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Pesquisa usa membranas de hidrogel para tratamento de leishmaniose cutânea Research tests hydrogel membranes to treat cutaneous leishmaniasis

Trabalho pode apontar solução de baixo custo para países pobres no combate à doençaThis could mean a low-cost solution to combat the disease in poor countries

12/03/2015

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O estudo obteve resultados satisfatórios em camundongos. O próximo passo será o teste em pessoas acometidas pela doença

Estudos envolvendo uma membrana de hidrogel podem revelar uma solução menos traumática e mais barata para quem sofre com feridas causadas pela leishmaniose cutânea. Como a doença afeta especialmente os que vivem nos países mais pobres, há uma importante vantagem nesse método: o tratamento é de baixo custo. O recurso é apontado pela pesquisa da doutora em Ciência com ênfase em Tecnologia Nuclear de Materiais, Maria José Alves de Oliveira. Ela foi orientada pela doutora Duclerc Fernandes Parra, especialista em polímeros do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Os hidrogéis foram desenvolvidos no IPEN-USP, com bolsa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A pesquisadora explica que a curiosidade no assunto surgiu quando encontrou relatos sobre os problemas enfrentados por pacientes devido à toxicidade do antimoniato, droga utilizada no tratamento de leishmaniose. O produto é usado de forma injetável e, quando cai na corrente sanguínea, provoca arritmia cardíaca, disfunções renais, entre outros efeitos colaterais.

No estudo, as membranas de hidrogel são fabricadas para o uso tópico das feridas de Leishmania – protozoário que transmite a doença –, o que evita o contato do fármaco na corrente sanguínea e, consequentemente, diminui os efeitos colaterais. “O hidrogel tem a forma de uma gelatina com 80% de água e só 20% de polímero. É uma membrana hidratante, macia, flexível, que isola o ferimento do contato externo com micro organismos e libera o fármaco lentamente diminuindo o risco de toxicidade”, relata a pesquisadora.

Dados do Ministério da Saúde revelam que no ano de 2011 a leishmaniose cutânea atingiu 7,3 mil pessoas na Região Norte, 5,2 mil no Nordeste e 986 no Sudeste. Esse é um dos motivos pelos quais o doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Valdir Sabbaga Amato, considera o estudo um avanço no tratamento. “As doenças negligenciadas como a leishmaniose cutânea precisam cada vez mais da participação das universidades e centros de pesquisa governamentais, que são fundamentais para inovação tecnológica”, ressalta.

Dr. Amato foi o co-orientador da doutora Maria José na pesquisa e avalia que o intercâmbio de conhecimentos pode trazer grandes avanços para o combate à doença. “A Dra. Maria José possuía a membrana, e nós possuíamos a expertise do tratamento. Foi um ‘casamento’ perfeito”, celebrou.

Apesar de não ter sido testado em humanos, o estudo obteve resultados satisfatórios em camundongos. De acordo com a doutora Maria José, o próximo passo será o teste em pessoas acometidas pela doença. “Depois de o estudo passar pelos humanos, a membrana de hidrogel poderá ser um tratamento alternativo adotado no País”, explicou.

Prêmio

Dada a relevância do estudo e os resultados obtidos até o momento, o trabalho recebeu o Prêmio Capes de Tese 2014 da área de Engenharias II. Para a pesquisadora, o reconhecimento vai permitir novos estudos com o tema. “Esse prêmio foi muito importante. Além do reconhecimento do trabalho, com a bolsa do prêmio veio a garantia de continuar fazendo o que mais gosto, que é pesquisar”, comemorou.

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The study had satisfactory results in mice. The next step will be testing people infected with the disease

Studies involving a hydrogel membrane can result in a less traumatic and cheaper solution for those with wounds caused by cutaneous leishmaniasis. Since the disease affects especially those living in poor countries, there is an important advantage: this is a low-cost treatment. The feature is described in the research by Dr. Maria Jose Alves de Oliveira, PhD in Science with emphasis in Nuclear Material Technology. PhD Duclerc Fernandes Parra, expert in polymers by the Nuclear and Energetic Research Institute (IPEN), advised her. The hydrogel development was conducted at the IPEN-USP and funded by the Sao Paulo State Research Support Foundation – FAPESP.

The researcher explains that the curiosity woke when she found reports of the problems faced by patients due to the toxicity of antimony, the drug used to treat leishmaniasis. When the product is injected and reaches the bloodstream, it causes cardiac arrhythmia, kidney dysfunction among other side effects.

In the study, the hydrogel membranes are produced for topical use in the wounds caused by the Leishmania the causing agent -, what avoids contact of the drug and the bloodstream and thus, decreasing the side effects. Hydrogel is formatted as gelatin with 80% water and only 20% polymer. It is a moisturizing membrane, soft, flexible that isolates the injury from microorganisms from external contact and slowly releases the drug, decreasing the toxicity risk, says the researcher.

Data from the Health Ministry show that in 2011, 7.3 thousand people were infected by cutaneous leishmaniasis in North Brazil, 5.2 in the Northeast and 986 in the Southeast. This is one of the reasons why the PhD in Infectious and Parasitic Diseases from the Sao Paulo University Medical School, Valdir Sabbaga Amato, considers the study a great advance in the treatment. Neglected diseases as cutaneous leishmaniasis need each time more participation from the universities and governmental research agencies, which are fundamental for technological innovation, highlights.

Dr. Amato was Dr. Maria Joses joint advisor in her research and says knowledge exchange can bring great advances to fight the disease. Dr. Maria Jose had the membrane and we had the treatment expertise. It was a perfect marriage, celebrated.

Despite not tested in humans, the study had satisfactory results in mice. According to Dr. Maria Jose, the next step will to test among people with the disease. After human trials, the hydrogel membrane could be used as an alternative treatment in the country, explained.

Award

For its relevance and achieved results, the work was awarded with the 2014 Capes Thesis Award in the Engineering II category. For the researcher, the acknowledgment will encourage new studies on the theme. This award was very important. Besides acknowledging the work, the prizes scholarship will allow me to do what I like the most, which is investigating, celebrated.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**