
UFG: Ceti-Saúde, um marco para inovação e pesquisa no SUS
Ceti-Saúde une academia, estado e sociedade para impulsionar a saúde pública em Goiás
07/07/2025
Centro representa um investimento de R$ 14,6 milhões, que se somam a investimentos de R$ 7,6 milhões para três editais de pesquisa
A Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com o Governo de Goiás, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) e a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), lançou, em 14 de abril, o Centro de Excelência em Tecnologia e Inovação em Saúde (Ceti-Saúde). Sediado no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), no Setor Leste Universitário, em Goiânia, o centro integra diversas unidades da UFG na área da saúde, como a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Enfermagem, o Instituto de Ciência Biológicas, a Unidade de Pesquisa Clínica, o Centro Multiusuário de Pesquisa de Bioinsumos e Tecnologias em Saúde (CMBiotecs). O Ceti-Saúde conta com um investimento inicial de R$ 14,6 milhões, somados a R$ 7,6 milhões adicionais destinados pela Fapeg para três editais de pesquisa. A proposta é fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) qualificando sua gestão por meio do desenvolvimento de pesquisas aplicadas, inovação e avaliação de tecnologias em áreas estratégicas.
A estrutura do Ceti-Saúde está organizada em cinco núcleos principais. A Avaliação de Tecnologias em Saúde é coordenado pela médica epidemiologista e infectologista Dra. Cristiana Toscano. A área de Laboratórios está sob responsabilidade da Dra. Ana Paula Junqueira-Kipnis. O núcleo de Capacitação de recursos humanos é conduzido pela Dra. Sheila Araújo Teles. A Modelagem e Estatística em Saúde está sob a liderança do Dr. José Alexandre Felizola Diniz Filho, e a área de Pesquisa Clínica é coordenada pelo Dr. Marcelo Rabahi. Além desses, o centro conta com núcleos transversais de Gestão de Pesquisa e Projetos e de Comunicação Científica, este último responsável pela divulgação dos resultados e análises técnicas voltadas tanto para gestores quanto para a sociedade. A Dra. Cristiana Toscano, que também coordena o projeto como um todo, explica que o centro busca avaliar tecnologias inovadoras, orientar sua incorporação ao SUS e monitorar os impactos, com base em evidências científicas. Segundo ela, a articulação entre estado, universidade e setor produtivo cria um ambiente propício à inovação com foco no SUS.
Os três editais lançados pela Fapeg destinam-se a financiar pesquisas em arboviroses (dengue, Zika e Chikungunya), cuidados paliativos para idosos e tecnologias digitais para saúde. De acordo com a Dra. Toscano, esses temas foram escolhidos para responder a desafios concretos da saúde pública em Goiás, priorizando soluções aplicáveis que retornem em benefícios diretos à população. “Cada edital possui prazos e critérios específicos, com chamadas públicas voltadas a pesquisadores de Goiás e de outras regiões do País”, complementa.
A estrutura do Ceti-Saúde aproveita a expertise já consolidada da UFG, como o Centro Multiusuário de Pesquisa de Bioinsumos e Tecnologias em Saúde (CMBiotecs) e o Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3), o primeiro do Centro-Oeste em uma instituição pública. A Dra. Kipnis destaca que essas instalações conferem robustez ao centro e permitem a realização de pesquisas avançadas, inclusive em parceria com instituições internacionais. “O centro fortalece a conexão entre ciência e sociedade, respondendo às demandas do SUS com agilidade e qualidade”, assinala.
Além do desenvolvimento de pesquisas, o Ceti-Saúde prioriza a formação de profissionais. “Estamos promovendo capacitações em áreas como nanotecnologia, nanomedicina e biossegurança, fundamentais para enfrentar os desafios contemporâneos em saúde pública”, esclarece a Dra. Kipnis. Esses treinamentos fazem parte do núcleo de Desenvolvimento de Profissionais e estão alinhados ao conceito de Saúde Única, que considera a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental. Também estão previstas ações formativas em áreas como modelagem, estatística em saúde, vacinologia e ensaios clínicos. Neste sentido, o Ceti-Saúde coordena a primeira edição Brasileira do Curso Avançado de Vacinologia (AdVac), tradicionalmente realizado na França há 25 anos. O AdVac-Brasil vai ocorrer no final de 2025 e deve reunir profissionais envolvidos em vacinação, oferecendo uma capacitação de alto nível em todos os aspectos da vacinologia.
A abordagem interdisciplinar e colaborativa adotada pelo Ceti-Saúde já desperta interesse. A Dra. Kipnis atenta que a escuta ativa de gestores de saúde e da sociedade civil é um dos pilares do centro, que busca alinhar suas agendas de pesquisa às reais demandas da população. “Um exemplo é a prioridade dada ao enfrentamento das arboviroses, recorrentes na região devido às condições climáticas”, frisa. A trajetória do Ceti-Saúde está inserida no contexto de fortalecimento da pesquisa em saúde no Centro-Oeste. “O NB3 e o CMBiotecs ampliam as possibilidades de desenvolvimento de vacinas, anticorpos monoclonais e outras soluções tecnológicas essenciais”, acrescenta a Dra. Kipnis. Segundo ela, juntas, essas estruturas compõem um ecossistema de inovação robusto e estratégico.
A interação com outras instituições, tanto do setor público quando privado, também é considerada fundamental. Segundo a Dra. Toscano, estão em andamento parcerias com centros nacionais e internacionais para a execução de projetos em rede. “Acreditamos que a formação de profissionais, incluindo pesquisadores, profissionais de saúde e gestores, é essencial para a sustentabilidade das ações a longo prazo. Estamos investindo em capacitação e qualificação de profissionais atuando nas diversas áreas priorizadas pelo Ceti-Saúde”, enfatiza a Dra. Toscano. A expectativa é que, nos próximos anos, o Ceti-Saúde se consolide como modelo nacional de articulação entre ciência, gestão pública e necessidades sociais.