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Pesquisa conquista Prêmio Jovem Pesquisador 2016 na categoria Doutorado ao identificar proteínas que podem ser candidatas à vacina e diagnóstico para leptospirose

A leptospirose é uma doença que afeta principalmente a população mais pobre, estando no grupo de males que recebe poucos recursos para pesquisa e tratamento

09/11/2016
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As vacinas disponíveis atualmente contra a doença apresentam imunidade sorovar específica e de curta duração

Uma pesquisa que identificou proteínas da bactéria Leptospira interrogans sorovar Copenhageni, que possuem potencial para aplicação em novos testes sorológicos para diagnóstico da leptospirose e também candidatos vacinais contra a doença, foi o grande vencedor da categoria Doutorado do Prêmio Jovem Pesquisador 2016. O trabalho, “Antibody profiling in patients with mild and severe leptospirosis: a genome-wide protein microarray approach”, desenvolvido pela pesquisadora Carolina Lessa Aquino, foi reconhecido com a honraria durante o 52º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), realizado em Maceió (AL).

“A pesquisa foi útil também para o estudo da resposta imune desenvolvida pelos pacientes durante a infecção natural por Leptospira, pois vimos que pacientes com diferentes manifestações clínicas apresentaram perfil de anticorpos bastante distintos, com uma possível correlação entre a presença prévia de anticorpos e proteção contra as formas graves da doença”, explica a pesquisadora Carolina.

No projeto, todas as proteínas da bactéria Leptospira interrogans sorovar Copenhageni foram obtidas através de técnicas de DNA recombinante, para confecção de um microarranjo de proteínas. Soros de pacientes com leptospirose branda e grave, bem como de indivíduos saudáveis, moradores da cidade de Salvador (BA), foram hibridizados nos microarranjos para identificação de proteínas soro-reativas.

A leptospirose é uma doença com um amplo espectro de manifestações clínicas, podendo variar desde uma doença febril aguda até a forma mais grave, caracterizada por falência hepática e renal e síndrome pulmonar hemorrágica.

O diagnóstico clínico da enfermidade é complicado devido aos sintomas inespecíficos, comuns a outras doenças como dengue, gripe e malária, por exemplo. O diagnóstico laboratorial, por sua vez, apresenta baixa sensibilidade na fase inicial da doença, quando a terapia com antimicrobiano é mais eficaz. Além disso, de acordo com Carolina Lessa, as vacinas disponíveis atualmente contra a doença apresentam imunidade sorovar específica e de curta duração.

“Nesse contexto, o desenvolvimento de novos testes diagnósticos, bem como de vacinas eficazes, é fundamental para o tratamento e prevenção dos agravos relacionados a essa doença”, afirma ao complementar que estudos como este, sobre a resposta imune gerada por pacientes infectados por Leptospira, são importantes nesse sentido, agregando conhecimento na área e dando suporte ao desenvolvimento de novos testes e vacinas.

O trabalho faz parte do Projeto “Leptospirose Urbana: Estudo dos Determinantes da Doença”, financiado pelo International Collaboration in Infectious Disease Research/NIH e coordenado pelo doutor Albert Ko, professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O estudo vencedor tem como pesquisador principal e orientador da tese de doutorado o doutor Marco Alberto Medeiros. Também fizeram parte do trabalho os pesquisadores: Janet C. Lindow, Arlo Randall, Elsio Wunder, Jozelyn Pablo, Rie Nakajima, Algis Jasinskas, Mitermayer Galvão Reis, Philip L. Felgner.

O projeto teve o envolvimento de uma equipe multidisciplinar de aproximadamente 20 pessoas, incluindo médicos, pesquisadores com diferentes formações, técnicos e alunos de iniciação cientifica, mestrado e doutorado.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**