Imagens em Doenças Infecciosas: Espondilodiscite como envolvimento osteoarticular na brucelose

Pacientes com brucelose espinhal com dor lombar e radiculopatia ciática podem ser mal diagnosticados com doença do disco intervertebral e submetidos à cirurgia. Os testes sorológicos de triagem são essenciais nestes pacientes em regiões endêmicas

Karada? MK et al. – Brucellosis Spondylodiscitis

Mehmet Kür?at Karada?^[1], Handan Alay^[2] and Bahar Y?lmaz Çankaya^[3]

[1]. Ataturk University, Faculty of Medicine, Department of Neurosurgery, Erzurum, Turkey.

[2]. Ataturk University, Faculty of Medicine, Department of Infectious Diseases and Clinical Microbiology, Erzurum, Turkey.

[3]. Ataturk University, Faculty of Medicine, Department of Radiology, Erzurum, Turkey. 

Autor correspondente: Dr. Handan Alay. e-mail: alayhandan@gmail.com

Contribuição dos autores

MKK: Concepção e projeto do estudo, análise e interpretação dos dados, aquisição dos dados, redação, supervisão; HA: Concepção e projeto do estudo, análise e interpretação dos dados, aquisição dos dados, redação, supervisão, aprovação final da versão a ser submetida; BYC: Concepção e projeto do estudo, análise e interpretação dos dados, supervisão.

Conflito de Interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Apoio Financeiro

Não temos nenhum apoio financeiro.

Orcid

Mehmet Kür?at Karada?: https://orcid.org/0000-0001-9123-0597

Handan Alay: https://orcid.org/0000-0002-4406-014X

Bahar Y?lmaz Çankaya: https://orcid.org/0000-0001-5395-3276

Recebido em 7 de setembro de 2022 – Aceito em 9 de novembro de 2022

Uma mulher de 54 anos apresentou perda de peso de aproximadamente 30 kg, dor lombar severa, incapacidade de andar relacionada à dor e limitação de atividades físicas por 1 ano. Ela apresentava histórico de consumo de leite e derivados não pasteurizados apesar de viver em uma região central da cidade. O exame físico mostrou movimentos vertebrais restritos. Foram realizados exames de tomografia lombar e de ressonância magnética (Figura 1). A paciente foi encaminhada para cirurgia cerebral. A tomografia computadorizada pulmonar não mostrou anormalidades. Os exames de sangue mostraram uma contagem de glóbulos brancos de 6,07 × 10³/µL, um nível de proteína C reativa (CRP) de 14,78 mg/L, e uma taxa de sedimentação de eritrócitos de 83 mm/h. O resultado do teste cutâneo de tuberculina foi de 0 mm. Seus resultados de aglutinação Wright e brucella IgM e IgG foram 1/1280, 1,55, e 2,98 (corte: 0,9-1,1), respectivamente. A paciente iniciou tratamento com doxiciclina 2 × 100 mg, rifampicina 1 × 600 mg e estreptomicina 1 g/dia durante 21 dias. Na semana 2 do tratamento, a taxa de sedimentação e o nível de PCR diminuíram para 23 mm/h e 3,7 mg/L, respectivamente. A dor foi aliviada, e a restrição de movimento foi resolvida. A Figura 2 mostra a ressonância magnética realizada após 5 meses de tratamento.

A brucelose é uma doença que afeta o sistema músculo-esquelético. Clinicamente, ele pode ser confundida com várias doenças¹. A dor lombar é o principal sintoma da espondilodiscite, mas não é específico. Isto resulta em diagnóstico e tratmento atrasados². Pacientes com brucelose espinhal com dor lombar e radiculopatia ciática podem ser mal diagnosticados com doença do disco intervertebral e submetidos à cirurgia³. Os testes sorológicos de triagem são essenciais nestes pacientes em regiões endêmicas

Referências

1. Zheng R, Xie S, Lu X, Sun L, Zhou Y, Zhang Y, Wang K. A Systematic Review and Meta-Analysis of Epidemiology and Clinical Manifestations of Human Brucellosis in China. Biomed Res Int. 2018;2018:5712920,
2. Esmaeilnejad-Ganji SM, Esmaeilnejad-Ganji SMR. Osteoarticular manifestations of human brucellosis: A review. World J Orthop. 2019;10(2):54-62.
3. Samini F, Gharedaghi M, Khajavi M, Samini M. The etiologies of low back pain in patients with lumbar disk herniation. Iran Red Crescent Med J. 2014;16(10):e15670.

Figura 1: Pré-tratamento por ressonância magnética. (a) A imagem sagital em T2 sem supressão de gordura mostra erosões (seta), derrame e sinais hiperintensos no espaço do disco e na área epidural (pontas de flecha) nas placas vertebrais inferior L2 e superior L3. (b) A imagem sagital em T1 sem supressão de gordura mostra perdas marcadas de sinal (seta) nos corpos vertebrais e no espaço em disco.

Figura 2: Ressonância magnética pós-tratamento. (a) A imagem sagital em T2 sem supressão de gordura mostra erosões persistentes nas placas terminais vertebrais (seta), mas resolução dos sinais hiperintensos no espaço do disco e na área epidural. (b) A imagem sagital em T1 sem supressão de gordura mostra uma diminuição das perdas de sinal (setas) nos corpos vertebrais e no espaço em disco.