Internacional: Especialista em micetoma busca parceria com brasileiros International: Mycetoma expert seeks partnership with Brazilians
Instituição que é referência no combate à doença quer desenvolver novas pesquisas colaborativas e base de dados mundial sobre o assuntoThe institution which is reference fighting the disease wants to develop new cooperative researches and worldwide database about the matter
12/11/2014Entre as doenças chamadas “negligenciadas” no mundo – grupo de enfermidades endêmicas que afetam especialmente os países tropicais, a micetoma está entre as menos conhecidas. Em todo o mundo, a atenção é escassa por parte de médicos, de sistemas de saúde e da sociedade. Por não ser de notificação obrigatória, não existem sequer programas de prevenção ou controle, muito menos dados precisos sobre incidência e prevalência. Por esse motivo, especialistas de uma importante instituição têm procurado apoio para despertar a atenção internacional ao tema.
A doença é uma micose crônica, que se inicia sob a pele e evolui até atingir o tecido ósseo. Ela provoca inchaço no local afetado – geralmente o pé – e pus, podendo ser causada por fungos (conhecida como eumicetoma) ou bactérias (chamada de ctinomicetoma). Mesmo sendo um problema que afeta qualquer pessoa, os principais atingidos são os mais pobres. Em geral, pessoas entre 20 e 40 anos que andam descalças e vivem em áreas rurais, principalmente do sexo masculino.
Os organismos causadores da enfermidade podem ser encontrados no mundo inteiro, mas são endêmicos em países da América do Sul e outras nações como Arábia Saudita, México, Índia, Senegal, Mauritânia, Somália, Iêmen e Sudão. É neste último país, onde um quinto da população vive abaixo da linha da pobreza, que fica uma das principais referências mundiais no assunto, o Centro de Pesquisa Micetoma (sigla MRC, em inglês).
Localizado na Universidade de Cartum, o centro atende, em média, cerca de 200 pessoas por semana sem cobrar – realizando até mesmo alguns procedimentos cirúrgicos. São aproximadamente 7 mil pacientes cadastrados (inclusive de outros países) e vistos regularmente. Os medicamentos são oferecidos sem custos, graças a apoios como o do Médico Sem Fronteiras (MSF) e de empresas farmacêuticas do país. Segundo um dos representantes da instituição, o professor de Cirurgia Dr. Ahmed Fahal , o tratamento entre os atingidos por actinomicetoma tem taxa de sucesso alta, mas ainda não é satisfatória para eumicetoma.
Entre os objetivos do MRC, criado em 1991, está o desenvolvimento de pesquisas e a criação de uma base de dados internacional sobre a doença, a partir de parcerias locais e com outros países. A instituição espera, inclusive, receber o auxílio de pesquisadores brasileiros, segundo o Dr. Fahal. “É importante angariar informações sobre micetoma no Brasil para anexá-las a um artigo que será apresentado à Organização Mundial de Saúde (OMS), que fará uma resolução para a doença”, explica. A instituição sudanesa elaborou diversas ferramentas de diagnóstico da enfermidade, além de desenvolver pesquisas em colaboração com instituições respeitadas de outros países como Holanda, Reino Unido, Suíça, Sérvia e México.
O MCR conta com uma estrutura que engloba, entre outros, sete salas de atendimento a pacientes, dois laboratórios (sendo um molecular e, o outro, de microbiologia), biblioteca e sala de reuniões. Para desenvolver atividades que auxiliem no combate à doença, o centro também tem quatro comitês: um clínico, um de pesquisa, um de educação continuada e desenvolvimento profissional e, também, um que atende especificamente às comunidades locais.
Caso tenha interesse em auxiliar a iniciativa, entre em contato pelo e-mail: info@mycetoma.edu.sd.
Among the “neglected” diseases in the world – a group of endemic diseases that strike mainly the tropical countries, mycetoma is one of the least known. Worldwide, the attention towards the disease is scarce by physicians, health systems and the society. Since its notification is not obligatory, there are no prevention or control programs, or even accurate data about the incidence or prevalence. For this reason, experts of an important institution are seeking support to draw international attention to the theme.
The disease is a chronic mycosis, which begins under the skin and evolves until reaching the bone tissue. It causes the swelling of the affected place – usually the foot – and pus, which can be caused by fungus (known as eumycetoma) or bacteria (referred to as actinomycetoma). Even being a problem that could affect anyone, mostly it strikes the poorest people. Usually, they are people aging between 20 and 40 years, who walk barefoot and live in rural areas, and especially males.
The disease’s causing organisms can be found in the whole world, however, are most endemic in South American countries and other nations as Saudi Arabia, India, Senegal, Mauritania, Somalia, Yemen and Sudan. This last, where a 1/5 of the population lives below the poverty line, hosts one of the main references in the matter in the world, the Mycetoma Research Center (MRC).
Located in the Cartum University, the center attends, in average, 200 people every week for free – even conducting some surgical procedures. There are 7 thousand registered patients (including patients from other countries) and regularly visited. The drugs are given at no cost, thanks to supports as the Doctors Without Borders (MSF) and pharmaceutical companies from the country. According to one of the institution’s representative, Dr. Ahmed Fahal , the treatment of patients with actinomycetoma has a high success rate, but not satisfactory for eumycetoma.
Among the MRC’s objectives, created in 1991, is the development of researches and creation of an international database about the disease, starting from local and international partnerships. The institution expects, inclusive to have support from Brazilian researchers, according to Dr. Fahal. “It is important to collect data on mycetoma in Brazil to be included it in a scientific article to be presented to the WHO to issue a resolution on mycetoma”, explains. The Sudanese institution has elaborated several diagnostic tools for the disease, besides conducting researches in cooperation with respected international institutions from countries as the Netherlands, United Kingdom, Switzerland, Serbia and Mexico.
The MRC counts with a structure composed, among others, by seven service rooms, two laboratories (being one molecular, and the other, for microbiology), a library and meeting room. To develop activities that help fighting the disease, the center also has four committees: a clinical, a research, a continuous education and professional development, as well as one that attends specifically the local communities.
If you have any interest supporting the initiative, contact the MCR through the following e-mail address: info@mycetoma.edu.sd.…
**Esta reportagem reflete exclusivamente a opinião do entrevistado.**