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Técnica inibe ação do parasita da maláriaTécnica inibe ação do parasita da malária

17/07/2012

Parasita
Nos mosquitos com a bactéria modificada (verde), o
desenvolvimento dos plasmódios é reduzido em até 98% 
 

A malária é uma doença tropical que mata mais de 1 milhão de pessoas por ano no mundo. No Brasil, a região amazônica é considerada área endêmica para a doença. Mas um novo estudo publicado na revista científica americana Pnas pode ser a chave para reverter o problema. Cientistas do Instituto Johns Hopkins de Pesquisa da Malária (EUA) criaram um método que promete reduzir em até 98% o desenvolvimento do parasita causador da doença que se aloja e se multiplica no interior do mosquito Anopheles.

O resultado foi possível por meio da modificação genética de uma bactéria comumente encontrada no intestino do mosquito. Após a intervenção, os pesquisadores constataram que os parasitas, também chamados de plasmódios, não conseguem sobreviver no interior dos mosquitos que carregam as bactérias geneticamente modificadas. A bactéria Pantoea agglomerans foi alterada de forma a secretar proteínas tóxicas ao parasita da malária, sem, no entanto, prejudicar os insetos e os humanos.

Anteriormente, os pesquisadores já haviam demonstrado que um mosquito pode ser geneticamente modificado de forma a se tornar resistente ao parasita da malária. Isso foi possível por meio da introdução de antimaláricos no genoma do mosquito. Entretanto, de acordo com Marcelo Jacobs-Lorena, um dos autores da pesquisa, no momento de aplicar o método em campo, foi complicado introduzir os genes antimalária na população de mosquitos dispersos no ambiente. “Por esse motivo, desenvolvemos uma estratégia alternativa, aproveitando o fato de que, assim como os seres humanos, os mosquitos carregam uma grande população de bactérias”, explica.

De acordo com o autor, os mosquitos são alimentados por meio de uma bola de algodão embebida com uma suspensão de bactérias modificadas. “Elas invadem o intestino do inseto, secretam as proteínas recombinantes e o tornam resistente ao parasita”, explica. O método foi testado em laboratório e, agora, será aplicado em campo. “Estamos utilizando bactérias que podem ser transmitidas de uma geração de mosquitos para a outra, o que significa que elas devem se espalhar sozinhas.”

Para a doutora Silvia Di Santi, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, os resultados da pesquisa certamente trazem novas perspectivas para diminuir a transmissão da malária. Entretanto, a pesquisadora defende que é preciso cautela para não gerar falsas expectativas. “Estudos anteriores com mosquitos modificados geneticamente mostraram que, quando competindo na natureza, os mosquitos sem as modificações tendem a ser dominantes em relação aos geneticamente modificados”, explica. Para Carlos Nery, presidente da  sociedade Brasileira de Medicina Tropical, os resultados da pesquisa são de extrema importância para a ciência. “Existe uma base científica muito forte por trás desse estudo. E é importante dizer isso porque o Brasil ainda está a reboque dessas revoluções científicas em nosso próprio território. Somos a sexta economia do mundo, mas ainda dependemos dos países desenvolvidos para combater doenças que acontecem em nosso país”, critica.

Parasita
Nos mosquitos com a bactéria modificada (verde), o 
desenvolvimento dos plasmódios é reduzido em até 98% 
 

A malária é uma doença tropical que mata mais de 1 milhão de pessoas por ano no mundo. No Brasil, a região amazônica é considerada área endêmica para a doença. Mas um novo estudo publicado na revista científica americana Pnas pode ser a chave para reverter o problema. Cientistas do Instituto Johns Hopkins de Pesquisa da Malária (EUA) criaram um método que promete reduzir em até 98% o desenvolvimento do parasita causador da doença que se aloja e se multiplica no interior do mosquito Anopheles.

O resultado foi possível por meio da modificação genética de uma bactéria comumente encontrada no intestino do mosquito. Após a intervenção, os pesquisadores constataram que os parasitas, também chamados de plasmódios, não conseguem sobreviver no interior dos mosquitos que carregam as bactérias geneticamente modificadas. A bactéria Pantoea agglomerans foi alterada de forma a secretar proteínas tóxicas ao parasita da malária, sem, no entanto, prejudicar os insetos e os humanos.

Anteriormente, os pesquisadores já haviam demonstrado que um mosquito pode ser geneticamente modificado de forma a se tornar resistente ao parasita da malária. Isso foi possível por meio da introdução de antimaláricos no genoma do mosquito. Entretanto, de acordo com Marcelo Jacobs-Lorena, um dos autores da pesquisa, no momento de aplicar o método em campo, foi complicado introduzir os genes antimalária na população de mosquitos dispersos no ambiente. “Por esse motivo, desenvolvemos uma estratégia alternativa, aproveitando o fato de que, assim como os seres humanos, os mosquitos carregam uma grande população de bactérias”, explica.

De acordo com o autor, os mosquitos são alimentados por meio de uma bola de algodão embebida com uma suspensão de bactérias modificadas. “Elas invadem o intestino do inseto, secretam as proteínas recombinantes e o tornam resistente ao parasita”, explica. O método foi testado em laboratório e, agora, será aplicado em campo. “Estamos utilizando bactérias que podem ser transmitidas de uma geração de mosquitos para a outra, o que significa que elas devem se espalhar sozinhas.”

Para a doutora Silvia Di Santi, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, os resultados da pesquisa certamente trazem novas perspectivas para diminuir a transmissão da malária. Entretanto, a pesquisadora defende que é preciso cautela para não gerar falsas expectativas. “Estudos anteriores com mosquitos modificados geneticamente mostraram que, quando competindo na natureza, os mosquitos sem as modificações tendem a ser dominantes em relação aos geneticamente modificados”, explica. Para Carlos Nery, presidente da  sociedade Brasileira de Medicina Tropical, os resultados da pesquisa são de extrema importância para a ciência. “Existe uma base científica muito forte por trás desse estudo. E é importante dizer isso porque o Brasil ainda está a reboque dessas revoluções científicas em nosso próprio território. Somos a sexta economia do mundo, mas ainda dependemos dos países desenvolvidos para combater doenças que acontecem em nosso país”, critica.