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Violência e acidentes de automóvel devem ser debatidos no MEDTROP 2016

Evento tratará ainda de doenças persistentes na região Nordeste, como a esquistossomose

14/12/2015
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A Medicina Tropical cresceu não ficando somente nas doenças tropicais, mas também com agravos associado à transição demográfica, mudanças climáticas e doenças, acidentes de transito, violência, entre outros

Ao se falar em Medicina Tropical, logo se pensa em doenças infecciosas. A área, no entanto, vai além e analisa problemas cotidianos nos países menos desenvolvidos. Por isso, em 2016, o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MeDTrop), em Maceió (AL), deverá focar também em questões sociais que afetam o dia a dia dos cidadãos brasileiros, como a violência, por exemplo.

“Nossa ideia é inserir um temário que seja relacionado com agravos tropicais, não necessariamente infecciosos. Queremos dar essa conotação também, já que os países tropicais estão enfrentando problemas típicos da nossa região, diferente dos países desenvolvidos, como a violência e os acidentes de automóvel”, explica Dr. Fernando de Araújo Pedrosa, doutor em Medicina Tropical e presidente do MedTrop 2016.

A violência é talvez um dos temas mais sensíveis no Brasil. Enquanto no Iraque, uma nação afetada pela brutalidade de grupos extremistas como o Estado Islâmico, morrem cerca de 12 mil pessoas por ano, no Brasil, apenas as armas de fogo fazem mais de 40 mil vítimas anuais. Em Maceió, os dados são ainda mais alarmantes: a taxa de mortes é de 55 pessoas a cada 100 mil habitantes, a mais alta do País, segundo o Mapa da Violência 2015 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que utiliza dados de 2012.

As mortes no trânsito também são preocupantes, mesmo havendo uma queda no número de vítimas. Segundo dados de 2013 do Sistema Único de Saúde (SUS), morreram 40,5 mil pessoas devido a esse tipo de acidente. Entre as mortes, 29% foram de motociclistas. Os acidentes de moto, aliás, estão entre as piores epidemias do Brasil: apenas no primeiro trimestre do ano passado, 120 mil jovens ficaram inválidos devido a esse fator.

Em uma carta sobre o MedTrop do próximo ano, o doutor Fernando justificou a introdução desses debates no Congresso do próximo ano por tratar de uma realidade preocupante nas regiões de clima tropical. “A Medicina Tropical cresceu não ficando somente nas doenças tropicais, mas também com agravos associado à transição demográfica, mudanças climáticas e doenças, acidentes de transito, violência, entre outros que não podemos virar as costas, pois atinge os países tropicais de modo acentuado e devem fazer parte de nossas discussões”, disse.

Ainda de acordo com ele, o estado de Alagoas, como um dos mais pobres do País, faz parte desse contexto, sofrendo com doenças antigas, novas e persistentes agravos à saúde e hoje também padecendo de recursos financeiros.

Dr. Fernando adianta que o site do MedTrop 2016 já está em fase de construção e que será muito dinâmico. “Estaremos divulgando, o mais breve, os valores de inscrição e a forma de pagamento” acrescenta ao complementar que será criado um mecanismo de parcelamento e descontos para inscrições antecipadas.

Esquistossomose

As chamadas doenças persistentes também estarão no centro dos debates do MedTrop 2016. “Estamos focando nessas doenças, típicas da região Nordeste, como é o caso da esquistossomose, da leishmaniose e outras que, apesar de já terem impacto negativo, ainda continuam ceifando vidas, como é o caso da doença de Chagas, também”, explicou o doutor Fernando.

A esquistossomose é uma das principais enfermidades que afetam a região Nordeste, onde a ocorrência está diretamente ligada à presença de moluscos transmissores. Estima-se que cerca de 25 milhões de pessoas no País vivem em áreas sob o risco de contrair a doença, segundo dados do Ministério da Saúde.