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O sucesso da Infectologia nacionalO sucesso da Infectologia nacional

05/04/2012

Na edição 203 (dezembro de 2011), do jornal “Medicina – Conselho Federal”, está publicada a relação do número de médicos que têm título de especialista, conforme as áreas de atuação profissional. Essa informação causou-me satisfação ao verificar que Infectologia aparece na 23ª posição, acima de ramos de atividades tradicionais e bem estabilizadas.

Explico o contentamento. Até o início dos anos cinquenta do século anterior existiam alguns discretos setores assistenciais, quase sempre de caráter público, algo voltado para doenças infecciosas e parasitárias. Também poucas Faculdades tinham modestas configurações ligadas a tais enfermidades, no âmbito da Clínica Médica ou como simples Disciplinas, e poucos médicos eram conhecidos por dedicarem-se parcialmente aos males citados. Cito, com justiça, três ilustrações: os doutores Arary da Cruz Tiriba, Jair Xavier Guimarães e José Rodrigues da Silva.

Quando terminei o estágio como médico residente, em 1954, percebi que a situação vigente requeria diferenciação e aprimoramento. Era necessário partir para mudança, ficando estabelecido contexto mais coerente com a realizada, sobretudo porque no Brasil e em países congêneres as doenças em questão são abundantes e, comumente, acrescidas de mais problemas. Afinal, para mim mostrou-se claramente a conveniência de situar melhor, com personalidade, categoria proeminente.

De passagem, com orgulho relato que fiz parte do primeiro grupo de médicos residentes no Brasil. Em 1952 e 1953 devotei-me com afinco à especialização em serviço, na Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Juntei o que aprendi no curso de graduação a uma formação global e prática prevista no plano pertinente à residência. De fato dei subsídios a uma vocação nascida sem prévia premeditação e, saliento, em período de pouca relevância para o grupo de males infectoparasitários que estou salientando.

___________________________

Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico infectologista.

Até a consolidação da Infectologia nacional, segundo a vontade de entusiasmados, fatos ajudaram bastante. Vou destacar dois que interpreto como valiosos. 1) Ao selecionar médicos para atuações no Hospital “Emílio Ribas”, que tinha essa denominação na época, o Professor Walter Sidney Pereira Leser, extremamente idealista, voluntarioso e capaz Secretário de Estado da Saúde, de São Paulo, estabeleceu no edital do concurso que os candidatos precisariam ser profissionalmente infectologistas; com grande regozijo fiz parte da comissão organizadora e examinadora nesse evento prestimoso para a Infectologia que almejamos. 2) A Associação Médica Brasileira idealizou a concessão de Título de Especialista a médicos que se dedicam a espaço específico de atividade e Infectologia está incluída no elenco, ganhando assim oficialização, em posição merecida.

Conceitualmente Infectologia é parte da Medicina que se ocupa do estudo das doenças infecciosas. Respeitando radicalmente essa concepção surge um contratempo. Obtida a personalização da especialidade, com estabelecimento de título profissional correspondente, deduzo que não houve ambição de abarcar tudo o que se refere às doenças infecciosas. Inclusive porque atualmente numerosas são motivadas por microorganismos ou parasitas e pesquisas mostram que essa quantidade aumentará. Por exemplo, até obesidade, diabetes, malignidades e perturbações mentais ganharão etiologia infecciosa, provavelmente. Lembro o que aconteceu com o sarcoma de Kaposi e o câncer do colo uterino. Entretanto, torna-se impossível mudar porque a Infectologia que almejamos é algo diverso e consagrado. Vale lembrar que isso também ocorre com outras categorias de atividades. Como divagação digo que Dipologia, contendo dip de enfermidades infectoparasitárias, jamais vigoraria. Sensatamente, deixo tal detalhe em paz.

Mudar é impossível, já que Infectologia configura denominação consagrada. Aceitação, por motivos variados, de nome diverso do ideal estão por ai: o DDT (diclorodifeniltricloroetano) constitui inseticida que combate pragas segundo a capacidade dele, mas atualmente quaisquer substâncias capazes de oporem-se a incômodos de outras naturezas fazem dedetização ou, pior, imunização.

Os infectologistas, em nosso meio, começaram a ser convocados para efetivamente participarem de missões correlatas e, muitas vezes, recebem atribuições diversificadas que alargam a esfera de suas ações. Específico: atualização e normatização quanto ao uso de antimicrobianos; presença obrigatória em controle de infecção hospitalar; papel importante nas imunizações; trabalhos em infecções hospitalares, pós-cirúrgicas e comprometedoras de imunodeprimidos. Tudo isso eleva a quantidade de tarefas coerentes com a habilidade de ligados à Infectologia. Pormenor: modo de ver pessoal inclui nos labores de especialidades incumbências não claramente delas e isso igualmente sucede com a Infectologia; confirmando, cito a confiança em infectologistas  quando febre de origem indeterminada requer consideração.

Com princípio em 1954, eu e colegas igualmente entusiasmados empregamos denodo, aguerrimento e convicção a fim de contar com infectologistas personalizados por aqui. Conseguido sucesso, características da atuação destes profissionais envolveram mormente cuidados clínicos, ao lado de investigações científicas, apoio à saúde pública e acolhimento de tarefas que aos poucos foram associadas. Determinados países não adotam estilo semelhante, porquanto conhecidos como possuidores de conhecimentos de moléstias infecciosas e parasitárias, vão a lugares diversos, cooperando ou assessorando, sem o dístico especial que atribuímos entre nós.

Em certa época do século anterior, quando entidades, além de profissionais que se dedicavam à Pediatria, organizavam eventos didáticos ou para atualização de conhecimentos, convidavam para as explanações de assuntos infectoparasitários colegas de outras áreas e eles, prazerosamente participavam. Com alguma inspiração nisso despontou a Infectologia Pediátrica. Como consequência dessa adesão Serviços de Infectologia passaram a contar com pediatras especializados.

Como nada nasce pronto compareceram obstáculos, que não influíram negativamente. Vou descrever três. Um: professor universitário, muito atuante e realizador, em sessão do Conselho de importante Faculdade disse enfaticamente, como fazia sempre, ao ser sugerida a implantação de Disciplina referente às doenças infecciosas e parasitárias: “doença infecciosa é Clínica Médica com febre”. Dois: outro eminente professor, dirigente de setor pertinente a tais enfermidades, em conversa comigo deixou claro que não era adepto da iniciativa para conceder personalidade a especialidade na qual figurava como chefe, destoando de minha vontade de conceder avanço progressista e coerente, concretamente, com necessidades. Três: Deu-se com médico ocupante de alta posição universitária em local destinado fundamentalmente a ensino clínico-assistencial apesar de nunca ter sido visto examinando um paciente; levantou a possibilidade de dividir o compartimento em duas partes, ou seja, doenças infecciosas e parasitárias, para conturbar como tradicionalmente fazia, se bem que nesse caso sem chance de aceitação.

Retorno ao que disse no início destes comentários. A implantação da Infectologia como especialidade motivou excelente e rápida evolução, com resultado vitorioso e benefícios assistenciais, científicos ou didáticos. Sinto-me feliz e orgulhoso pelo bom êxito.

Na edição 203 (dezembro de 2011), do jornal “Medicina – Conselho Federal”, está publicada a relação do número de médicos que têm título de especialista, conforme as áreas de atuação profissional. Essa informação causou-me satisfação ao verificar que Infectologia aparece na 23ª posição, acima de ramos de atividades tradicionais e bem estabilizadas.

Explico o contentamento. Até o início dos anos cinquenta do século anterior existiam alguns discretos setores assistenciais, quase sempre de caráter público, algo voltado para doenças infecciosas e parasitárias. Também poucas Faculdades tinham modestas configurações ligadas a tais enfermidades, no âmbito da Clínica Médica ou como simples Disciplinas, e poucos médicos eram conhecidos por dedicarem-se parcialmente aos males citados. Cito, com justiça, três ilustrações: os doutores Arary da Cruz Tiriba, Jair Xavier Guimarães e José Rodrigues da Silva.

Quando terminei o estágio como médico residente, em 1954, percebi que a situação vigente requeria diferenciação e aprimoramento. Era necessário partir para mudança, ficando estabelecido contexto mais coerente com a realizada, sobretudo porque no Brasil e em países congêneres as doenças em questão são abundantes e, comumente, acrescidas de mais problemas. Afinal, para mim mostrou-se claramente a conveniência de situar melhor, com personalidade, categoria proeminente.

De passagem, com orgulho relato que fiz parte do primeiro grupo de médicos residentes no Brasil. Em 1952 e 1953 devotei-me com afinco à especialização em serviço, na Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Juntei o que aprendi no curso de graduação a uma formação global e prática prevista no plano pertinente à residência. De fato dei subsídios a uma vocação nascida sem prévia premeditação e, saliento, em período de pouca relevância para o grupo de males infectoparasitários que estou salientando.

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Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico infectologista.

Até a consolidação da Infectologia nacional, segundo a vontade de entusiasmados, fatos ajudaram bastante. Vou destacar dois que interpreto como valiosos. 1) Ao selecionar médicos para atuações no Hospital “Emílio Ribas”, que tinha essa denominação na época, o Professor Walter Sidney Pereira Leser, extremamente idealista, voluntarioso e capaz Secretário de Estado da Saúde, de São Paulo, estabeleceu no edital do concurso que os candidatos precisariam ser profissionalmente infectologistas; com grande regozijo fiz parte da comissão organizadora e examinadora nesse evento prestimoso para a Infectologia que almejamos. 2) A Associação Médica Brasileira idealizou a concessão de Título de Especialista a médicos que se dedicam a espaço específico de atividade e Infectologia está incluída no elenco, ganhando assim oficialização, em posição merecida.

Conceitualmente Infectologia é parte da Medicina que se ocupa do estudo das doenças infecciosas. Respeitando radicalmente essa concepção surge um contratempo. Obtida a personalização da especialidade, com estabelecimento de título profissional correspondente, deduzo que não houve ambição de abarcar tudo o que se refere às doenças infecciosas. Inclusive porque atualmente numerosas são motivadas por microorganismos ou parasitas e pesquisas mostram que essa quantidade aumentará. Por exemplo, até obesidade, diabetes, malignidades e perturbações mentais ganharão etiologia infecciosa, provavelmente. Lembro o que aconteceu com o sarcoma de Kaposi e o câncer do colo uterino. Entretanto, torna-se impossível mudar porque a Infectologia que almejamos é algo diverso e consagrado. Vale lembrar que isso também ocorre com outras categorias de atividades. Como divagação digo que Dipologia, contendo dip de enfermidades infectoparasitárias, jamais vigoraria. Sensatamente, deixo tal detalhe em paz.

Mudar é impossível, já que Infectologia configura denominação consagrada. Aceitação, por motivos variados, de nome diverso do ideal estão por ai: o DDT (diclorodifeniltricloroetano) constitui inseticida que combate pragas segundo a capacidade dele, mas atualmente quaisquer substâncias capazes de oporem-se a incômodos de outras naturezas fazem dedetização ou, pior, imunização.

Os infectologistas, em nosso meio, começaram a ser convocados para efetivamente participarem de missões correlatas e, muitas vezes, recebem atribuições diversificadas que alargam a esfera de suas ações. Específico: atualização e normatização quanto ao uso de antimicrobianos; presença obrigatória em controle de infecção hospitalar; papel importante nas imunizações; trabalhos em infecções hospitalares, pós-cirúrgicas e comprometedoras de imunodeprimidos. Tudo isso eleva a quantidade de tarefas coerentes com a habilidade de ligados à Infectologia. Pormenor: modo de ver pessoal inclui nos labores de especialidades incumbências não claramente delas e isso igualmente sucede com a Infectologia; confirmando, cito a confiança em infectologistas  quando febre de origem indeterminada requer consideração.

Com princípio em 1954, eu e colegas igualmente entusiasmados empregamos denodo, aguerrimento e convicção a fim de contar com infectologistas personalizados por aqui. Conseguido sucesso, características da atuação destes profissionais envolveram mormente cuidados clínicos, ao lado de investigações científicas, apoio à saúde pública e acolhimento de tarefas que aos poucos foram associadas. Determinados países não adotam estilo semelhante, porquanto conhecidos como possuidores de conhecimentos de moléstias infecciosas e parasitárias, vão a lugares diversos, cooperando ou assessorando, sem o dístico especial que atribuímos entre nós.

Em certa época do século anterior, quando entidades, além de profissionais que se dedicavam à Pediatria, organizavam eventos didáticos ou para atualização de conhecimentos, convidavam para as explanações de assuntos infectoparasitários colegas de outras áreas e eles, prazerosamente participavam. Com alguma inspiração nisso despontou a Infectologia Pediátrica. Como consequência dessa adesão Serviços de Infectologia passaram a contar com pediatras especializados.

Como nada nasce pronto compareceram obstáculos, que não influíram negativamente. Vou descrever três. Um: professor universitário, muito atuante e realizador, em sessão do Conselho de importante Faculdade disse enfaticamente, como fazia sempre, ao ser sugerida a implantação de Disciplina referente às doenças infecciosas e parasitárias: “doença infecciosa é Clínica Médica com febre”. Dois: outro eminente professor, dirigente de setor pertinente a tais enfermidades, em conversa comigo deixou claro que não era adepto da iniciativa para conceder personalidade a especialidade na qual figurava como chefe, destoando de minha vontade de conceder avanço progressista e coerente, concretamente, com necessidades. Três: Deu-se com médico ocupante de alta posição universitária em local destinado fundamentalmente a ensino clínico-assistencial apesar de nunca ter sido visto examinando um paciente; levantou a possibilidade de dividir o compartimento em duas partes, ou seja, doenças infecciosas e parasitárias, para conturbar como tradicionalmente fazia, se bem que nesse caso sem chance de aceitação.

Retorno ao que disse no início destes comentários. A implantação da Infectologia como especialidade motivou excelente e rápida evolução, com resultado vitorioso e benefícios assistenciais, científicos ou didáticos. Sinto-me feliz e orgulhoso pelo bom êxito.