Notícias

Nova proteína ajuda a eliminar vírus ‘adormecidos’ de HIV do organismo

Proteína desenvolvida em laboratório marca células infectadas pelo vírus, facilitando sua localização e destruição pelo sistema imunológico

14/12/2015
width=300

Eliminação das células infectadas pelo HIV de forma oculta iria limitar a dependência das drogas antirretrovirais

A eliminação total do vírus HIV do organismo humano é uma das atuais obsessões da ciência. Entre as abordagens com esse intuito, está a tentativa de aniquilar as células ‘adormecidas’ infectadas pelo vírus, que são invisíveis para o sistema imunológico e os remédios antivirais. E um estudo nessa linha parece estar próximo de obter sucesso.

Pesquisadores do Instituto Nacional dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) criaram, em laboratório, uma proteína – chamada de VRC07-?CD3 – capaz de marcar as células infectadas pelo vírus, facilitando sua localização e a destruição delas pelo sistema imunológico.

A descoberta pode auxiliar em um problema que afeta pacientes tratados com antirretrovirais, já que o uso prolongado desses medicamentos aumenta o risco de desenvolver, por exemplo, doenças cardiovasculares. O método não pode ser interrompido pelo risco do vírus ‘adormecido’ voltar a atacar as células saudáveis do organismo.

“A eliminação das células infectadas pelo HIV de forma oculta iria limitar a dependência das drogas antirretrovirais”, explicam os autores da pesquisa. Outros estudos em animais e em humanos, no entanto, são necessários para determinar a viabilidade da abordagem com a nova proteína.

Como funciona

Os pesquisadores descobriram que a proteína VRC07-?CD3 provocou a ativação e a morte de células T auxiliares infectadas pelo HIV que estavam adormecidas. Essas células, retiradas de pessoas em terapia antirretroviral, foram incubadas em laboratório com células T assassinas dos próprios pacientes.

Cada uma das duas extremidades da VRC07-aCD3 tem funções diferentes. A primeira ativa o linfócito T através da ligação a uma molécula de superfície chamada de receptor CD3. Já a outra extremidade, baseada num anticorpo chamado VRC07, se liga a mais do que 90% dos tipos de HIV existentes. Ao todo, a proteína facilita a morte das células latentes infectadas pelo HIV em três etapas.

Primeiramente, a extremidade de ligação ao CD3 se conecta as células T auxiliares infectadas pelos vírus HIV adormecidos, ativando esta célula de modo que ela começa a produzir o HIV e a exibir ‘pedaços’ do vírus em sua superfície. Em seguida, a parte da proteína que se liga ao HIV se prende a esses pedaços de vírus, enquanto a extremidade de ligação de CD3 se conecta a uma das células assassinas T, ativando-a e aproximando-a da célula T auxiliar. Finalmente, as células T assassinas ativadas destroem a célula T auxiliar infectada pelo HIV.

Os autores do estudo, publicado em um artigo na Nature Communications encontraram ainda uma versão adaptada dessa proteína para macacos infectados pela forma símia do HIV – chamada de SIV – e que recebem a terapia antirretroviral. Os pesquisadores estão agora estudando a eficácia da VRC07-?CD3 adaptada para estes animais.