Notícias

Aglomerações e elevação da temperatura favorecem ocorrência de doenças nos trópicosAgglomerations and raise in temperature

13/06/2013

Matéria

Pessoas que moram em favelas ou em locais com grandes aglomerações sofrem mais com os efeitos do aquecimento global

O aquecimento global provavelmente causará grandes transtornos à população, criando favelas apinhadas, conforme divulgado em matéria do Yale Daily News. A reportagem atenta que áreas de alta densidade populacional, especialmente com a elevação da temperatura, não apenas facilitam a transmissão de doenças, como seus habitantes são mais propensos a serem vulneráveis devido à desnutrição e à pobreza.

“Vai depender do tipo de evento climático extremo que o aquecimento global desencadear, como exemplos podemos citar: inundações (enxurradas ou enchentes) ocasionadas por chuvas intensas que podem danificar ou contaminar o sistema de abastecimento de água; e secas, onde a falta pode comprometer a quantidade e qualidade da oferta de água”, observa a coordenadora-geral de Vigilânciaem Saúde Ambientaldo Ministério da Saúde (SVS/MS), Daniela Buosi Rohlfs.

Segundo a especialista, estudos demonstram que os riscos à saúde podem ser gerados por impactos diretos ou indiretos do aquecimento global, podendo ocasionar consequências físicas, traumáticas, psicológicas, infecciosas e nutricionais. “Os diretos resultam de alterações extremas do clima como, por exemplo, ondas de calor e de frio, furacões, inundações, queimadas e secas, podendo causar mortes e traumas físicos e psicológicos. Os impactos indiretos são mediados por alterações no ambiente que influenciam nos ecossistemas e nos ciclos biológicos, geográficos e químicos, os quais podem modificar o perfil epidemiológico de doenças já existentes, e ocasionar o surgimento de doenças emergentes e reemergentes”, atenta Rohlfs.

Ela cita como exemplos as doenças diarreicas e outras infecciosas de transmissão hídrica e alimentar, em decorrência da alteração na quantidade e na qualidade da água; doenças transmitidas por vetores; além de doenças não-transmissíveis, como desnutrição, transtornos psicológicos, cardiorrespiratórias e dermatoses.

“A temperatura pode ter aumentos extremos, afetando todos os países, não somente os tropicais. Entretanto, a elevação pode ser maior nos trópicos ampliando as ondas de calor”, pondera Rohlfs ao explicar que o aumento da temperatura pode resultar em problemas de saúde, mais comumente relacionados às infecções transmitidas por vetores, como malária e dengue, bem como às doenças diarreicas transmitidas por alimentos (ex: salmonelose) – que atingem seu pico nos meses mais quentes.

Vulnerabilidade amplia impacto do aquecimento

Pessoas que moram em favelas ou em locais com grandes aglomerações sofrem mais com os efeitos do aquecimento global, conforme admite a coordenadora do MS. “Em determinadas condições de moradia os impactos podem ser intensificados. Os efeitos ocasionados pelos eventos climáticos extremos dependem de algumas condições que podem tornar as populações mais vulneráveis aos impactos, tais como idade; doenças pré-existentes (cardiovasculares, respiratórias crônicas e outras); tipo de moradia (material de construção, localização, aglomerações); condições socioeconômicas; e migrações”, reconhece.

Rohlfs aponta que para minimizar os impactos dos eventos climáticos extremos precisam ser adotadas algumas medidas, como: retirar populações das encostas de morros – que não tenham contenção – e de beiras de rios; estabelecer estratégias para que a população atenda às recomendações de manter sua comunidade limpa – sem a probabilidade de entupir esgotos ou calhas de escoamento de águas de chuva; além de manter sempre os grupos mais vulneráveis preparados e capacitados para saberem o que fazer em casos de ocorrência de eventos extremos.

Ações para resposta imediata

Na avaliação da especialista, o setor saúde precisa estar preparado e estruturado para estabelecer estratégias de adaptação que possam diminuir a incidência das doenças que têm relação com mudança climática.

Para isso ela destaca a intensificação das ações de vigilância e atenção em saúde, tais como: controlar doenças cardiovasculares, respiratórias e nutricionais, principalmente dos grupos de maior risco (crianças e idosos), antes da ocorrência de algum evento extremo; definir equipes de saúde mental para atendimento em casos de eventos extremos que possam causar danos humanos e materiais de forma intensa implicando em transtornos psicológicos e de comportamento das populações afetadas; estabelecer sistema de vacinação para as doenças infecciosas relacionadas ao clima, priorizando os grupos considerados mais vulneráveis; capacitar profissionais de saúde; criar atividades educativas e de sensibilização para as populações; além de desenvolver medidas de comunicação de risco.

Matéria

People living in slums or in large agglomerations are more exposed to the effect of global warming.

Global warming is likely to cause great troubles to the population, creating crowded slums, as published in the Yale Daily News. The news report cautions to high population density, especially with rising temperatures, not only ease diseases transmission, but their inhabitants are most likely to be vulnerable to starvation and poverty.

“It will depend on which extreme climatic event the global warming will cause, such as floods resulting from heavy rains that can damage or contaminate the water supply systems; and drought, where the lack of water can compromise the quantity and quality of the water supply”, points Daniela Buosi Rohlfs, the general coordinator of the Environmental Health Surveillance, from the Health Ministry.

According to the specialist, studies have shown that the health risks can be caused by global warming direct and indirect impacts, causing physical, traumatic, psychological, infectious and nutritional consequences. “The direct consequences result from extreme climate change, for example, heat and cold waves, tornadoes, floods, fires and droughts, causing deaths and physical or psychological traumas. The indirect impacts happen due to changes in the environments that influence the ecosystems and biological, geographical and chemical cycles, which and change the existing epidemiological profile of existing diseases, and cause the occurrence of emerging and reemerging diseases”, points Rohlfs.

She quotes as examples diarrheas and other hydric and alimentary transmissible diseases, due to changes in the water’s quantity and quality; vector-borne diseases and non-transmissible diseases, as starvation, psychological disorders, cardiopulmonary diseases and dermatosis.

“The temperature can have extreme raises, affecting all countries, not only the tropical countries. However, the raise can be larger in the tropics, increasing the heat waves”, Rohlfs explains that the temperature increase can result in health issues, most commonly related to vector-borne diseases and malaria and dengue-fever, as well as diarrheas – that reach their peeks during the hottest months.

Vulnerability raises the warming impact

The effects of global warming are greater among people who live in slums or places with large agglomerations, as admits the Health Ministry’s coordinator. “The impacts can be boosted under certain living conditions. The effects of extreme climatic events depend on some conditions that can make populations more vulnerable to the impacts, as age, pre-existing diseases (heart disease, pulmonary, chronic and others); type of housing (building material, locations, agglomeration); social and economic and migrations”, recongnizes.

Rohlfs points that some measures must be taken in order to minimize the impacts of extreme climatic events, as: remove populations from hillsides – that don’t have containment – and from riversides; establish strategies to assure that the population will keep their communities clean – without the risk of clogging sewers or rain drainage pipes; besides keeping the most vulnerable groups prepared and able to act in cases of extreme climatic events.

Actions for prompt response

To the specialist, the health sector needs to be prepared and structured to establish adaptation strategies able to decrease diseases related to climatic change.

For this, she points the increase of surveillance actions and health attention, such as: controlling cardiovascular, pulmonary and nutritional, especially in the high-risk group (children and elderly), prior to the incidence of any extreme event; define mental health teams for the cases when extreme events may cause severe human and material damage, resulting in the population’s psychological an behavioral disorders; establish a vaccination system for weather related infectious diseases; prepare health professionals; create educational and awareness programs for the populations; besides developing the risk communication strategies.