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Anfotericina lipossomal é a alternativa mais indicada ao tratamento de leishmaniose mucosaAnfotericina lipossomal é a alte

12/01/2012

Em entrevista concedida à SBMT, o professor Valdir Sabbaga Amato, médico responsável pelo ambulatório de leishmanioses da Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, comentou sobre o tratamento da leishmaniose em sua forma mucosa. De acordo com Amato, para o tratamento deste tipo específico da doença, a anfotericina lipossomal surge como a melhor alternativa às drogas habitualmente utilizadas “devido à sua menor toxidade renal e eficácia”. Confira na íntegra:

SBMT: Qual é a situação do tratamento da leishmaniose mucosa no Brasil?
Dr. Valdir Amato: A leishmaniose mucosa é uma importante complicação decorrente de metástase da forma cutânea, esta causada por várias espécies de Leishmania, mas principalmente a Leishmania (Viannia) braziliensis.  Os medicamentos para o tratamento da forma mucosa são os antiquíssimos antimoniais, o isotionato de pentamidina e as anfotericinas B, que compreendem a formulação de desoxicolato e as formulações lipídicas. A situação atual do tratamento envolve custo das medicações, efeitos colaterais dos fármacos e as características dos pacientes. Indivíduos jovens sem co-morbidades toleram relativamente bem o antimonial pentavalente. Nos pacientes com alteração cardiológica, pode ser usado o isotionato de pentamidina, embora pancreatite e diabetes mellitus seja um risco possível. Por fim, as anfotericinas podem ser usadas também em indivíduos com alterações cardiológicas. O grande problema, sem dúvida, está relacionado aos idosos ou pacientes com síndrome hipermetabólica, com diversas co-morbidades concomitantes, tais como cardiopatias, insuficiência renal e diabetes mellitus. Nesta situação, medicamento com menor toxicidade possível é absolutamente necessário, inclusive para evitar o óbito causado pelo tratamento.

SBMT: Qual é a importância da anfotericina lipossomal no tratamento de leishmaniose mucosa?
Dr. Valdir Amato: Como dito anteriormente, (a importância da anfotericina lipossomal está na sua aplicação) em pacientes com múltiplas co-morbidades, devido à sua menor toxidade renal e eficácia. É uma importante alternativa terapêutica, muitas vezes a única para tratar uma doença mutilante como a leishmaniose mucosa.

SBMT: A anfotericina lipossomal é de fácil acesso aos pacientes ou trata-se de um medicamento caro?
Dr. Valdir Amato: O custo da anfotericina lipossomal não é desprezível, mas devemos destacar que não será usado em todas as situações da leishmaniose mucosa. Desta forma, realizo um apelo ao Ministério da Saúde para incluir esta medicação como alternativa para a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), quando bem indicada, por exemplo em determinadas formas da leishmaniose cutânea, como a forma cutâneo-difusa, a forma disseminada e a forma mucosa, esta última onde os outros medicamentos são contraindicados. Há vários estudos na literatura que demonstram a eficácia e segurança desta medicação na LTA, especialmente na forma mucosa.

SBMT: A anfotericina lipossomal é a única droga registrada pelo Food and Drug Administration (FDA) para tratamento da leishmaniose visceral. E para o tratamento da leishmaniose mucosa, há outras alternativas?
Dr. Valdir Amato: Alternativas para a forma mucosa, além dos medicamentos descritos acima, (considerando) a menor toxicidade da anfotericina lipossomal, seria a Miltefosina. A Miltefosina é, na verdade, um agente para quimioterapia do câncer, especialmente do câncer de mama. Os estudos até o momento não são conclusivos quando relacionados principalmente a Leishmania (Viannia) braziliensis. Na Guatemala e Bolívia, os resultados foram controversos; aqui no Brasil, apresentou resultados aceitáveis em relação à forma cutânea da LTA, mas quanto à forma mucosa é necessário maiores evidências quanto à sua eficácia ou não. É importante destacar as alterações de respostas regionais para as espécies de L. V. braziliensis e mesmo para ouras espécies. Diante disto, um Estudo Multicêntrico é absolutamente necessário para definir melhor se a Miltefosina pode ser uma alternativa no tratamento da forma mucosa da LTA.

Em entrevista concedida à SBMT, o professor Valdir Sabbaga Amato, médico responsável pelo ambulatório de leishmanioses da Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, comentou sobre o tratamento da leishmaniose em sua forma mucosa. De acordo com Amato, para o tratamento deste tipo específico da doença, a anfotericina lipossomal surge como a melhor alternativa às drogas habitualmente utilizadas “devido à sua menor toxidade renal e eficácia”. Confira na íntegra:

SBMT: Qual é a situação do tratamento da leishmaniose mucosa no Brasil?
Dr. Valdir Amato: A leishmaniose mucosa é uma importante complicação decorrente de metástase da forma cutânea, esta causada por várias espécies de Leishmania, mas principalmente a Leishmania (Viannia) braziliensis.  Os medicamentos para o tratamento da forma mucosa são os antiquíssimos antimoniais, o isotionato de pentamidina e as anfotericinas B, que compreendem a formulação de desoxicolato e as formulações lipídicas. A situação atual do tratamento envolve custo das medicações, efeitos colaterais dos fármacos e as características dos pacientes. Indivíduos jovens sem co-morbidades toleram relativamente bem o antimonial pentavalente. Nos pacientes com alteração cardiológica, pode ser usado o isotionato de pentamidina, embora pancreatite e diabetes mellitus seja um risco possível. Por fim, as anfotericinas podem ser usadas também em indivíduos com alterações cardiológicas. O grande problema, sem dúvida, está relacionado aos idosos ou pacientes com síndrome hipermetabólica, com diversas co-morbidades concomitantes, tais como cardiopatias, insuficiência renal e diabetes mellitus. Nesta situação, medicamento com menor toxicidade possível é absolutamente necessário, inclusive para evitar o óbito causado pelo tratamento.

SBMT: Qual é a importância da anfotericina lipossomal no tratamento de leishmaniose mucosa?
Dr. Valdir Amato: Como dito anteriormente, (a importância da anfotericina lipossomal está na sua aplicação) em pacientes com múltiplas co-morbidades, devido à sua menor toxidade renal e eficácia. É uma importante alternativa terapêutica, muitas vezes a única para tratar uma doença mutilante como a leishmaniose mucosa.

SBMT: A anfotericina lipossomal é de fácil acesso aos pacientes ou trata-se de um medicamento caro?
Dr. Valdir Amato: O custo da anfotericina lipossomal não é desprezível, mas devemos destacar que não será usado em todas as situações da leishmaniose mucosa. Desta forma, realizo um apelo ao Ministério da Saúde para incluir esta medicação como alternativa para a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), quando bem indicada, por exemplo em determinadas formas da leishmaniose cutânea, como a forma cutâneo-difusa, a forma disseminada e a forma mucosa, esta última onde os outros medicamentos são contraindicados. Há vários estudos na literatura que demonstram a eficácia e segurança desta medicação na LTA, especialmente na forma mucosa.

SBMT: A anfotericina lipossomal é a única droga registrada pelo Food and Drug Administration (FDA) para tratamento da leishmaniose visceral. E para o tratamento da leishmaniose mucosa, há outras alternativas?
Dr. Valdir Amato: Alternativas para a forma mucosa, além dos medicamentos descritos acima, (considerando) a menor toxicidade da anfotericina lipossomal, seria a Miltefosina. A Miltefosina é, na verdade, um agente para quimioterapia do câncer, especialmente do câncer de mama. Os estudos até o momento não são conclusivos quando relacionados principalmente a Leishmania (Viannia) braziliensis. Na Guatemala e Bolívia, os resultados foram controversos; aqui no Brasil, apresentou resultados aceitáveis em relação à forma cutânea da LTA, mas quanto à forma mucosa é necessário maiores evidências quanto à sua eficácia ou não. É importante destacar as alterações de respostas regionais para as espécies de L. V. braziliensis e mesmo para ouras espécies. Diante disto, um Estudo Multicêntrico é absolutamente necessário para definir melhor se a Miltefosina pode ser uma alternativa no tratamento da forma mucosa da LTA.