Notícias

Tese aponta nova alternativa para tratamento da malária na região Amazônica Thesis suggests new alternative for malaria treatment in the Amazon

Segundo o doutor em Doenças Tropicais André Siqueira, fármaco cloroquina tem perdido eficácia de forma “preocupante” na região de ManausAccording to the doctor in Tropical Diseases Andre Siqueira, the drug chloroquine is losing its effectiveness in a “worrisome” way in the Manaus area

23/02/2015

Vantagens

Vantagens da associação medicamentosa: menor ingestão de remédios diariamente, princípios ativos apresentarem alta eficácia e ser formulação pediátrica

O parasita conhecido como Plasmodium vivax, a principal espécie causadora da malária na região Amazônica, tem como seu maior inimigo um medicamento chamado cloroquina, utilizado há cerca de 50 anos no País no combate à enfermidade. No entanto, os efeitos do tempo mostram que o fármaco já não é mais tão eficaz e que alternativas são necessárias no tratamento contra a doença. Uma dessas novas possibilidades foi apontada na tese de doutorado defendida pelo infectologista Dr. André Siqueira, sob orientação do prof. Marcus Lacerda, que estudou os efeitos de um tratamento à base da combinação dos medicamentos artesunato e amodiaquina.

Essa associação de medicamentos (Coarsucam™/WintropR), fruto de uma parceria de desenvolvimento do DNDi e Sanofi, já é utilizada com sucesso em países da África e da Ásia no tratamento de infectados pelo Plasmodim falciparum. “Nós tivemos a oportunidade de ser o primeiro grupo no mundo a avaliar seu uso para malária por Plasmodium vivax”, aponta Siqueira, doutor em Doenças Tropicais.

Entre as vantagens da associação medicamentosa – também conhecida como ASAQ – em relação à cloroquina está a menor ingestão de remédios diariamente, além dos princípios ativos apresentarem alta eficácia. Outro aspecto positivo é que se trata da existência de formulação pediátrica, o que se contrapõe à necessidade de fracionar os comprimidos de cloroquina para crianças sob o risco de administração inadequada e falha terapêutica neste grupo, como demonstrado em publicação prévia

O trabalho conduzido pelo Dr. Siqueira na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus, foi feito com 190 pacientes em cada braço de tratamento, sendo acompanhados por até 42 dias. Nos primeiros 28 dias, nenhum paciente que recebeu o ASAQ apresentou falha. No entanto, entre o grupo dos que receberam cloroquina, foram registradas 7,6% de falhas. Este último medicamento apresentou diferenças ainda maiores de eficácia quando considerado o seguimento até o dia 42, quando registrou diferença de 22,6% (falha em 26.5% no grupo de cloroquina versus 3.9% no de ASAQ).

“Nossa surpresa se deu pelo fato de a cloroquina ter meia-vida consideravelmente maior do que a amodiaquina, ou seja, a droga fica por mais tempo no sangue, o que proporcionaria, se a droga fosse eficaz, maior proteção”, explica o infectologista.

A diferença nas taxas de cura, segundo o especialista, se deve ao aumento na prevalência de resistência do Plasmodium vivax à cloroquina na área da pesquisa. “Os resultados do nosso estudo – cuja equipe foi extremamente ativa e envolvida, eu preciso destacar – demonstram que a cloroquina tem perdido sua eficácia de forma preocupante na região de Manaus”, afirma.

Justamente devido à maior resistência ao fármaco, o médico propõe que a adoção de alternativas sejam ativamente avaliadas e discutidas na região Amazônica. “Os parasitas evoluem rapidamente, desenvolvendo resistência. A substituição da cloroquina, em minha opinião, é uma questão de tempo, necessitando o estabelecimento de critérios bem definidos para a troca, bem como a escolha, entre as drogas disponíveis, da alternativa mais adequada para a nossa região”, explicou.

A busca por novos medicamentos é necessária principalmente porque o Plasmodium vivax é responsável por mais de 80% dos casos de malária na região Amazônica. Segundo o relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em dezembro de 2014, o Brasil é responsável por 52% de todos os casos reportados da doença nas Américas, ficando bem à frente da Colômbia (13%), segundo país da região com maior número de casos.

Pros

Pros for drug association: lower daily drug ingestion, active substance have high effectiveness and the pediatric formulation

The parasite known as Plasmodium vivax, the species that causes most malaria cases in the Amazon, has as its greatest enemy a drug called chloroquine, used for about 50 years in the Country against the disease. However, the effects of time show the drug is not as effective and there must have alternatives for the treatment. One of these possibilities was described in the PhD thesis by the infectious disease expert Dr. Andre Siqueira, under the supervision of Prof. Marcus Lacerda, who studied the treatment effects with the combination of artesunate and amodiaquine.

This drug combination (Coarsucam™/WintropR), result of a partnership between DNDi and Sanofi, is already successfully being used in African and Asian countries in the treatment against Plasmodium falciparum. “We had the opportunity to be the first group in the world to evaluate its use against malaria by Plasmodium vivax’, points Siqueira, Tropical Diseases PhD.

Among the pros of medicinal interaction – also known as ASAQ – regarding chloroquine is the smaller daily drug ingestion, besides the active substance presenting a high effectiveness. Another positive aspect is the availability of a pediatric formulation, what dismisses the need to fraction chloroquine pills for children at risk of inadequate administration and therapeutic flaw, as shown in an earlier paper.

Dr. Siqueira’s work, conducted in the Dr. Heitor Vieira Dourado Tropical Medicine Foundation, in Manaus, counted with 190 patients in each treatment branch, being accompanied for 42 days. During the first 28 days, no patients who received the ASAQ presented flaws. However, among those who received chloroquine, 7.6% presented flaws. This last drug presented even greater effectivity differences when considered the period until day 42, when this difference was of 22.6% (26.5% flaw in the chloroquine group versus 3.9% in the ASAQ).

“Our surprise was because chloroquine has a half-life considerably larger that amodiaquine, this is, the drug remains in the blood for a longer period, what would result, if the drug was effective, in greater protection”, explains the expert.

The difference in the cure rates, according to the expert, is due to the increase in the prevalence of Plasmodium vivax resistance to chloroquine in the research area. “Our study’s results – which’s team was highly active and involved, I must say – showed that chloroquine has been losing its effectiveness in a worrisome way in Manaus”, says.

Especially due to drug resistance, the physician suggests that alternatives should be actively evaluated and discussed in the Amazon. “The parasites evolve very rapidly, developing resistance. Replacing chloroquine, in my opinion, is a matter of time, demanding well-defined criteria for this shift, as well as choosing among the available drugs, the most adequate for our region”, explains.

The search for new drugs is needed especially because Plasmodium vivax is responsible for over 80% of the malaria cases in the Amazon. According to the annual report from the World Health Organization (WHO), released in December 2014, Brazil alone responds for 52% of all cases in the Americas, much ahead of Colombia (13%), the second country with most cases.