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Vacina universal contra a gripe está sendo desenvolvida

Injetado em ratos e macacos, o novo imunizante gerou resposta capaz de protegê-los contra diferentes subtipos do vírus

14/10/2015
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De acordo com Dr. Ian Wilson, a meta é disponibilizar essa vacina no mundo inteiro como sazonal

Febre alta, dores de cabeça e no corpo, mal estar, fraqueza, tosse e coriza. Esses são os sintomas de um dos vírus mais comuns do planeta: o influenza, mais conhecido como gripe. Apesar da popularidade da doença dar-se pelo fácil contágio e baixa letalidade, o vírus acaba levando a óbito entre 250 mil e 500 mil pessoas todos os anos. Diante deste cenário é que os profissionais da área de saúde recebem com grande expectativa os avanços de pesquisas que se propõem a desenvolver a vacina universal contra a gripe.

Em artigo publicado na revista científica Sciense Magazine, dois grupos de pesquisadores, que trabalham separadamente, relatam o sucesso dos testes realizados em animais. “Uma vez injetado em ratos e macacos, o novo imunizante gerou uma resposta capaz de proteger esses animais contra diferentes subtipos do vírus influenza”, explicou o doutor Ian Wilson, coordenador de um dos grupos, em entrevista concedida à Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).

Além de apresentar vários subtipos (como o H1N1, responsável pela epidemia de gripe suína em 2009, ou o H5N1, da gripe aviária), o vírus da gripe é extremamente mutável. Daí a dificuldade em desenvolver uma vacina de longa duração que proteja contra qualquer tipo de gripe. Atualmente, as vacinas existentes são alteradas constantemente para atacar gripes sazonais. E foi a mudança dessa lógica que levou ao sucesso dos novos estudos em laboratório. Os cientistas passaram a atacar uma parte estável do vírus. “Nosso método foi desenvolver um imunizante que pudesse criar anticorpos capazes de neutralizar o influenza, induzindo a produção de anticorpos nas regiões de hemaglutinina”, detalhou Dr. Ian Wilson.

Comercialização

A nova metodologia ainda precisa ser comprovada nos tipos A e B do vírus influenza. Depois serão feitos testes clínicos para se verificar o quão bem elas funcionam em humanos. O que leva a crer que a produção em escala da vacina ainda deve levar alguns anos. “Nossa meta é disponibilizar essa vacina no mundo inteiro como uma vacina sazonal – mas tal vacina só virá no futuro”, ressaltou o Dr. Wilson. Até a comercialização da vacina universal é recomendável manter a vacinação contra a gripe no calendário anual. Há evidências de que quem recebe a vacina todos os anos desenvolve maior resistência à doença.