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Testes avaliam tecnologia que pode impedir mosquitos de transmitir dengue Tests evaluate the technology that could stop mosquitos from transmitting dengue fever

Outras experiências pelo mundo incluem mosquitos transgênicos e uso de raios gama para tornar insetos estéreisOther experiences in the world include transgenic mosquitoes and gamma rays to make insects sterile

12/02/2015

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Em 2015, há expectativa de uma vacina tetravalente, com proteção diferente para cada sorotipo, com aplicação em três doses por um ano

Um dos maiores desafios no combate à dengue é certamente evitar a proliferação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. O inseto, principal alvo das campanhas de prevenção à enfermidade, também é responsável pela transmissão de males como chikungunya e febre amarela. Apesar de estereotipado como um “vilão” no Brasil, tecnologias que vem sendo testadas pelo mundo podem jogar por terra toda a fama do inseto.

Uma das experiências é uma tecnologia australiana em teste na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Consiste no uso de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia. De acordo com estudos recentes, esta bactéria tem grande presença entre os invertebrados e pode ocorrer naturalmente em mais de 70% de todos os insetos do mundo, incluindo mosquitos como o pernilongo. Mesmo com gama alta de hospedeiros, a Wolbachia não é infecciosa e nem capaz de infectar vertebrados, incluindo os humanos.

“Isto interromperia a transmissão da doença. Conviveríamos pacificamente com os Aedes. Porém, ainda não sabemos da sua eficácia em campo. Isto talvez demore mais alguns anos”, explica o doutor em Medicina Tropical, Pedro Luiz Tauil .

Na Austrália, a proposta é trabalhada por cientistas do programa internacional “Eliminar a Dengue: Nosso Desafio”, que é liderado pelo professor Scott O’Neill, da Universidade de Monash, em Melbourne. As pesquisas do grupo demonstraram que a Wolbachia é capaz de bloquear a transmissão do vírus da dengue no Aedes aegypti.

O grande problema é que a Wolbachia tem dificuldades na sua capacidade de dispersão, uma vez que ela só pode ser transmitida de mãe para filho por meio do ovo da fêmea de mosquito. Por isso, o sucesso do método está diretamente ligado à capacidade de reprodução do inseto. Isso significa que, de início, com poucos mosquitos com a bactéria, a vantagem reprodutiva será pequena. No entanto, após sucessivas gerações, o total desses insetos tende a aumentar.

De acordo com o Dr. Tauil, existem ainda outras experiências que podem ser bem sucedidas para evitar a proliferação do mosquito. Entre elas, estão testes com mosquitos transgênicos (tecnologia inglesa) que podem reduzir a população de Aedes e, consequentemente, o risco de transmissão. “Há também pesquisas semelhantes com mosquitos machos irradiados com raios gama que, ficando estéreis, não produziriam proles, diminuindo assim a sua população”, explica.

Em 2014, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 587,8 mil casos de dengue. O número representa uma queda de 59% em comparação a 2013, quando 1,4 milhão de casos foram notificados. No ano passado, também houve queda no total de mortos pela doença. Foram contabilizadas 674 mortes, ante 405 óbitos em 2013.

Perspectiva para 2015

Segundo o Dr. Tauil, há perspectivas de uso de uma vacina tetravalente contra a dengue para este ano, porém com uma proteção diferente para cada sorotipo e com aplicação em três doses por um período de um ano.

“Assim, a ocorrência da doença em 2015 deve seguir sua história natural, isto é, se entrar algum sorotipo que não circule há alguns anos numa localidade e, portanto, haja pessoas susceptíveis, pode haver aumento de casos da doença nessa região”, explica. No entanto, o especialista ressalta que, caso não haja a introdução desses sorotipos, a incidência pode permanecer baixa, por causa da imunidade de rebanho (muitas pessoas protegidas).

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In 2015, there is the expectation of a tetravalent vaccine, protecting against each serotype, applied in three yearly doses

One of the greatest challenges fighting dengue fever is surely avoiding the proliferation of the transmitting mosquito, the Aedes aegypti. The insect, main target of prevention campaigns is also responsible for the transmission of diseases as chikingunya and yellow fever. Despite being stereotyped as a “villain” in Brazil, technologies that are being tested throughout the world could cease the insect’s fame.

One of the experiences is an Australian technology being tested in Fiocruz, Rio de Janeiro. It consists on the use of Aedes aegypti mosquitoes infected with Wolbachia bacteria. According to recent studies, this bacterium is very common among invertebrates and could be naturally present in over 70% of all insects of the world, including black-winged stilts. Even with the high host rate, Wolbachia is not infectious and unable to infect vertebrates, including humans.

“This would cease the disease’s transmission. We could peacefully live along with the Aedes. However, we do not know yet of its field effectivity. This might take another few years”, explains the Tropical Diseases PhD, Pedro Luiz Tauil.

In Australia, the initiative is conducted by scientists from the international program “Eliminate Dengue fever: Our Challenge”, led by Professor Scott O’Neill, from Monash University, in Melbourne. The group’s researches proved that Wolbachia is able to block the transmission of the dengue fever virus in Aedes aegypti.

The great problem is the Wolbachia has dispersion issues, once it can only be transmitted from mother to offspring through the mosquito’s female eggs. This way, the method’s success is directly linked to the mosquito’s reproduction ability. This means that, initially, with few infected mosquitoes, the reproductive gain will be small. However, after successive generations, the total of these insects tends to increase.

According to Dr. Tauil, other experiences could also be successful to avoid the mosquito’s proliferation. Among them, there are tests with transgenic mosquitoes (English technology) that could decrease the Aedes population and, thus, the transmission risk. “There are also similar researches with male mosquitoes irradiated with gamma rays that, once sterile, wouldn’t produce offspring, this way decreasing its population”, explains.

In 2014, according to Brazilian Health Ministry, the country registered 587.8 thousand dengue fever cases. This number represents a 59% decrease when compared to 2013, when 1.4 million cases were notified. Last year, there was also a drop in the number of deaths by the disease. 674 deaths were accounted before 405 deaths in 2013.

Perspective for 2015

According to Dr. Tauil, there are perspectives of the use of a tetravalent but with a different protection for each serotype and being applied in three yearly doses.

“This way, the disease’s occurrence in 2015 should follow its natural history, this is, if a serotype enters a site where it has been absent for several years, and thus, there are susceptible people, there could be an increase in the number of cases in this region”, explains. However, the expert highlights that if, these serotypes are not inserted, the incidence may remain low due to the herd’s immunity (many protected people).

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**