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País prepara plano para eliminar um dos principais parasitos da malária Country triggers plan to eliminate one of malarias main parasites

Tema foi discutido no âmbito do Programa Nacional de Controle da MaláriaThe matter was discussed within the National Program of Malaria Control

15/09/2015

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Necessidade de eliminar o P. falciparum é também devido ao risco iminente do aparecimento de resistência do parasito aos medicamentos atualmente em uso no mundo

O número de casos de malária vem diminuindo no Brasil, principalmente na região Amazônica. No estado do Amazonas, por exemplo, o total de infectados caiu de 232 mil, em 2005, para 66,6 mil, no ano passado. Ainda assim, tal redução exige desafios, como continuar reduzindo o número de casos e, ao mesmo tempo, avançar mais rapidamente para a eliminação da doença do País, mantendo o compromisso político e os recursos necessários no combate à enfermidade.

Um dos meios para manter o progresso contra a malária está em desenvolvimento: um plano para eliminar o Plasmodium falciparum do País. Apesar de não ser a principal espécie de parasito da doença em território nacional – o Plasmodium vivax responde por mais de 80% dos casos –, a erradicação do P. falciparum é fundamental na estratégia de controle da malária, de acordo com o doutor em Medicina Tropical Pedro Luiz Tauil.

A eliminação do P. falciparum foi um dos principais temas das reuniões, em julho, do Programa Nacional de Controle da Malária da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que ocorreram na Fiocruz do Distrito Federal. Os encontros foram realizados em dois comitês do Programa. O primeiro e mais amplo trata dos aspectos gerais da iniciativa, enquanto o segundo é um subcomitê que trata da terapêutica da doença.

“Estamos conseguindo reduzir bastante o P.falciparum e, apesar de com menor intensidade, também o P.vivax. Por isso a proporção deste último, no País, atualmente é muito maior em relação ao primeiro. Temos tido muitas vantagens, já que o falciparum produz uma doença mais grave que o vivax. Com isso, tem diminuído drasticamente o número de óbitos e internações no Brasil”, explica o Dr. Tauil. A necessidade de eliminar o P. falciparum é também devido ao risco iminente do aparecimento de resistência do parasito aos medicamentos atualmente efetivos em uso no mundo, os derivados da Artemisinina.

De acordo com o especialista, para continuar reduzindo o número de casos, o Brasil precisa continuar investindo nos diagnósticos e tratamentos oportunos e adequados à malária, acompanhados do controle seletivo de vetores. A principal medida desse tipo de controle no mundo, atualmente, é o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida.

Em relação ao comitê de terapêutica, o grupo destacou que é preciso buscar novos tratamentos para a P. falciparum, devido ao risco de aparecimento de resistência desta espécie aos medicamentos utilizados hoje. “Também foi recomendado pelo grupo que a quimioprofilaxia para viajantes [uso de medicamentos para diminuir o risco de infecção pela doença], quando indicada, deva ser feita com um produto que ainda não tem no Brasil: o Malarone, uma associação de dois medicamentos, Atovaquone e Proguanil”, disse o Dr. Tauil.

Outras ações contra a espécie do parasito também poderão ser adotadas no Brasil futuramente, com o avanço de novas descobertas. É o caso de uma vacina contra o P. falciparum. Em julho, a Agência Europeia de Remédios (EMA) aprovou esse imunizante, mas para uso exclusivo em bebês entre seis semanas e 17 meses. A expectativa é que o produto esteja disponível para ser administrado a partir de 2017.

Outros encaminhamentos dos comitês do Programa de Malária incluíram a discussão sobre o problema da resistência a antimaláricos e inseticidas – tema que vem sendo monitorado com a ajuda de grupos de pesquisa financiados pelo Ministério da Saúde. Além disso, foram redefinidos esquemas terapêuticos para gestantes e crianças com P. vivax, discutido o possível uso da associação Artesunato e Mefloquina em região endêmica para tratamento de P.falciparum e o uso de Artesunato intramuscular ao invés de Arthemeter.

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The urge to eliminate P. falciparum is also due to the imminent risk of the parasite developing resistance to the drugs currently used in the world

The number of malaria cases has decreased in Brazil, especially in the Amazon. In Amazonas State, for example, the total of infected people dropped from 232 thousand in 2005 to 66.6 thousand last year. Yet still, such reduction demands some challenges, as maintaining the drop and, meanwhile, advance towards eliminating the disease from the Country, keeping the political commitment and necessary resources to combat the disease.

One of the ways to keep the progress against malaria is in course: a plan aiming to eliminate Plasmodium falciparum from the Country. Despite not being the main causative agent in Brazil – Plasmodium vivax is responsible for over 80% of the cases -, eradicating P. falciparum is fundamental for the malaria control strategy, according to Dr. Pedro Luiz Tauil, PhD. in Tropical Medicine.

The P. falciparum elimination was one of the main themes at the July meetings of the National Program for Malaria Control, from the Health Ministrys Health Surveillance Secretary, that took place in the Fiocruz headquarter in the Federal District. The meetings were conducted in two of the Programs committees. The first and broader deals with the initiatives general aspects, while the latter is a subcommittee that deals with the diseases therapy.

We have achieved a significant reduction of P. falciparum, and despite in lower intensity, also the P. vivax. For this reason the proportion of the latter, in the country, is currently much greater than the first. We have had many benefits, since the falciparum causes a more severe illness than the vivax. This has drastically reduced the number of deaths and hospitalizations in Brazil, explains Dr. Tauil. The need to eliminate the P. falciparum is also due to the imminent risk of the parasite developing resistance to the effective drugs currently in use in the world, which are the artemisinin derivatives.

According to the expert, in order to maintain the drop in the number of cases, Brazil must keep investing in adequate and appropriate malaria treatments and diagnostic, followed by a selective vector control. The main measure of this kind of control in the world is the use of mosquito nets impregnated with insecticide.

As for the therapy committee, the group stressed the need to search for new treatments for P. falciparum, due to the risk of the species developing resistances to the currently used drugs. The group also recommended that when chemoprophylaxis for travelers is recommended [use of drugs to reduce the risk of infection], a product still not available in Brazil should be used: Maralone, an association of two drugs: Atovaquone and Proguanil, affirmed Dr. Tauil.

With the ongoing discoveries, other actions against the parasites species could be furtherly used in Brazil. This is the case of a vaccine against P. falciparum. In July, the European Medicines Agency (EMAapproved this immunizer, but for exclusive use in babies from 6 weeks to 17 months. It is expected that the product may be available for use in 2017.

Other matters of the Malaria Programs committees included a discussion about anti-malaria drugs and insecticides resistance – a theme that is approached along with research groups funded by the Health Ministry. Other considerations involved therapy schemes for pregnant women and children with P. vivax were redefined, the possible association of Artesunate and Mefloquine in endemic regions to treat P. falciparum and the use of intramuscular Artesunate instead of Athemeter.