O Professor Vicente Amato Neto graduou-se pela Faculdade de Medicina da USP em 1951 e foi o primeiro médico residente da especialidade no Brasil, tendo cumprido seu treinamento na Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da FMUSP. Dedicou sua longa e ativa vida profissional às Doenças Infecciosas e Parasitárias e à Medicina Tropical, envolvendo-se em atividades de pesquisa, de ensino em todos os níveis da formação médico-científica e de extensão universitária.
Criou vários Serviços de Infectologia como do Hospital de Clínicas da UNICAMP onde foi Professor, do Hospital do Servidor do Estado de São Paulo, que continua formando médicos infectologistas para o Brasil, e liderou a Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas de São Paulo de 1976 a 1997, esteve à frente da formação de diversos médicos especialistas, hoje líderes em serviços médicos e acadêmicos em várias regiões do país.
Sua profícua produção intelectual na área tem como destaques a caracterização da forma aguda e da transmissão transfusional da Doença de Chagas, a caracterização clínica da toxoplasmose adquirida, aspectos diagnósticos e terapêuticos das enteroparasitoses e as imunizações. Esteve à frente do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo como Diretor entre 1985 e 1988.
Ocupou-se, ainda, da gestão de políticas públicas em nossa área de atuação, como Superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (1987-92) e como Secretário de Estado da Saúde de São Paulo (1992-93). Foi sócio fundador e Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e da Sociedade Brasileira de Imunizações tendo sido Presidente das duas.
Professor Amato deixa esposa, Sra. Miriam Sabbaga Amato, os filhos Vicente e Valdir, este último Professor Associado do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FMUSP, nora Patrícia e o neto Vicentinho.
Saindo da formalidade, o Amato tinha algumas paixões na vida – jogar futebol, tendo, desde a época de acadêmico, montado um time que perdura até hoje, o “time do Amato”, jogava todos os sábados no campo da Atlética, que, aliás, tem seu nome e tem uma estátua em sua homenagem; era o dono do time, da bola, das camisas que distribuía antes dos jogos para aqueles que ele considerava titular, marcava os jogos e brigava com os adversários como se fossem inimigos. Era um palmeirense fanático a ponto de não assistir os jogos para evitar sofrimento, participando ativamente da vida do Clube; era um “palpiteiro” bastante respeitado pela diretoria. Adorava escrever e dar entrevistas, o que fazia muito bem, pelo conhecimento, pela facilidade de transmissão para a Sociedade em geral; escrevia para boa parte dos jornais; dizia que era seu sonho ser jornalista, publicou livros científicos e leigos com histórias curiosas da Medicina.
Participou como protagonista, no início da pandemia da infecção pelo HIV, quando ia a público defender a prevenção e criticar o preconceito existente, e de momentos críticos da vida nacional e por ocasião da doença que acometeu o então Presidente Tancredo Neves quando era o responsável pela área clínica.
Mas, a principal característica do Amato era o de ser um garimpeiro de talentos; sabia incentivar, propunha linhas de ação para todos que com ele trabalhavam e “abria” as portas para atingirem seus projetos. Caro amigo, descanse em paz com a certeza que seu legado frutificou e seus ideais serão levados adiante por todos nós.
Dr. Marcos Boulos…
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**