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Cólera: MSF pede ajuda à comunidade científica no maior campo de refugiados do mundo

Redução dos financiamentos a organizações em Dadaab, no Quênia, coloca em risco a saúde de cerca de 350 mil pessoas

02/02/2016
Co?lera

Controle da epidemia no local é difícil principalmente pelo péssimo saneamento nos campos e por causa das chuvas

Uma epidemia de cólera no campo de refugiados de Dadaab, no nordeste do Quênia, ameaça a vida de milhares de pessoas. De acordo com a Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), foram registrados mais de 1,2 mil casos da doença, sendo 11 mortes já confirmadas desde o início da epidemia, em novembro do ano passado. A Organização espera que a comunidade científica atue para que sejam enviados mais recursos ao local.

“A comunidade científica pode contribuir imensamente ao fazer lobby por mais fundos e recursos para ajuda humanitária, especificamente itens de higiene e fornecimento de água, saneamento e abrigo”, explica a doutora Rachel Kamau, vice-coordenadora médica de MSF no Quênia.

Dadaab atualmente é o lar de cerca de 350 mil pessoas, sendo o maior do mundo. Por mais de 20 anos, tem sido abrigo de gerações de somalis que fugiram de um país mergulhado em conflitos.

O controle da epidemia no local é difícil principalmente por causa das chuvas e do péssimo saneamento nos campos, de acordo com a doutora Kamau. “Todas as partes estão empenhadas em melhorar as condições dos campos para conter a epidemia, mas muito ainda precisa ser feito para melhorar as condições de saneamento”, afirma. Para a representante do MSF no Quênia, o saneamento é um dos principais problemas: os campos estão lotados e congestionados, sem latrinas suficientes. A média da cobertura de disponibilidade destas é de 45% na maioria dos campos, e a evacuação ao ar livre é muito comum em alguns campos.

Segundo o MSF, a assistência humanitária nos acampamentos foi reduzida nos últimos anos devido ao aumento da insegurança e a uma diminuição de financiamentos destinados a diversas organizações de ajuda que atuam ali. Apesar disso, Dadaab ainda oferece mais segurança do que a Somália. Nos campos de Dadaab, os refugiados dependem em 100% de ajuda para água, saneamento, alimentos, abrigo, educação e saúde. Muitos serviços oferecidos aos refugiados são aquém do padrão, e a qualidade e a quantidade variam de acordo com a disponibilidade de recursos doados.

“Oferecer abrigos adequados e seguros também é um desafio. A falta de abrigos adequados resulta da construção de estruturas suspensas, comumente conhecidas como ‘kamora’, feitos principalmente de madeira e cobertos com tecidos ou telas, ou ainda com papelão. Além disso, várias perdas na oferta de alimentos ocorreram nos últimos dois anos”, diz a doutora Kamau.

A cada ano, muitas pesquisas e análises foram realizadas por diversas agências nos campos de refugiados, principalmente em relação à higiene e saneamento, água, comida e abrigos. Contudo, pouca coisa foi realmente feita de acordo com os dados encontrados.

A epidemia foi oficialmente declarada em Dadaab em 23 de novembro de 2015. Historicamente o condado tem vivenciado surtos nos campos de refugiados devido às más condições de vida. Esse mal, contudo, tem sido rapidamente controlado. A manutenção dos fatores de risco nesses campos colocaram o local em risco de uma longa e grande epidemia, de acordo com a doutora Kamau.

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