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Berço da Medicina Tropical no Brasil, Bahia sedia 58º MEDTROP

Nada mais tropical do que a colorida, alegre e vibrante capital soteropolitana para reunir tropicalistas de todos os estados brasileiros e do exterior

09/03/2023

Será uma grande oportunidade para conhecer os estudos mais relevantes sobre doenças tropicais que estão sendo realizados por tropicalistas da Bahia, do Brasil e do mundo

Entre os dias 10 e 13 de setembro, Salvador será palco do maior evento multidisciplinar em Medicina Tropical da América Latina. A 58º edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2023), que traz como tema “Desafios para a Medicina Tropical no século XXI: como enfrentá-los”, vai ser realizada no moderno Centro de Convenções, localizado na Boca do Rio, de frente para o mar, ao lado da belíssima praia de Armação. O evento vai contemplar uma ampla e atual programação científica, preservando e incentivando o encontro de profissionais com diferentes formações, tendo como objetivo principal propor soluções multidisciplinares para os principais agravos que acometem os Trópicos.

Foi nessa terra de mistérios, encantos e amor que, por volta de 1860, um grupo de médicos estrangeiros radicados na Província da Bahia, se dedicou à prática da medicina voltada à pesquisa da etiologia das doenças tropicais que acometiam as populações pobres do País, principalmente os escravos, sendo a eles atribuído o nome de Escola Tropicalista Baiana. Este grupo, que contribuiu para a reformulação do modelo até então aceito da classificação de doenças brasileira, defendia que a maioria das doenças eram universais, mas que a umidade e o calor as aumentavam, assim como as particularizavam. No entendimento deste grupo de pesquisadores, as doenças nos Trópicos estavam associadas à pobreza, má nutrição, falta de saneamento, bem como as más condições de vida dos escravos.

Esses “tropicalistas” produziram trabalhos tidos como originais para a época que culminaram em descobertas relacionadas à ancilostomíase, à filariose (elefantíase), ao ainhum, também conhecida como Dactilose espontânea (rara doença que ocorre principalmente em indivíduos afrodescendentes do sexo masculino). Além disso, suas pesquisas contribuíram para promover debates sobre parasitologia, e algumas doenças como o beribéri, a tuberculose, a lepra, dracunculose e o maculo (diarreia que acometia os escravos novos). Seus trabalhos também lançaram luz à pesquisa da patologia, e foram considerados predecessores da medicina experimental, que se firmaria no Brasil a partir do médico sanitarista Oswaldo Cruz e do Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, no limiar do século XX.

O presidente do MEDTROP 2023, Dr. Mitermayer Galvão dos Reis, lembra que no século XX, Manuel Augusto Pirajá da Silva, nascido em Camamu, na Bahia, contribuiu de forma marcante para a Medicina Tropical com seus estudos sobre a esquistossomose, leishmaniose, doença de Chagas, sífilis e micoses, realizadas no Hospital Santa Isabel. “Coube a ele identificar a existência de uma segunda espécie Schistosoma, a qual chamou inicialmente de Schistomum americanum e, posteriormente, de acordo com as normas de prioridade que regem a nomenclatura científica, de Schistosoma mansoni. Foi ele também quem demonstrou que o botão de Brotas era uma lesão causada pela Leishmania”, assinala.

O Dr. Reis destaca ainda o casal baiano, Sonia e Zilton Andrade que realizou contribuições marcantes no estudo dos aspectos anatomopatológicos das doenças tropicais, com maior ênfase na doença de Chagas e na esquistossomose, além dos baianos Juliano Moreira, Gonçalo Moniz, Otávio Mangabeira Filho, Rodolfo Teixeira, Vanize Macêdo, bem como os baianos de coração, Aluizio Prata, Ítalo Sherlock, Heonir Rocha, Thomaz Cruz, Lain Pontes de Carvalho, entre outros, que também muito contribuíram para o avanço do conhecimento sobre as doenças tropicais.

“O MEDTROP 2023 será uma oportunidade para conhecer os estudos mais relevantes sobre doenças tropicais que estão sendo realizados pelos  tropicalistas da Bahia, do Brasil e do mundo. O alegre e caloroso povo baiano está orgulhoso em sediar pela 5ª vez o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Pretendemos que além da experiência técnica científica, os congressistas possam usufruir de toda experiência cultural inesquecível que a Bahia pode proporcionar, com sua arte, sua música e sua culinária, em nossa querida cidade de Salvador, motivo de orgulho da Bahia e do Brasil”, finaliza o presidente do congresso.

Assim como nas edições anteriores, outros eventos satélites ocorrem simultaneamente ao MEDTROP: Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em doença de Chagas e Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses (ChagasLeish 2023), X Workshop Nacional da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose REDE-TB e 8º Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas. A programação prevê ainda cursos pré-congresso, mesas redondas, mini-conferências, conferências, temas livres para apresentação oral e apresentações de pôster. O site já está no ar: https://www.medtrop2023.com.br/medtrop2023.

Patrimônio da humanidade, terra de Caymi, Caetano e Gil, Bahia tem a cor do axé, do negro, das águas e do aconchego. Bahia da alegria, da capoeira e da música. Bahia de todos os santos, do pelourinho e do vatapá. Bahia da poesia, da medicina e dos tropicalistas te espera de braços abertos no MEDTROP 2023. Ninguém resiste a tamanha tentação. Venha participar desta grande oportunidade de ampliar seus conhecimentos e de conhecer lugares incríveis. Salve o povo da Bahia, salve o #MEDTROP2023, salve o Senhor do Bonfim.