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Newsletter da SBMT comemora 10 anos

Ao longo dos anos, a newsletter da SBMT buscou a transformação conceitual trazendo para o centro da discussão os problemas que ocorrem nos Trópicos

06/08/2021
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A Newsletter da SBMT deu início a discussões que envolvem temas como violência, acidentes de trânsito, em particular por motocicleta, favelas, poluição, entre outros

Carlos H N Costa
Editor da Newsletter da SBMT e deputy editor da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Neste mês, completamos dez anos de Newsletter da SBMT. Uma década! É um importante marco de um trabalho árduo em prol da divulgação científica e difusão do conhecimento em Medicina Tropical. O trabalho se inicia com a mineração e seleção de assuntos, seguidas pelo estudo do tema para preparação das matérias e com o rastreamento de fontes e entrevistados, convites, preparação das entrevistas, tradução do português para o inglês e vice-versa e, finalmente, pela edição eletrônica e envio aos assinantes. Nossa profunda gratidão à nossa jornalista Denise de Quadros, ao nosso editor eletrônico Leandro de Matos, ao nosso tradutor Pedro Costa e aos nossos editores associados.

A Newsletter evoluiu rapidamente. A sua primeira edição que saiu em agosto de 2011 e logo criou cara nova. A edição 09, de abril de 2012, chegou com um projeto gráfico mais moderno. A partir da edição 11, além do novo visual, também passou a ser bilíngue, (em português) e (em inglês), e o website adotou a língua inglesa. A opção dos dois idiomas na Newsletter teve como objetivo aproximar, cada vez mais, profissionais e pesquisadores na grande área de saúde de todo o mundo em torno do tema da Medicina Tropical e superar as limitações da língua portuguesa. E as mudanças não pararam por aí. A edição 83, de junho de 2018 (em português) e (em inglês), chegou com novo designer. O novo projeto, bastante limpo e elegante, buscou realçar um dos valores mais preciosos a um veículo de comunicação: a objetividade. A nova proposta trouxe um layout inovador que buscava atrair o leitor. O novo layout e atributos de funcionalidade também passaram a se adequar perfeitamente aos tamanhos dos dispositivos móveis. Sempre em seu processo de buscar a excelência na qualidade, a mudança demonstrou a habilidade da SBMT de se manter atual e sintonizada com as demandas da sociedade e de seu público. Todas as mudanças reforçam a necessidade de ampliar o conceito atual da Medicina Tropical e evidenciam o objetivo da SBMT de assumir o papel central nos Trópicos e como protagonista na promoção do bem-estar dos povos tropicais.

No decorrer desses dez anos, algumas matérias tiveram relevância pela grande pela oportunidade. São notórias as entrevistas com as duas vencedoras do Prêmio Nobel em Medicina de 2020 pela descoberta e desenvolvimento da tecnologia de CRISPR, Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna (em português) e (em inglês) e a entrevista com Alexandra Elbakyan, criadora do website Sci-Hub que tem dramaticamente permitido o acesso à ciência por milhares de cientistas, profissionais e estudantes (em português) e (em inglês), também publicada em 2020. Alexandra, jovem ainda, já é mais uma merecedora do Prêmio Nobel. Em setembro de 2016, logo após os Jogos Olímpicos no Brasil, a Newsletter da SBMT desvendou a falsidade de uma matéria amplamente difundida mundo afora, em que a famosa apresentadora de TV britânica Charlie Webster teria tido malária em trajeto de bicicleta de Recife para o Rio de Janeiro, região onde não existe malária (em português) e (em inglês). Outra matéria publicada na newsletter da SBMT em 2012 é citada pela Nasdaq, segundo maior mercado de ações do mundo, depois da Bolsa de Nova York, a Nasdaq é uma referência internacional na área econômica. Como parâmetro na área das doenças tropicais, o mercado de ações elencou o comentário do presidente da SBMT, à época, Dr. Mitermayer Galvão dos Reis, entre as citações para matéria sobre o andamento da produção de uma vacina contra a dengue que poderia movimentar valores bilionários.

Outras matérias da Newsletter tiveram repercussão excepcional, atingindo grande público. Uma delas, sobre dengue, é a segunda a aparecer na lista do Google quando feita a busca “dengue no mundo”. Também merecem destaques as que tiveram maior alcance. Uma delas foi sobre o movimento anti-vacinas, publicada em abril de 2019, contou com recorde de 85.105 acessos. Outra, publicada no início da pandemia, em março de 2020, evidenciava que tínhamos muito mais perguntas do que respostas acerca da COVID-19 chegou a 53 mil acessos. Também são dignas de menção a publicação sobre o enorme dano causado pelos acidentes de trânsito, um dos temas mais importantes para a Newsletter, que totalizou 22.283 acessos, e outra sobre o dia do infectologista, com 16.898 acessos.

A Newsletter não é importante por si só. Tal como os grandes periódicos científicos globais, como a Science, a Nature, as PLoS, entre outros, possui uma rede de comunicação eletrônica que apoia o tema Medicina Tropical, a SBMT e, particularmente, a Revista da SBMT. Esta rede de comunicação eletrônica, é composta pelo website (em português) e (em inglês), pela Newsletter, pelo hotsite da Revista da SBMT, e por contas no Instagram, no Facebook e no Tweeter.

A mídia eletrônica mais visitada é o website, não apenas por ser contínuo e por trazer informações sobre a SBMT e outros importantes assuntos da Medicina Tropical, mas, sobremaneira, por ser alimentado tanto pelas notícias geradas e veiculadas pela Newsletter da SBMT. Alguns números demonstram a força da interação do website com a Newsletter. Em um ano, de maio de 2012 a maio de 2013, a newsletter possibilitou mais de 33 mil visitas ao website (2.750 mensais, aproximadamente), com pico de acesso diário em 15/05/2013, quando registrou 292 visitas. Este foi um aumento de quase 60% em relação ao mesmo período do ano anterior (05/2011 a 05/2012), quando o site contabilizou pouco mais de 21 mil visitas (1.750 visitas mensais).

A influência da Newsletter sobre as mídias eletrônicas da SBMT. A Revista da SBMT passou de um fator de impacto JCR/Clarivate, de 1.339 para 1.581, certamente auxiliada pela Newsletter. O website tornou-se cada vez mais evidente recentemente, levando o website a números internacionalmente muito expressivos; hoje o website tem cerca de 38.000 acessos e abertura de cerca de 200.000 páginas mensais, um número de visitas 22 vezes maior do que era em seu início, antes da Newsletter. Esta, por sua vez, é enviada por cerca de 13.000 pessoas cientistas, profissionais e jornalistas e aberta por mais ou menos 10% destes que se encarregam de multiplicá-la. O impacto da rede de comunicação eletrônica da SBMT pode ser visualizado nos números de acesso à conta no Facebook. É a segunda mais visitada no mundo entre as organizações não governamentais dedicadas a Medicina Tropical. Em 27/07/2021, contava com 32.118 seguidores, em comparação 36.979 da American Society of Tropical Medicine e com 3.123 da Royal Society of Tropical Medicine. O público da Newsletter amplifica as informações e o impacto das notícias produzidas pela SBMT. Enquanto o Facebook, o Instagram e o Tweeter se dirigem principalmente a leigos, o hotsite da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical se dedica a divulgar artigos científicos, contando com seu próprio boletim eletrônico. Todos juntos, em rede, servem, assim, de apoio à temática, à SBMT e ao seu principal organismo, a Revista da SBMT, que publica artigos formalmente científicos. Embora lidas principalmente no Brasil, as mídias da SBMT atingem todo o mundo, com centenas de leitores nos outros países de língua portuguesa; são também muito consultadas pelo público latino-americano, norte-americano, europeu e asiático.

Este conjunto de meios de comunicação permite que a SBMT cumpra o seu papel de divulgação dos conhecimentos de Medicina Tropical, em defesa dos interesses dos povos tropicais, cujos países ainda estão em desenvolvimento, e são os mais pobres (à exceção da ilha de Cingapura). Como disseram Jared Diamond e Daron Acemoglu, esta distribuição de riqueza não ocorre ao acaso. A pobreza dos trópicos não se deve a seu povo, que não pode ser visto como inerentemente, racialmente, geneticamente menos competente para o desenvolvimento econômico e civilizatório. Tem sim, raízes histórico-geográficas, principalmente através das armas, da destruição e exploração dos povos originais pelos que os submeteram à força e, também, pelo modo de produção extrativo impostos pelas metrópoles, impérios colonizadores e hegemonias econômicas. Desta forma, a pobreza relativa dos Trópicos não é irreversível e pode ser suplantada. A ciência é um dos mais importantes instrumentos para superação da miséria e para que se alcance o desenvolvimento. O Brasil, devido à sua imensidão, à sua grande expressão cultural e a uma razoável produção científica, tem importante protagonismo no que se refere à auto-identidade e aos valores comuns dos povos tropicais. A SBMT é, sem dúvida, uma das mais proeminentes vozes dos interesses dos povos tropicais e a única organização científica a se declarar em nome dos Trópicos para os Trópicos. Nesse sentido, a Newsletter tem sido uma voz dos Trópicos e a voz da SBMT.