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Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene marca presença no 54º MedTrop

Dr. Simon Cathcart, que participou da cerimônia de abertura do Congresso representando a RSTMH, aposta no fortalecimento de importante parceria entre nossas duas sociedades

09/09/2018
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A SBMT tem uma vasta experiência e conhecimento em relação ao que ocorre no Brasil, não somente nas doenças tropicais, mas também no que tange às inovações que acontecem e as ótimas pesquisas que se desenvolvem. A parceria entre as duas sociedades pode aproximar isso

O 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop) deixou um marco na história dos eventos da SBMT batendo recorde de público. Com um total 4763 inscritos, o evento contou com programação simultânea de 42 mesas-redondas, 23 palestras e 11 conferências, além de presenças de personalidades ilustres e de renomadas sociedades. Um dos destaques foi a participação do Dr. Simon Cathcart, presidente da Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene (RSTMH, sigla em inglês), que compôs a mesa de abertura. Em suas redes sociais, a Sociedade londrina destacava a presença no Congresso de Medicina Tropical brasileiro. “@medtrop opening by Professor Sinval Pinto Brandao Filho, President of the Brazilian Society. Were proud to have our president @drsimonc be part of ceremony as we embark on strengthening the important partnership between our two societies. #medtrop2018.

Tamar Ghosh, Chief Executive da RSTMH, em entrevista à assessoria de comunicação da SBMT revelou o interesse em uma parceria futura. “Nós queríamos estreitar nossos laços com a SBMT e fomos convidados a participar e compartilhar nossa plataforma com a SBMT. Ficamos encantados em estarmos no Medtrop e já estamos pensando em como podemos trabalhar juntos no futuro”, ressaltou. Ghosh não escondeu a surpresa com dimensão do evento e revelou que não esperava 3 mil pessoas ou mais. “É um congresso enorme! O que mais gostei foi a cerimônia de abertura, que além de abordar várias doenças também mostrou pontos de vista diferentes, desde pacientes até pesquisadores, e essa mistura é muito importante, visto que há várias perspectivas na Medicina Tropical e precisamos ouvir vozes de todas as áreas e compreendê-las”, lembrou.

De acordo com Ghosh, a SBMT tem uma vasta experiência e conhecimento em relação ao que ocorre no Brasil, não somente nas doenças tropicais, mas também no que tange às inovações que acontecem e as ótimas pesquisas que se desenvolvem. Para ela, a parceira entre as duas sociedades pode aproximar isso, além de otimizar o trabalho que se desenvolve no País, com algumas informações que desafiam o sucesso em torno das doenças tropicais. “Poderíamos garantir que os pesquisadores brasileiros estejam em contato com seus pares na África, na Ásia, para que seus dados possam ser vistos em conjunto, de forma que percebamos onde estão os padrões e as falhas na pesquisa, e possamos ajudar a ter mais informação fluindo. Dessa forma, teríamos um conjunto de dados internacional. Isso nos ajudaria em relação a essas doenças”, completou.

A visão de doenças tropicais londrina seria a mesma Brasileira?

A chefe executiva da RSTMH é enfática ao dizer que definir doenças tropicais é difícil, é complexo, porque apesar da existência das fronteiras geográficas, as doenças não se contém a essas fronteiras, elas não param de se movimentar ao redor do mundo, e as pessoas se movimentam ao redor dele, então, apesar da compreensão do que os Trópicos significam, doenças tropicais é um conceito mais fluído, no sentido de que provoca mudanças: nossos sistemas climáticos, padrões climáticos, meio ambiente estão mudando, o clima está mudando, assim como a doença, os vetores. “Entendo que concordamos que essa é uma área que precisa de luz. O que não gostamos de ver é quando pessoas abandonam a discussão por sentirem que não vivem em um país tropical. Eles podem ter muito conhecimento sobre as doenças, como Zika ou dengue, então eu acredito que nosso desafio é manter o debate e chegar a conclusões que facilitem a compreensão da terminologia de doenças tropicais, Medicina Tropical, saúde global, saúde internacional”, apontou.

Ghosh também acredita que outro ponto convergente seja o desejo que, não só eles, mas todos os países tenham, é o desejo que todos tenham acesso ao tratamento correto, ao cuidado correto. Em sua opinião, todos aprendem juntos como é possível tornar isso realidade, seja por meio de prevenção ou de tecnologia em diagnóstico, mas para isso se faz necessário trabalhar em conjunto nessas soluções, porque elas são mais importantes do que qualquer pais ou linha de pesquisa.

Meios de comunicação e pesquisadores bem treinados podem ser fortes aliados no movimento antivacinas

Questionada sobre o momento antivacinas, Ghosh pontua que existe na sociedade muito desconforto entre membros de outros países – incluindo os Estados Unidos – no sentido de que os movimentos antivacina estão se tornando razoavelmente fortes, e isso, em sua opinião, é preocupante, porque começamos a ver a reemergência de doenças. “O que podemos fazer, enquanto sociedade, é publicar mais evidências, ser mais audível sobre o porquê é tão perigoso apoiar essa campanha, pois a sociedade deveria considerar os dois lados da discussão. Isso, talvez, seja uma lição para nós, enquanto pesquisadores, ou cientistas, sobre como frequentemente não utilizamos os canais de comunicação como deveríamos. Nós utilizamos nossos jornais, nossos canais científicos, mas não usamos os meios de comunicação convencionais como poderíamos. E não somos treinados para isso, não como parte do treinamento para pesquisadores, ou cientistas, mas tomando os exemplos dos movimentos antivacinação, precisamos ser bons nisso, em levar nossos argumentos aos meios de comunicação. Então, essa é uma coisa que a sociedade realmente está empenhada: em capacitar os pesquisadores em levar seus argumentos até a grande mídia, na grande discussão”, finaliza.