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Vacina promete 100% de proteção contra maláriaVaccine assures 100% protection against malaria

12/09/2013

Vacina

O Brasil é hoje o segundo País na produção científica em Medicina Tropical, mas ainda tem um longo caminho pela frente no desenvolvimento biotecnológico

Um novo tipo de vacina contra malária que imita os efeitos das picadas do mosquito demonstrou resultados iniciais promissores, ao fornecer uma proteção total a uma dúzia de voluntários humanos, conforme matéria divulgada na mídia.

Na avaliação do Dr. Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária e presidente da Federação Internacional de Medicina Tropical (IFTM), o anúncio, feito por cientistas do Laboratório Sanaria, com sede em Maryland (EUA), pode ser considerado tanto reflexo de estudos em fase muito inicial, quanto um relato de resultados com sucesso garantido. “Apresso-me, entretanto, a dizer que, em absoluto, acredito que esta possa ser a solução para o combate à malária no planeta, sobretudo na África”, atenta.

Para Dr. Daniel-Ribeiro é possível considerar que os resultados obtidos no estudo podem ser indicativos de sucesso, pois na verdade, o estudo reproduz na forma mais “limpa” e com tecnologia mais avançada – e bastante mais ousada – experimentos feitos tanto em camundongos quanto em humanos há mais de 40 anos pela brasileira Ruth Nussenzweig e por Clyde e Rieckmann, em estudos diferentes, respectivamente.

“O problema todo sempre residiu, e está longe de ser resolvido, na questão da fastidiosa dissecção de mosquitos que inviabiliza a produção na escala necessária para cobrir a população meramente exposta – cerca de três bilhões de indivíduos – ou mesmo unicamente aquela que responde pelos 220 milhões de casos registrados todo ano no mundo”, observa Dr. Daniel-Ribeiro ao reiterar que, embora este seja um ensaio clínico que tenha resultado em 100% de proteção vacinal, o estudo não apresenta nenhuma hipótese mais evoluída em termos de perspectiva de obtenção de uma vacina anti-malárica.

O presidente da IFTM não acredita que vá para as prateleiras e que esteja disponível, a não ser em situações certamente muito excepcionais, por se tratar de uma vacina que precisa ser administrada por via endovenosa. Ele defende que formulações vacinais obtidas por engenharia genética ou síntese química, utilizando antígenos tanto dos esporozoítos quanto de formas assexuadas sanguíneas, apesar de induzirem proteção bastante inferior, são produtos mais facilmente padronizáveis e com mais chances de chegar às prateleiras e ao Sistema Único de Saúde (SUS), em um futuro que não é possível ainda datar com precisão.

Brasil no caminho certo
O pesquisador assinala que no Brasil existem equipes empenhadas no desenvolvimento e testes, em ensaios ainda pré-clínicos, de formulações vacinais contra malária por Plasmodiumvivax e Plasmodiumfalciparum. “Elas visam à preparação de formulações capazes de induzir uma maior imunogenicidade por meio da mobilização da resposta imune inata, da produção de moléculas híbridas com adjuvantes dotadas dessas propriedades e da otimização do modelo experimental de primatas não humanos neotropicais para a infecção por Plasmodia humanos.”

Dr. Daniel-Ribeiro salienta que o Brasil é hoje o segundo País na produção científica em Medicina Tropical, mas ainda tem um longo caminho pela frente no desenvolvimento biotecnológico. “Com o investimento importante em ciência e tecnologia na última década, o que se espera é que o Brasil, 13º no mundo em termos de produção de artigos científicos, alcance uma posição mais compatível com o sexto lugar entre as potências econômicas”, aponta ao realçar que, em termos percentuais, nos últimos 15 anos, o País vem gastando em pesquisa e desenvolvimento, pouco mais de 1% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Entretanto, o pesquisador destaca que o Brasil vai mal, no desenvolvimento tecnológico ao analisarmos o registro de patentes. “Um exemplo seria o número de depósitos de patentes de 2006 no Japão (332 mil); nos Estados Unidos (195 mil); e no Brasil (4056). Ou ainda, a relação total de patentes para cada mil artigos em 2012: 0,8 no Brasil; 33,9 nos Estados Unidos; 93,9 para Holanda; e 416,9 para Coreia do Sul”, conclui.

Vacina

Brazil is the second country in Tropical Medicine scientific production, but still has a long path ahead towards biotechnological development

A new kind of vaccine against malaria that imitates the effects of the mosquito bites showed promising initial results, while completely protecting a dozen human volunteers, as the article shows.

According to Dr. Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro, researcher from the Oswaldo Cruz Institute, head of the Malaria Research Laboratory and president of the International Tropical Medicine Federation (IFTM), the announcement, made by Sanaria Laboratory scientists, based in Maryland (USA), can be considered both a reflex of studies in a very early stage as a report of guaranteed success results. “I hurry, however, to say, that I absolutely do believe this to be the solution in fighting malaria in the planet, overall in Africa”, attents.

For Dr. Daniel-Ribeiro it is possible to consider the found results as a success indicator, once truly, the study replicates “cleanly” and with the most sophisticated technology – and quite bold – experiments in humans and mice conducted over 40 years ago by brazilian researchers Ruth Nussenzweig and by Clyde and Rieckmann, in different studies, respectively.

“The problem has always been, and is far from being solved, in the fact that the cumbersome mosquito dissection renders impossible for mass production necessary to cover only the exposed population – about three billion individuals – or even just the part that responds for the 220 million yearly worldwide cases”, observes, Dr. Daniel-Ribeiro while reinforcing that, although this is a 100% coverage vaccine clinical essay, the study does not represent a more evolved hypothesis in a perspective of obtaining an anti-malaria vaccine.

The president of the IFTM does not believe this vaccine will reach the shelves and be available for the general population, unless in very exceptional situations, once this is an endovenous vaccine. He defends that vaccine formulations obtained through genetic engineering or chemical synthesis, using antigens from both sporozoites and asexual blood forms, despite leading to a much lower protection, are easier to lay patterns and have more chances of reaching the shelves and the Unified Health System (UHS), in a still unpredictable future.

Brazil in the right path
The researcher signs that in Brazil, there are teams committed to developing and testing, in still pre-clinical essays, of vaccines against malaria by Plasmodiumvivax and Plasmodiumfalciparum. “They seek to prepare formulations able to induce a greater immunogenicity through the innate immune response mobilization, the production of hybrid molecules with adjuvants with these properties and the optimization of the experimental model of neotropical non-human primates with infection by human Plasmodia”.

Dr. Daniel-Ribeiro emphasizes that today, Brazil is the second country in Tropical Medicine scientific production, but still has a long path ahead towards biotechnological development. “With the important investment in science and technology from the last decade, we expect that Brazil, 13th country in scientific articles production, can raise to a position more compatible with the 6th largest economy in the world”, points while reinforcing that in percentage terms, in the last 15 years, the Country has invested little more that 1% of its GDP in research and development.]

However, the researcher highlights that Brazil is in a poor situation when analyzing the patent records. “One example would be the number of patents in 2006 in Japan (332 thousand); in the USA (195 thousand); and in Brazil (4.056). Or even regarding a total of patents per thousand published articles in 2012: 0.8 in Brazil; 33.9 in the USA; 93.9 in the Netherlands; and 416.9 in South Korea”, concludes.