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Minas vai produzir kits para diagnóstico de leishmaniose caninaMinas vai produzir kits para diagnóstico de leishmaniose ca

09/04/2012

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Dr. Rodrigo Stabeli / Diretor Fiocruz Rondônia acredita que qualquer transferência de tecnologia comprovada para o combate das doenças ditas negligenciadas é valida

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) assinou contrato de licenciamento de tecnologia que permitirá à Fundação Ezequiel Dias (FUNED) produzir kit para diagnóstico de leishmaniose visceral canina a ser utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS).

O modelo de transferência utilizado não estabelece previsão de remuneração pelo uso da tecnologia, desenvolvida por grupo de pesquisadores coordenado pelo professor Wilson Mayrink, 87 anos, aposentado do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). “A decisão pelo licenciamento não oneroso justifica-se pelo fato de a tecnologia estar relacionada ao diagnóstico de doença negligenciada e de grande impacto sobre a saúde pública”, explica Mayrink.

O diretor da Fiocruz em Rondônia, Dr. Rodrigo Stabeli, acredita que qualquer transferência de tecnologia comprovada para o combate das doenças ditas negligenciadas é valida. “Se existe o apontamento da tecnologia é porque houve desenvolvimento. Se houve desenvolvimento, mesmo que sem sucesso na escala de produção, houve treinamento e profissionalização de mão-de-obra em tecnologia e o Brasil precisa se profissionalizar na área”.

Entretanto, Dr. Rodrigo lembra que o  Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) já produz um teste que é distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde (MS) para o diagnóstico da leishmaniose canina, muito eficiente. Segundo ele, o valor agregado para o desenvolvimento do kit de Biomanguinhos já foi considerado de relevância e absorvido pelo MS. “Apesar de existir resultados cruzados, um teste que diminua falso positivo ou negativo deve ser priorizado. Portanto, apenas fará sentido se o kit a ser desenvolvido pela FUNED, agora, cobrir eventuais lacunas que o kit que já existe não possa cobrir. O que estou dizendo é que, mesmo sabendo da demanda de Minas gerais para o teste, o setor de inovação da saúde deve investir de forma racional na produção de insumos para as doenças negligenciadas para que não falte ainda mais investimentos no setor”, comenta.

Para o diretor da Fiocruz em Rondônia, o kit de rápida detecção da leishmaniose canina é importante para o combate da doença do ponto de vista zoonótico e também para a melhoria da qualidade de vida do cão, o principal animal de estimação do brasileiro. “Avançar no diagnóstico de doenças é proporcionar melhor qualidade no tratamento do paciente, interromper um ponto de surto epidêmico. Ou seja, a tecnologia diagnóstica é ponto fundamental para a medicina”, reconhece.

Dr. Rodrigo diz que, nos últimos anos, foi possível perceber um grande avanço na tecnologia associada à imunogenicidade como o ELISA, cromatografia em papel, etc, e, em imagens. A indústria farmacêutica diagnóstica é uma das mais lucrativas juntamente com a de fabricação de fármacos. “Obviamente que qualquer desenvolvimento de tecnologia para a saúde deverá estar associado à melhoria da qualidade de vida. No entanto, o interesse industrial se baseia no mercado e assim, doenças com baixo valor econômico agregado são excluídas do rol de financiamento investigativo. É o caso da Leishmaniose”, constata.

O diretor explica que cabe ao poder público brasileiro incentivar, por meio de políticas públicas, pesquisas associadas ao desenvolvimento de protótipo diagnóstico para as doenças tropicais que acometem nossa população, leishmaniose, chagas, malária, diarreias infantis, entre outras. “Temos boa competência científica, somos o 13º país em publicações científicas mundiais. No entanto, somos muito amadores no desenvolvimento inovativo”, revela. Ele diz que existe uma grande lacuna entre a pesquisa aplicada brasileira e o desenvolvimento. “Ainda, não possuímos uma política adequada para o desenvolvimento da inovação para a saúde”, finaliza.

Os mecanismos clássicos do controle da leishmanios são realizados em basicamente três ações: investigação e tratamento dos casos humanos, combate ao vetor transmissor e investigação e até pouco tempo, eliminação de cães doentes portadores. Hoje, sabe-se que apesar da morosidade, o tratamento de cães pode ser realizado de forma que tem se incentivado nova conduta de combate por meio do tratamento. De acordo com o Dr. Rodrigo Stabeli, pode-se dizer que é enfrentado desafios nas três frentes de combate a leishmaniose.

“No tratamento: os tratamentos são realizados com quimioterápicos que causam bastante desconforto o que faz com que com a melhora aparente, o paciente abandone o tratamento. O diagnóstico ainda é caro”, diz. A eliminação de cães infectados pode seguir muito além do ato, pois os animais são carregados de fatores emocionais ligado, por muitas vezes, ao histórico familiar do dono. O tratamento de cães não foge do desconforto quimioterápico e o dono interrompe o tratamento com o sumiço dos sintomas podendo tornar o cão reservatório até a recaída novamente. Dr. Rodrigo esclarece ainda, que o combate ao vetor é bastante complexo. “Os flebotominios tiveram uma adaptação boa na cidade de forma que sua erradicação leva em consideração saneamento básico competente nas cidades brasileiras”, esclarece.

Segundo o professor Mayrink, coordenador da pesquisa da UFMG, também será desenvolvida a vacina humana contra a doença, que deverá, em breve, ser disponibilizada produção, a partir do modelo de licenciamento não oneroso.

Para o Dr. Stabeli, a produção da vacina para humanos, contra a leishmaniose canina, sem dúvida é uma vitória. “Se fizermos um apanhado histórico, veremos que a melhoria da qualidade de vida e, contudo, o aumento da expectativa de vida humana teve sucesso após o aparecimento da vacinação. Podemos dizer que a melhor forma de combate às doenças é a prevenção. A mesma fórmula deve ser aplicada às doenças infecto-contagiosas e parasitárias. Existem vários protótipos de vacina contra leishmanioses sendo testadas, inclusive no Brasil”, confidencia. Segundo ele cabe lembrar que o parasita da Leishmaniose possui variações espécies específicas e um ciclo de vida complexo o que dificulta a produção de vacinas.

Sobre a leishmaniose canina:
A Leishmaniose canina possui, atualmente, ampla distribuição mundial. No Brasil, é considerada reemergente e em expansão.  Existem pelo menos seis espécies do parasita circulando no Brasil e o vetor de transmissão é o flebotomínio, também amplamente disseminando. O diagnóstico é baseado em métodos parasitológicos convencionais (estes exigem tempo e experiência do profissional), sorológicos (pode ocasionar dúvidas) e moleculares (mais caros). O crescimento urbano desordenado proporciona o avanço da doença para a periferia dos grandes centros. Os cães são reservatórios de transmissão da doença, principalmente os animais assintomáticos. Ou seja, aqueles cuja doença não é manifestada clinicamente, mas o animal continua possuindo o parasita e, portanto participando da cadeia de transmissão da leishmaniose.

O novo kit:
A tecnologia Método e kit para diagnóstico de leishmaniose visceral está protegida junto ao INPI por meio do pedido de patente PI1000664-8. Seus inventores são os pesquisadores Wilson Mayrink, Maria Norma Melo, Marilene Suzan Marques Michalick, Eloisa de Freitas e Soraia Oliveira Silva. O kit foi desenvolvido no setor de leishmaniose do Departamento de Parasitologia do ICB e envolveu os laboratórios de Biologia da Leishmania, de Sorologia e de Leishmanioses.

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Dr. Rodrigo Stabeli / Diretor Fiocruz Rondônia acredita que qualquer transferência de tecnologia comprovada para o combate das doenças ditas negligenciadas é valida

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) assinou contrato de licenciamento de tecnologia que permitirá à Fundação Ezequiel Dias (FUNED) produzir kit para diagnóstico de leishmaniose visceral canina a ser utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS).

O modelo de transferência utilizado não estabelece previsão de remuneração pelo uso da tecnologia, desenvolvida por grupo de pesquisadores coordenado pelo professor Wilson Mayrink, 87 anos, aposentado do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). “A decisão pelo licenciamento não oneroso justifica-se pelo fato de a tecnologia estar relacionada ao diagnóstico de doença negligenciada e de grande impacto sobre a saúde pública”, explica Mayrink.

O diretor da Fiocruz em Rondônia, Dr. Rodrigo Stabeli, acredita que qualquer transferência de tecnologia comprovada para o combate das doenças ditas negligenciadas é valida. “Se existe o apontamento da tecnologia é porque houve desenvolvimento. Se houve desenvolvimento, mesmo que sem sucesso na escala de produção, houve treinamento e profissionalização de mão-de-obra em tecnologia e o Brasil precisa se profissionalizar na área”.

Entretanto, Dr. Rodrigo lembra que o  Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) já produz um teste que é distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde (MS) para o diagnóstico da leishmaniose canina, muito eficiente. Segundo ele, o valor agregado para o desenvolvimento do kit de Biomanguinhos já foi considerado de relevância e absorvido pelo MS. “Apesar de existir resultados cruzados, um teste que diminua falso positivo ou negativo deve ser priorizado. Portanto, apenas fará sentido se o kit a ser desenvolvido pela FUNED, agora, cobrir eventuais lacunas que o kit que já existe não possa cobrir. O que estou dizendo é que, mesmo sabendo da demanda de Minas gerais para o teste, o setor de inovação da saúde deve investir de forma racional na produção de insumos para as doenças negligenciadas para que não falte ainda mais investimentos no setor”, comenta.

Para o diretor da Fiocruz em Rondônia, o kit de rápida detecção da leishmaniose canina é importante para o combate da doença do ponto de vista zoonótico e também para a melhoria da qualidade de vida do cão, o principal animal de estimação do brasileiro. “Avançar no diagnóstico de doenças é proporcionar melhor qualidade no tratamento do paciente, interromper um ponto de surto epidêmico. Ou seja, a tecnologia diagnóstica é ponto fundamental para a medicina”, reconhece.

Dr. Rodrigo diz que, nos últimos anos, foi possível perceber um grande avanço na tecnologia associada à imunogenicidade como o ELISA, cromatografia em papel, etc, e, em imagens. A indústria farmacêutica diagnóstica é uma das mais lucrativas juntamente com a de fabricação de fármacos. “Obviamente que qualquer desenvolvimento de tecnologia para a saúde deverá estar associado à melhoria da qualidade de vida. No entanto, o interesse industrial se baseia no mercado e assim, doenças com baixo valor econômico agregado são excluídas do rol de financiamento investigativo. É o caso da Leishmaniose”, constata.

O diretor explica que cabe ao poder público brasileiro incentivar, por meio de políticas públicas, pesquisas associadas ao desenvolvimento de protótipo diagnóstico para as doenças tropicais que acometem nossa população, leishmaniose, chagas, malária, diarreias infantis, entre outras. “Temos boa competência científica, somos o 13º país em publicações científicas mundiais. No entanto, somos muito amadores no desenvolvimento inovativo”, revela. Ele diz que existe uma grande lacuna entre a pesquisa aplicada brasileira e o desenvolvimento. “Ainda, não possuímos uma política adequada para o desenvolvimento da inovação para a saúde”, finaliza.  

Os mecanismos clássicos do controle da leishmanios são realizados em basicamente três ações: investigação e tratamento dos casos humanos, combate ao vetor transmissor e investigação e até pouco tempo, eliminação de cães doentes portadores. Hoje, sabe-se que apesar da morosidade, o tratamento de cães pode ser realizado de forma que tem se incentivado nova conduta de combate por meio do tratamento. De acordo com o Dr. Rodrigo Stabeli, pode-se dizer que é enfrentado desafios nas três frentes de combate a leishmaniose.

“No tratamento: os tratamentos são realizados com quimioterápicos que causam bastante desconforto o que faz com que com a melhora aparente, o paciente abandone o tratamento. O diagnóstico ainda é caro”, diz. A eliminação de cães infectados pode seguir muito além do ato, pois os animais são carregados de fatores emocionais ligado, por muitas vezes, ao histórico familiar do dono. O tratamento de cães não foge do desconforto quimioterápico e o dono interrompe o tratamento com o sumiço dos sintomas podendo tornar o cão reservatório até a recaída novamente. Dr. Rodrigo esclarece ainda, que o combate ao vetor é bastante complexo. “Os flebotominios tiveram uma adaptação boa na cidade de forma que sua erradicação leva em consideração saneamento básico competente nas cidades brasileiras”, esclarece.

Segundo o professor Mayrink, coordenador da pesquisa da UFMG, também será desenvolvida a vacina humana contra a doença, que deverá, em breve, ser disponibilizada produção, a partir do modelo de licenciamento não oneroso.

Para o Dr. Stabeli, a produção da vacina para humanos, contra a leishmaniose canina, sem dúvida é uma vitória. “Se fizermos um apanhado histórico, veremos que a melhoria da qualidade de vida e, contudo, o aumento da expectativa de vida humana teve sucesso após o aparecimento da vacinação. Podemos dizer que a melhor forma de combate às doenças é a prevenção. A mesma fórmula deve ser aplicada às doenças infecto-contagiosas e parasitárias. Existem vários protótipos de vacina contra leishmanioses sendo testadas, inclusive no Brasil”, confidencia. Segundo ele cabe lembrar que o parasita da Leishmaniose possui variações espécies específicas e um ciclo de vida complexo o que dificulta a produção de vacinas.

Sobre a leishmaniose canina:
A Leishmaniose canina possui, atualmente, ampla distribuição mundial. No Brasil, é considerada reemergente e em expansão.  Existem pelo menos seis espécies do parasita circulando no Brasil e o vetor de transmissão é o flebotomínio, também amplamente disseminando. O diagnóstico é baseado em métodos parasitológicos convencionais (estes exigem tempo e experiência do profissional), sorológicos (pode ocasionar dúvidas) e moleculares (mais caros). O crescimento urbano desordenado proporciona o avanço da doença para a periferia dos grandes centros. Os cães são reservatórios de transmissão da doença, principalmente os animais assintomáticos. Ou seja, aqueles cuja doença não é manifestada clinicamente, mas o animal continua possuindo o parasita e, portanto participando da cadeia de transmissão da leishmaniose.

O novo kit:
A tecnologia Método e kit para diagnóstico de leishmaniose visceral está protegida junto ao INPI por meio do pedido de patente PI1000664-8. Seus inventores são os pesquisadores Wilson Mayrink, Maria Norma Melo, Marilene Suzan Marques Michalick, Eloisa de Freitas e Soraia Oliveira Silva. O kit foi desenvolvido no setor de leishmaniose do Departamento de Parasitologia do ICB e envolveu os laboratórios de Biologia da Leishmania, de Sorologia e de Leishmanioses.