, comandou um exército de mais de 10.000 homens na extinta SUCAM, desde o Ministério da Saúde, em trabalho exemplarmente planejado. Previamente, contribuiu no mapeamento dos vetores no Brasil, assim como no inquérito nacional de prevalência da infecção pelo Trypanosoma cruzi junto com Mario Camargo (1975-1980). De posse das informações da existência do vetor e dos infectados, delineou as tarefas de campo. Embora sabendo delegar competências, nada escapava da sua capacidade de detectar qualquer irregularidade nas atividades de borrifação. Inflexível no comando deste verdadeiro exército, conseguiu alcançar seus objetivos em mais de 10 anos de luta constante.
Dotado de inteligência ímpar, extremamente objetivo, foi capaz também de transmitir sua experiência e conhecimentos fora do Brasil. A sua participação desde o começo da iniciativa do Cone Sul (década de 1990) para o controle da transmissão vetorial (INCOSUR) foi fundamental, junto a OPAS, norteando as medidas de controle. Chamado em todas as reuniões a respeito, participou na certificação da eliminação do T. infestans em todos os países do Cone Sul. Elaborou guias de trabalho e publicou-os num estilo particular que denotava a sua autoria. Versátil em espanhol, do qual demonstrava certo orgulho, seus trabalhos foram e são utilizados na América Latina, para subsidiar a luta anti-vetorial. Posteriormente, participou ativamente das outras iniciativas, em particular a da América Central e da Região Amazônica. Consultor de várias entidades internacionais (OPAS, BID etc.), era continuamente requisitado para pareceres e visitas de campo. Foi essencial, junto com o também recentemente falecido prof. Prata, no delineamento e execução do inquérito nacional sorológico (INSIC, 2001-2008) que veio comprovar o sucesso da borrifação no Brasil, por ele dirigida.
Todos, projetos de longo alcance, coroados de sucesso. Tive o privilégio de acompanhá-lo em algumas dessas viagens pelo interior da América Latina, atestando a sua capacidade de trabalho, rigor científico, personalidade ímpar. As manifestações de apreço após a sua desaparição física, vieram não só do Brasil, como principalmente dos países onde deixou a sua marca. Exigente, metódico, foi um líder, um triunfador, exemplo de vida que deixa um rico legado de experiência e sucesso, além de muita saudade.
Alejandro Luquetti…
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**