Notícias

Você sabia? Dores devido à infecção por vírus Chikungunya podem evoluir para atrite crônica

Segundo a Drª Consuelo Silva de Oliveira, a ocorrência de grandes epidemias revelaram aumento da persistência das manifestações articulares seguidas da infecção aguda

14/06/2016
Dra.

Principais fatores de risco são: idade acima de 45 anos, doença articular preexistente e lesões articulares de moderada intensidade na fase aguda

Um dos sintomas mais sentidos por quem é infectado pelo vírus Chikungunya são as fortes dores nas articulações. O que poucos sabem, no entanto, é que nem sempre esse incômodo acaba com a saída do vírus do organismo. Em alguns casos, a dor pode evoluir para uma artrite crônica.

A ocorrência de grandes epidemias por Chikungunya revelaram um aumento da persistência das manifestações articulares seguidas da infecção aguda, de acordo com a doutora Consuelo Silva de Oliveira, pesquisadora clínica de arbovirologia e febres hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas.

Exemplos foram relatados na ilha francesa de Reunião, a leste de Madagascar, em 2005 e 2006. No local, foram registrados casos de poliartrite crônica afetando tornozelos, pulsos, joelhos e pequenas articulações das extremidades após 15 meses do início do quadro. Um dado impressionante é que somente 43% dos casos tiveram remissão completa.

“Evidências recentes sugerem que o gênero Alphavirus – que incluem além do vírus Chikungunya, o Mayaro (MAY), o Rossio River (RV) dentre outros – podem se replicar nas articulações e estimular a resposta imune, o que poderia justificar a evolução para a forma crônica em alguns indivíduos”, explica a doutora Consuelo.

Fique alerta aos sintomas

A doença pode evoluir para uma fase subaguda e, em alguns casos, para a forma crônica em que os sintomas persistem por mais de 3 meses, com a persistência das dores nas articulações que podem assumir caráter incapacitante por semanas ou anos. Os principais fatores de risco são: idade acima de 45 anos, doença articular preexistente e lesões articulares de moderada intensidade na fase aguda.

Os sintomas mais comum na fase crônica são os acometimentos persistentes ou repetitivos nas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda. Caracteriza-se por dor com ou sem edema, limitação de movimento e evolução para a deformidade permanente.

Estudos sobre o tema avançam

De acordo com a pesquisadora, tem avançado os estudos para identificar o potencial da terapêutica atual para a atrite reumatóide (RA), com base no reconhecimento da perda óssea como uma característica marcante dos Alphovirus e a similaridade com a resposta imune da RA.

“A inibição das citocinas responsáveis pela inflamação, como a Anti IL6, antagonistas de TNF, dentre outros, pode ser efetiva no tratamento da persistência das manifestações articulares induzidas por estes vírus”, afirma a doutora Consuelo.

**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**