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Vírus Eilat é usado como uma plataforma para vacina contra febre Chikungunya

Dr. Scott Weaver diz que a vacina oferece proteção eficiente, segura e acessível, além de estabelecer os fundamentos para o uso de vírus específicos de insetos como vetores de vacina

08/03/2017
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Os resultados são promissores porque os relatos mais recentes indicam que o vírus chikungunya pode ser mais grave do que os vírus que causam dengue e zika

Pesquisadores do Texas anunciaram o desenvolvimento da primeira vacina contra a febre chikungunya, feita com um vírus específico de insetos, que começará a ser avaliada em testes clínicos. Nos testes em laboratório, a vacina produziu rapidamente uma forte defesa imunológica e protegeu completamente camundongos e primatas não-humanos da doença quando expostos ao vírus chikungunya. Em entrevista à assessoria de comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), o professor da University of Texas Medical Branch (UTMB), Scott Weaver, Professor e Diretor do Instituto de Infecções e Imunidade Humanas da Universidade do Texas Medical Branch (UTMB) e principal pesquisador envolvido no projeto, explica que baseados na excelente eficácia demonstrada nestes animais e em testes extremamente rígidos que foram conduzidos (inoculação intracranial em ratos jovens deficientes para interferon), eles estão bastante otimistas que a vacina irá funcionar bem em humanos. “Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos firmaram um contrato com uma companhia especializada em desenvolvimento de vacinas para dar início ao planejamento de desenvolver a vacina EILV/CHIKV”, adianta.

Doutor Scott relata que este foi um projeto incomum que começou com a descoberta do primeiro alfavírus específico para insetos (incapazes de infectar vertebrados). “Nós já estávamos desenvolvendo quimeras entre alfavírus comuns como vacinas vivas atenuadas por vários anos, então já sabíamos como fazer a engenharia genética. Nosso pensamento inicial foi que o EILV/CHIK (vírus Eilat e vírus Chikungunya) permaneceriam incapazes de infectar células de vertebrados, e logo, poderiam servir como uma vacina “pseudo-inativada vacina” que seria sutilmente mais imunogênica do que a vacina inativada por formalina, pois não haveria degradação antigênica que normalmente acompanha o tratamento com formalina. Contudo, formos surpreendidos ao ver que a imunogenicidade era bem maior do que esperávamos de uma vacina inativada, e que o EILV/CHIKV se replicaram em níveis bem maiores em células de mosquitos, permitindo que usássemos altas doses”, detalha.

Ainda de acordo com o pesquisador, um dos maiores desafios de lançar a vacina CHIK no mercado é a natureza esporádica da doença muitas vezes não reconhecida e um futuro incerto de epidemias. Contudo, com a doença ainda atingindo muitas pessoas na América do Sul (especialmente no Brasil) e na Ásia (recentemente na Índia e no Paquistão) com grande impacto em saúde pública, bem como na economia, por conta de deficiências físicas, há expectativa de que um grande grupo farmacêutico, talvez incentivado por governos com assistência internacional, possa fazer tal investimento.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**